Quanto à centralização intelectual, concentrou a cidade de Lisboa em 1957 para cima de 50 por cento dos alunos matriculados no ensino superior em todo o continente, cerca de 32 por cento dos alunos matriculados no ensino secundário, à volta de 44 por cento de todos os visitantes de museus, etc.

Tudo isto vem acentuando as concentrações, congestionando Lisboa, enquanto paralelamente e em contraste se agrava o letargo persistente das restantes parcelas do território. Lisboa desnata a província das suas elites, precisamente daquelas pessoas que seriam indispensáveis na província, para reanimar a vida e as economias regionais e locais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Não nos parece bom para o equilíbrio político do Pais que o desenvolvimento da sua riqueza esteja acantonado e concentrado.

As nossas zonas de maior concentração industrial mostraram isso com eloquência na última campanha eleitoral.

Sr. Presidente: o plano director, apoiando-se no conhecimento das diversas actividades que se desenvolvem e sejam de criação viável em Lisboa e em toda a região de que a cidade é centro, deverá ordenar o espaço, dentro dos moldes esquemáticos de um plano director, por forma a obter uma distribuição equilibrada entre as áreas destinadas a moradias, locais de trabalho, centros de educação e cultura, zonas comerciais, áreas próprias para a agricultura, parques e jardins públicos, instalações desportivas, instalações militares, exposições e feiras e redes de trânsito, de acordo com as necessidades reais, tudo isto feito com vistas largas e olhando ao futuro e articulado de modo que o ciclo diário de actividades do homem que as utiliza se possa desenvolver nelas com a máxima economia de tempo e movimento.

Mas é preciso que a elaboração e execução do plano director não vá prejudicar as comparticipações para as outras camarás do País.

Quanto a área abrangida pelo plano, os limites especificados na base i da proposta de lei carecem de ser ajustados a certas realidades. Por exemplo: a unidade económica do porto de Setúbal seria retalhada pelas actuais fronteiras do plano, que só abrangem a margem norte do Sado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Para que o plano não quebre a unidade económica constituída pelo porto de Setúbal há, pois, que prolongar a área daquele até a outra margem do Sado, de forma a englobar, pelo menos, a península de Tróia, constituída por bons terrenos para a instalação de indústrias e marginada por bons fundos, que tornara as suas águas das mais propícias, no estuário do Sado, à grande navegação. Para não quebrar essa unidade económica há que estender as fronteiras do plano ao concelho de Grândola.

O Sr. Brito e Cunha: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador:- Faz favor.

O Sr. Brito e Cunha: - V. Exa. é, portanto, de opinião que não se deve retirar, àquilo que está estabelecido na proposta de lei, o concelho de Setúbal, mas sim aumentá-lo â outra margem do Sado.

O Orador:- O raio de acção deste plano é da ordem dos 40 km, o que para um plano desta envergadura me não parece excessivo. Haveria outra modalidade, que seria constituir em Setúbal um novo pólo de atracção, separando-o de Lisboa, e ai centralizar outras activida-