sabiamente conjugada da justiça e da força.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Havia, por certo, as eternas discordâncias que medram sempre onde existirem homens, tilo vários são eles no pensar e no sentir. Havia os inevitáveis descontentamentos e as inevitáveis críticas, porque toda a obra humana é maculada de imperfeições, toda susceptível de ser apreciada de muitos pontos de vista, toda exposta a ser julgada com olhos límpidos da verdade, olhos róseos do amor, olhos negros do ódio e da malevolência. Mas no fim de tudo, discordância, descontentamentos e críticas sem dimensões que afectassem o nosso convívio fraterno e a harmonia e tranquilidade da nossa vida social. Havia sossego nas almas, concórdia nas. relações humanas, ordem nas ruas. Era o clima normal em paz.

Estávamos na ordem e na paz. Mas, de um dia para o outro, mal se abriu o período eleitoral hora maldita de ódios e rancores, de agravos e divisões entre irmãos do mesmo sangue e da mesma terra-, logo se entrou, de repente, em clima revolto de efervescência e desvaire e se passou a andar, para aí, a desorientar e agitar, no desígnio sinistro de demolir e subverter.

Essa disputa eleitoral, no aspecto político, foi, por parte da oposição, um violento ataque ao regime, o que, aliás, estava já em discordância com a ordem constitucional e colocava os seus candidatos à margem da legalidade. Mas, mais e muito pior do que isso, o levante que desencadeou tomou abertamente uma feição iusurreccional,- e uma feição insurreccional que ultrapassou largamente as dimensões da. política para tomar aspectos francos de subversão social.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Já se anunciava a divisão das terras, a socialização das empresas, já a canalha desrespeitava a gente de bem no meio da rua e se percebia, no olhar de muitos, a besta acordada, à espreita da sua hora.

Não era apenas o ataque ao regime; mas, manifestamente, a ameaça à ordem social.

A seguir às eleições, aliás inequivocamente ganhas por nós, vieram as greves - as que se registaram e as que não chegaram a deflagrar-, sem objectivos de melhoria das condições para os trabalhadores e somente com o propósito de inquietar e criar dificuldades e mal-estar no País.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - E nunca mais acabou p afã maldito de fomentar o ódio, embravecer as paixões, gerar o desassossego, espalhar a confusão, incitar si desordem.

Para essas torvas manobras de agitação a tudo se tem recorrido, a todos os meios e métodos, mesmo os móis torpes e degradantes - a mentira, a insídia, o boato; a intrica, a deturpação, a grosseria soez, a negação sistemática, á irreverência boçal, o panfleto irresponsável, a acusação anónima, o ataque calunioso a homens e instituições.

Os seus fautores aqui ameaçam e atemorizam. Ali vestem-se de cordeiros e usam de falas mansas. Mais além aparecem lisonjeiros e sedutores. E até se insinuam uns organizações católicas, com ares de fingida piedade, para lá dentro manobrarem a seu jeito, tal como o Diabo se fez ermitão.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - A Nação não pode estar indefinidamente à mercê destas manobras de agitação e desnorteamento dos espíritos.

Vozes:.- Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - O País quer trabalhar, prosseguir tranquilamente no caminho da sua renovação e do seu progresso, sem a inquietação de contínuas ameaças a ensombrar-lhe o horizonte, sem o referver dos paixões, do ódio, das malquerenças, sem sentir à sua volta a sede de vindicta, a ruminar, a toda a hora, uma revisão catastrófica, quê iria desfechar em bacanal de terror, de brutalidade e de matança.

No meio de tudo isto, o que mais impressiona e escandaliza, e até aflige, é ver intelectuais a quem as responsabilidades da cultura e o respeito da dignidade e da missão da inteligência deviam manter numa atmosfera superior, descerem a emprestar o prestígio do seu nome,