Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É evidente que ao Estado cabe o direito e o dever de orientar, coordenar e até impulsionar superiormente as actividades nacionais, e o aspecto económico é hoje o fundamental na vida das nações.

Mas isso não contraria de forma alguma, não invalida os princípios que entre nós constituem doutrina e até matéria constitucional - os da salvaguarda da livre iniciativa privada.

Para nós constitui ponto assente que o Estado, ele próprio, contraria a ideia de um dirigismo absorvente. Mas é também evidente ser aos produtores (industriais e agrícolas) e aos comerciantes que cabe torná-lo efectivamente dispensável.

Pela sua acção directa, pela continuação num esforço, aliás nunca desmentido até hoje, e pela acção dos seus organismos profissionais.

Mais do que quaisquer outros no Mundo, os Portugueses podem evitar esse perigo. Temos uma doutrina, e basta que saibamos compreendê-la, aplicá-la e segui-la. Os comerciantes e industriais portugueses não podem demitir-se das suas funções em favor de quem quer que seja. Esta, Sr. Presidente, a pequena razão do meu corporativismo: um sentimento de defesa própria contra todos os extremismos.

Sr. Presidente: durante - a última campanha eleitoral, e sempre que tive de produzir - quaisquer declarações ou afirmações, usei os motivos que me parece corresponderem a necessidades políticas essenciais: integrarmos tão depressa quanto possível a estruturação do Estado Corporativo; completarmos a organização corporativa.

Vozes: - Muito bem!

às várias profissões e, em especial, às actividades económicas, tocando o aspecto social naquilo que a elas esteja ligado. Aqui já se trata de completar realmente uma orgânica, implicando - conforme os casos - a reforma ou institucionalização dos necessários organismos.

Se bem que igualmente não estranho a muitas outras, é nas actividades económicas que encontramos mais dominante o sentido do interesse individual, o amor ao lucro, ao ganho. Trata-se mesmo de uma característica intrínseca dessas actividades.

A ética, a doutrina cristã e a justiça social exigem que esse interesse se mantenha dentro dos limites justos e não seja egoísta, mas há sempre a contar com a tendência natural e humana para se procurarem réditos cada vez maiores.

Ora o que, regrado, constitui são estímulo, pode tornar-se em desvio e abuso. O capital procurando sempre o melhor rendimento; o trabalho tentando obter sempre o melhor salário; cada pessoa ou cada actividade procurando para si os maiores benefícios possíveis e não curando ou curando pouco dos outros, incluindo nestes o próprio interesse geral.

Vozes: - Muito bem!