nossa gente e a angústia dos «migrantes, quem se aperceber dos inconvenientes de toda a ordem desta situação humana e material e tiver uma visão clara sobre os motivos de intranquilidade política e social que projecta no futuro, creio, não terá dúvidas sobre a existência de um forte e vivo problema político a este respeito.

Parto, sem receio de errar, de que o arranjo económico, demográfico e social do nosso território constitui um problema político agudo, que tem de ser visto, com rapidez e decisão, sob este ângulo, sob esta preocupação.

Não basta já - e sente-se bem- continuar uma política utilíssima, embora em escala já insuficiente, de melhoramentos rurais, de auxílios sob diversas formas, mas sempre funcionando como paliativos.

É necessário, é urgente, tomar estas questões, tão vivas e actuais, tais quais se revelam à inteligência e à sensibilidade dos homens: como um problema político, a resolver por meios políticos, visando fins políticos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Chamei-lhe política do regionalismo, a por meio dela estou a vislumbrar uma economia mais humana, uma estrutura económico-social melhor adaptada às exigências do homem contemporâneo, uma administração menos tecnocrática, menos asfixiante a mais acercada das realidades, uma harmonia entre as regiões, uma maior autonomia e liberdade dos homens, vivendo e agindo num meio menos artificial e mais próprio ao desenvolvimento da sua personalidade, um maior equilíbrio entre a agricultura e a indústria, enfim, uma modificação, bem requerida, no sentido de, fugindo a demagogias dos regimes de massas, assegurar uma efectiva participação dos homens na coisa pública.

Aqui está um objectivo e também um meio que reputo eficiente, capaz de responder à ansiedade, de propiciar colaborações, de vencer - desânimos, de afogar dissídios, de apagar cansaços, de restabelecer confianças, aqui está um meio que, por si, tornaria muitos homens de subordinados a senhores do seu destino, uma tarefa que podia constituir uma verdadeira revolução, pois não lhe falta nem a magia do sentimento, nem a verdade da inteligência.

Por mim não tenho dúvidas de a proclamar como urgente necessidade a satisfazer, como política digna da obra que vem sendo realizada há três décadas.

Sr. Presidente: a proposta em apreciação inclui-se nitidamente entre as técnicas desta política. É, repito, o primeiro passo, é aquele passo que o Ministério das Obras Públicas pode, por sua própria mão, dar. Outras etapas tem este processo. Que eu saiba, seguir-se-lhe-á o plano regional do Porto, ainda do mesmo tipo e de não menor complexidade, e depois, espero, o da região transmontana, de estrutura e finalidade diversas.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

olução são desfeitas em termos simples pelo Prof. Fromont, nos termos seguintes: «A experiência mostra que, contrariamente ao que se tem podido crer, a presença de uma indústria, vizinha, longe de ser uma fonte de ruína para a agricultura da região, é uma fonte de riqueza. É no Norte, região de intensa actividade industrial, que a agricultura francesa obtém os seus mais altos rendimentos. É lá que as famílias camponesas têm mais filhos.

No Sudoeste, onde nenhuma indústria concorre com a agricultura, «a terra extingue-se», os rendimentos permanecem baixos, as terras pequenas despovoam-se e caem em ruína ... Uma indústria couduz-se sempre no meio como um fermento, age por contágio e acaba por impelir na sua marcha para diante todas as actividade que a rodeiam ...»

O Sr. Amaral Neto: - Estou inteiramente de acordo com a proposição de V. Ex.ª de que um núcleo industrial importante junto de um meio agrícola pode causar benefícios a este último.

Porém, o exemplo citado por V. Ex.ª dá a impressão de que para o autor cujas palavras V. Ex.ª reproduziu seria o facto fundamental da presença de uma forte unidade industrial no Norte da França que contribuiria para o progresso agrícola dessa mesma região, isto é, da Normandia, o que me parece não ser bem assim, pois é bem conhecida a vantagem agrológica e climática que as suas terras levam sobre as da outra zona citada em paralelo.

O Orador: - Com certeza. Simplesmente, a resposta de Fromont às críticas que, em dado momento, eram dirigidas à instalação de indústrias nos meios rurais veio esclarecer a questão, por via demonstrativa, pelo exemplo. De facto, se as condições naturais no Norte da França favoreciam o desenvolvimento agrícola, a forte industrialização, ainda quando o não estimulasse, pelo menos, não o prejudicou.

Entre nós tenho ouvido pôr a questão de saber se, por exemplo na região de Castelo Branco, a presença de um núcleo industrial não implicaria um prejuízo para a agricultura.

Penso que não, muito embora haja que ter em conta, em primeiro lugar, o facto de numa 1.ª fase se estabelecer concorrência de salários, com o consequente agravamento do custo de produção agrícola.