Enquanto se não chega àquela fase em que a mecanização da agricultura e a racionalização dos processos de exploração permitem a utilização de pessoal qualificado e melhor remunerado, assim acontece.

Há ainda o caso das indústrias complementares da agi I cultura, que, obviamente, são sempre favoráveis em todos os aspectos.

O problema é, portanto, este: os complexos industriais, ou simplesmente as grandes indústrias, podem, durante uma 1.ª fase, sujeitar a agricultura da região a forte concorrência e consequente prejuízo, mas logo em segunda se criam novos mercados, diferentes possibilidades, uma vida que, quando aproveitada pela racionalização da exploração agrícola, acaba por trazer as maiores vantagens ao desenvolvimento e revitalização rurais.

O Sr. Amaral Neto: - Muito obrigado a V. Ex.ª, mas o pé eu não queria era que, com a autoridade que V. Ex.ª tem em questões de economia, especialmente economia agrária, alguém supusesse que as diferenças de rendabilidade e de prosperidade dessas duas zonas agrícolas francesas proviriam tão-sòmente da vizinhança industrial.

O Orador: - Se quisermos resolver muitos dos nossos problemas, se pretendermos enfrentar, séria e decididamente, as questões que a proposta de lei visa, teremos de preparar um plano coerente e harmónico de desenvolvimento regional e executá-lo com coragem e decisão.

Praza a Deus que aos outros departamentos da administração pública as questões se revelem com a mesma clareza, por eles sejam vistas com o mesmo espírito e enfrentadas com igual senso das realidades.

Se assim acontecer, a iniciativa agora tomada não deixará de ser frutuosa, de satisfazer manifestas ansiedades, de resolver problemas urgentíssimos.

Já não é a primeira vez que o Ministério das Obras Públicas toma a iniciativa de se ocupar, pelos meios ao seu alcance, de problemas que outros sectores responsáveis haviam abandonado à sua sorte, e nem sempre o apoio que depois lhe foi dado mereceu o valor e oportunidade das medidas tomadas. Esperemos confiada mente que desta vez tal não aconteça. Têm a palavra os outros Ministérios interessados ...

Sr. Presidente: vou concluir louvando a proposta, felicitando o Sr. Ministro das Obras Públicas, apelando cada vez mais para os Ministérios cuja acção é indispensável para realização inteira da política que, neste Campo, se inicia.

Mas não me limitarei a esse louvor e a esse apelo. Quero terminar chamando a atenção do Governo e do País para a necessidade de formular uma verdadeira política de regionalismo, para uma política de humanização da economia, de justiça na repartição do rendimento entre os sectores da produção, os homens e as regiões, de dignificação do homem, de valorização rural, de desconcentração à escala humana, de revigoramento da vida local.

Creio na sua oportunidade, creio na sua justeza, creio na sua realidade, creio na sua eficiência, creio no seu resultado económico, social e político.

Sr. Presidente: creio na política do regionalismo. O País, estou certo, também acredita. Oxalá o Governo não deixe de acreditar.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. Amanhã haverá sessão, à hora regimental, com a mesma ordem do dia da sessão de hoje. Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Alberto Cruz.

Alberto da Rocha Cardoso de Matos.

Alfredo Rodrigues dos Santos Júnior.

Américo da Costa Ramalho.

Antão Santos da Cunha.

António Bartolomeu Gromicho.

António Maria Vasconcelos de Morais Sarmento.

Armando Cândido de Medeiros.

Artur Águedo de Oliveira.

Augusto Duarte Henriques Simões.

Belchior Cardoso da Costa.

Carlos Coelho.

Fernando António Munoz de Oliveira.

João da Assunção da Cunha Valença.

João de Brito e Cunha.

João Carlos de Sá Alves.

João Pedro Neves Clara.

Joaquim de Pinho Brandão.

José António Ferreira Barbosa.

José Monteiro da Rocha Peixoto.

José dos Santos Bessa.

Luís Tavares Neto Sequeira de Medeiros.

Manuel Cerqueira Gomes.

Manuel José Archer Homem de Melo.

Manuel Maria Sarmento Rodrigues.

Manuel de Sousa Rosal Júnior.

Purxotoma Bamanata Quenin.

Simeão Pinto de Mesquita Carvalho Magalhães.