taria de proclamar aqui, logo nessa hora, a minha concordância e o meu aplauso às considerações judiciosas e decisivas daquele Deputado e ao mesmo tempo dizer também sobre o assunto algumas palavras.

Não o pude fazer naquele dia. Fá-lo-ei hoje e muito a t (impo. Muito a tempo ainda, por nosso mal.

Poderão talvez parecer duras às vezes as palavras que vou proferir, mus estou certo de que todos os homens amantes da verdade e conscientes da gravidade da nossa hora hão-de reconhecer que são adequadas e justas, e mais, oportunas e necessárias.

Não ao vou mais uma vez repisar na apreciação dessa indecorosa farsa dó pedido de asilo político e que veio a liquidar, miseravelmente, como merecia, com retumbante malogro para os sinistros intuitos que a inspiraram, na ignomínia e no ridículo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Essa é uma questão morta e, definitivamente, relegada para o domínio da história.

Nem pretendo também ocupar-me propriamente da pessoa e das andanças do Sr. General Humberto Delgado, nesta hora tão por sua vontade - ou dos seus inspira dores- à solta e a passar a ingénita tagarelice em terra, brasileira, como antes tinha estado recolhido e entregue à sua inesperada vocação de romancista na clausura da Embaixada.

O Sr. Alberto Cruz: - Muito bem!

O Orador: - O que tenho em vista aqui é a análise objectiva e o comentário desassombrado do ambiente de desorientação e de mal-estar que u actividade política dos adversários do regime de há tempos tem fomentado e, a todo o custo, procura afanosamente manter. Actividade política, disse eu, mas muito mal, porque imo pode merecer o nome de política essa manobra insidiosa e maléfica que anda para aí alucinadamente a envenenar as almas, a semear a malevolência e o ódio, a incitar à rebelião e ao crime,- com o risco e, porventura, o propósito de desencadear a brutalidade e a chacina e lançar o País, em maré alta- de renovação e de engrandecimento, na subversão catastrófica.

Vezes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: a todos é bem patente que lê há tempos se vive entre nós em maré brava de efervescência e de agitação nos espíritos. Por toda a parte se ouve o rumor da crítica malévola e dissolvente. A cada canto se sente o esbravejar apaixonado dos ataques ao regime político - às suas instituições, aos seus homens, aos seus métodos, à sua obra, numa fúria desenfreada de perturbar e confundir, de demolir e subverter.

É um levante que não tem fundamento objectivo sério nem correspondência no domínio dos factos que inequivocamente exprimem nesta hora a verdade patente da vida da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Com a maior evidência: que está em flagrante contradição com as realidades mais claras o mais irrecusáveis da actualidade portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que melhoraram visivelmente as condições e o nível de vida da gente portuguesa ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... e vai pelo País inteiro, de lês a lês, um surto prodigioso e uma ânsia febril de progresso e renovação. Que este povo, há tanto tempo abúlico e sonâmbulo, desalentado, descrente de si próprio e do seu destino, acordou para a vida activa e para o trabalho fecundo, recuperou a confiança -nas suas possibilidades e na sua força criadora. Que esta Nação há tanto tempo desorbitada e errante por caminhos incertos, reencontrou a autenticidade do seu génio e a linha perdida da sua vocação e da sua missão histórica. Que, objecto da irrisão e do escárnio do mundo, se volveu, de repente, em exemplo e lição para o mundo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Exemplo e lição de ordem, de espírito de sacrifício, de capacidade de recuperação, de unidade nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que na mesma hora em que se desagregam e desabam catastroficamente os impérios dos mais fortes, se mantém, segura e inviolada, a integridade da terra portuguesa, dispersa em retalhos pelo mundo, e viva e vivedoura a comunhão das almas que a povoam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Que o país que há trinta e três anos tomámos nas. nossas mãos carinhosas, em ruínas, apoucado e envelhecido por atrasos seculares, se restaura, em ritmo prodigioso para as nossas possibilidades, em. todos os planos da vida nacional e, mormente, no domínio da saúde, da cultura, do apetrechamento e progresso material, do fomento da riqueza e da actividade económica.

O Sr. Alberto Cruz: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esse levante é uma criação artificial, fabricada, com sinistros desígnios de subversão, por ardilosas e subtis manobras psicológicas, é um produto de apurada técnica de agitação, malas-artes, em que são mestres consumados certos especialistas de certas engrenagens ocultas è subterrâneas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!