liberdade religiosa que tornou humanamente possível, a hora grande que todos vivemos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente': - Srs. Deputados: a atenção com que ouviram as palavras do Sr. Deputado Paulo Rodrigues e as felicitações calorosas que no final do seu discurso lhe dirigiram são a demonstração inequívoca dos sentimentos com que a Assembleia unanimemente acompanhou os próprios sentimentos expressos pelo Sr. Deputado Paulo Rodrigues no seu discurso, que, dado o relevo excepcional do assunto, será o único do período de antes da ordem do dia.

Desejaria acrescentar uma palavra para também eu, como Vice-Presidente, em exercício, da Assembleia Nacional, dizer que efectivamente foi um espectáculo magnifico o acontecimento religioso dos passados sábado e domingo, magnifico para os nossos olhos enamorados de beleza, mas sobretudo magnifico para os nossos espíritos, nados e criados na seiva da vida cristã, que é também a da própria Nação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Foi, sem duvida, uma hora alta na história contemporânea da Igreja em Portugal e até, porque não dizê-lo, na história da Igreja em Portugal em todos os tempos. Alegremo-nos por ter sido uma hora tão alta.

Em nome da Assembleia Nacional, creio que devemos felicitarmo-nos por ter sido possível ao regime, e sobretudo ao homem que mais do que nenhum outro sabiamente o criou e firmemente o mantém.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente:-... ter feito nascer e perdurai-as estruturas políticas sem as quais tal hora esplendorosa seria humanamente impossível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Tudo no mundo moderno está à merco do sopro, benfazejo ou malfazejo, da política. Louvado Deus, de há três décadas para cá tem sido benfazejo o sopro da política portuguesa. Alegremo-nos e felicitemo-nos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Em atenção à magnitude do assunto, como disse, não haverá mais nenhum orador antes da ordem do dia.

Vai passar-se, portanto, à

O Sr. Presidente: - Estão em discussão na generalidade a proposta e os projectos de lei de alteração à Constituição Política.

Tem a palavra o Sr. Deputado Júlio Evangelista.

O Sr. Júlio Evangelista: - Sr. Presidente: vão para V. Ex.ª em primeiro lugar, as minhas respeitosas homenagens.

Au iniciar o debate sobre a revisão constitucional, meço bem o peso das responsabilidades desta hora e a transcendência do acto que encetamos. Ciente dessas responsabilidades e dessa transcendência, não posso alhear-me, nas considerações que vou tecer, da condição particular da minha idade.

São, pois, palavras de juventude as que trago a este debate: juventude que tem legítimos anseios e preocupações, que perscruta o futuro s deseja assegurá-lo,' que está disposta à dádiva e ao sacrifício pelo seu ideal, e que, para isso, estuda, crê e trabalho.

Não se esperem de mim simples considerações de ordem técnico-jurídica, e sim um testemunho de natureza política, perfeitamente legítimo, e até necessário, quando entra em debate o estatuto fundamental dá Nação Portuguesa.

Cada vez se torna mais imperiosa uma actuação integral, em que o passado e o futuro se dêem as mãos, em que a mesma seiva corra das raízes e desde a terra até às flores e ao espaço, em que a tradição e a fé se conjuguem com a experiência e as realidades, com o estudo e a inteligência. Sejamos realistas, sim, mas sem perdermos de vista o ideal. Nilo desprezemos toda a ideologia, pois é uma ideologia aquele sistema de ideias que permite melhor encarar as realidades e utilizá-las ao serviço do ideal que nos dignifica.

Pela maravilhosa lógica das raízes começo, por essa ligação com a nossa terra, a nossa família, a nossa gente, por essa atracção comunitária que torna fecunda e luminosa a vida humana.

Daqui surge a nossa doutrina política.

Só aceitando a disciplina do nacionalismo, submetidos ao conceito de autoridade e de hierarquia, à valorização da família, da pessoa na comunidade, da terra de nossos avós, só obedientes à lei do Deus que nos ensinaram u adorar e contra cuja Igreja não prevalecerão as portas do Inferno, só assim poderemos prossegu ir a autêntica e justa revolução.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Contra a lisonja dos instintos e das paixões individuais, contra o baralhamento das competências especializadas, contra o endeusamento aberrativo da opinião, contra um sentimentalismo dissolvente, deverá ser objectivo permanente da política conseguir que o homem se vença, e se transcenda, se construa como espírito, se integre numa comunidade onde encontra a sua natural realização, viva a mística colectiva que é unia comunicação de fé e de .fé coesiva. O homem tende para a satisfação imediata das suas necessidades e paru um movimento egoísta, centrípeto, a sístole da sua. actividade. Só por um esforço da vontade pode submeter-se à dilação, a uma estrutura ordenadora. A vontade não terá, porém, eficiência e continui-