Exportações metropolitanas efectuadas para o estrangeiro, por países

1 - Quantidades e valores

(Ver tabela na imagem)

2- Percentagens

(Ver tabela na imagem)

Os elementos de que se dispõe revelam que em 1956 nove produtos - as cortiças, os resinosos, os madeiras, os minérios, os artigos de algodão, os bordados da Madeira e Açores, os vinhos, as conservas de peixe e as frutas - preencheram 79 por cento do valor total exportado, mau em valor, e ainda mau em quantidade, o que em 1950.

Também se mostra que alguns destes produtos, como os vinhos, os resinosos, os artigos de algodão e as conservas de peixe, têm perdido terreno em matéria de preços, numa grande dependência, embora menor para as conservas de peixe, das flutuações da procura externa.

Este panorama toma mais relevo se pensarmos, por um lado, no fraco grau de essencialidade da maior parte dos nossos produtos de exportação e na quase nula influência que têm nos mercados externos onde se apresentam, salvo quanto às cortiços e, menos, quanto às conservas, e, por outro, na importância vital das relações entre este reduzido grupo de produtos e as actividades económicas internas que a eles estão ligadas. Basta recordar que o vinho do Porto, as conservas de peixe e os bordados vivem praticamente da exportação e a cortiça, os resinosos e os artigos de algodão estão dela estreitamente dependentes.

Na restante parte a composição da nossa exportação enriqueceu-se de algum modo, se atentarmos em que os bens exportados, incorporaram mais trabalho e permitiram a distribuição de maior rendimento. Esta evolução é, porém, de muito pequeno significado e quase sem expressão estatística e de modo nenhum compensa aquela crescente concentração marcada pelos produtos enumerados.

Por outro lado, é muito forte também a concentração geográfica da exportação portuguesa, absorvendo a Inglaterra, a Alemanha, a França, os Estados Unidos da América, a Itália, a Bélgica e o Luxemburgo cerra de GO por cento do seu valor total.

Acresce a este quadro o que no relatório se diz, num desenvolvido e esclarecedor estudo (cuja leitura me despertou muito interesse por nele encontrar fundamentadas preocupações, que já tive ocasião lambem de reflectir), sobre a posição em que n economia portuguesa irá ser colocada perante a criação da zona de comércio livre em que trabalham os países participantes da O. E. C. M.

Salienta-se através desse estudo a grande dependência do nosso comércio externo em relação à economia europeia, onde se localizam predominantemente os nossos fornecedores e os nossos compradores - fora da Europa só os Estados Unidos da América têm marcada relevância - e evidenciam-se a situarão e os problemas com que vão deparar-se as actividades agrícolas e industriais portuguesas pela só formação dos grandes espaços económicos que resultarão do mercado comum e da zona, independentemente da posição que, em relação a este movimento, venha a ser tomada por Portugal.

Descansa-nos, porém, o conhecimento de que este tão grave problema, talvez o móis grave que desde há muito se põe à política económica portuguesa, está a ser atentamente estudado e acompanhado pelo Governo. E a este propósito não podem deixar de ter-se presentes as palavras, plenas de lucidez, também transcritas no relatório, com que o Sr. Presidente do Conselho esclareceu a nossa posição actual sobre esta matéria.

Vozes: - Muito bem!