da necessidade de amplamente se projectarem as suas instalações, destaco que, enquanto em 1911 a população escolar não atingia 220 alunos, em 1935 ultrapassava os 1000 e, mais recentemente, em 1958 já atingia os 6650.

O grande salão de recepção e festas do futuro edifício, com 48 m de comprimento, e a aula magna, com uma superfície de 1250 m2, dispondo de 1800 lugares, dão-nos uma ideia do que virá a ser essa magnifica construção, que se erguerá na Cidade Universitária ao lado dos belos edifícios das suas Faculdades: Medicina, Direito e Letras.

Sr. Presidente: impõe-se agora, para que toda a Universidade de Lisboa fique em condições de poder desempenhar a altíssima função que lhe compete, iniciar a construção do novo edifício da sua Faculdade de Ciências.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Como tantas vezes aqui foi dito, as suas instalações já há muito não permitem que o ensino laboratorial seja uma realidade viva. Dai resultam males incalculáveis, que se vão repercutir noutros sectores.

O papel que as Faculdades de Ciências têm hoje de desempenhar é bem diferente daquele que há meio século lhes competia. Hoje a sua principal missão consiste em preparar os matemáticos, físicos, químicos, geólogos e biólogos, que terão de desempenhar as suas profissões nos mais variados sectores das actividades económicas, de colaboração com engenheiros, agentes técnicos, etc. Sem aqueles não é possível conseguir um apreciável desenvolvimento económico e correspondente elevação do nível de vida da gente portuguesa.

Além deste principal papel, continuam as Faculdades do Ciências a preparar os professores de Ciências do ensino secundário.

Ora a exiguidade do actual edifício da Faculdade de Ciências de Lisboa, aliada ao seu precário estado de conservação, não lhe permite desempenhar as suas funções. Urge por isso que, sem mais delongas, se proceda a tudo o que for preciso para que a construção das suas novas instalações seja em breve uma realidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Que estas sejam dimensionadas largamente e com possibilidades de ampliações futuras são os mais ardentes votos de todos os que nelas trabalham. Se, porventura, por considerações de ordem económica, não for possível dar simultaneamente às novas instalações da Faculdade de Ciências a amplidão necessária e a grandiosidade das actuais Faculdades da Cidade Universitária e da sua futura Reitoria, sacrifique-se este último aspecto, pois, torno a repetir, o que pretendem em primeiro lugar aqueles que à Faculdade de Ciências se encontram ligados é que lhes dêem condições para poderem trabalhar eficientemente. Mas se além do essencial as novas instalações tiverem grandiosidade e simultaneamente trouxerem a professores, assistentes e alunos um mínimo de comodidades, que eles hoje não encontram no velho edifício da antiga Escola Politécnica, mais satisfeitos ficarão ainda.

Sr. Presidente: para terminar, só mais duas palavras.

Para que um serviço desempenhe a sua professores de Ciências do ensino secundário.

De um modo semelhante ao que se passa nas escolas de Engenharia, em que os seus licenciados são engenheiros civis, electrotécnicos, etc., a futura organização das Faculdades de Ciências deverá permitir atribuir aos seus licenciados os títulos profissionais de físicos, químicos, etc.

Para se ajuizar da necessidade premente da reforma das Faculdades de Ciências, só aponto, de entre muitos factos, que ainda se encontram reunidas numa única licenciatura as ciências físicas e químicas. Parece-me que, entre os países com os quais nos poderemos comparar, somos hoje os únicos em que essa estranha associação se observa ainda.

Felizmente, a recente nomeação de uma comissão destinada a apresentar um projecto de reforma das Faculdades de Ciências, constituída pelos mais altos valores do nosso meio científico, garante-nos que, em breve prazo, tudo se vai conjugar para que as nossas Faculdades de Ciências possam preparar em qualidade e número aqueles técnicos científicos de que tanto necessitamos e simultaneamente melhorar o nível de ensino dos futuros professores do ensino secundário.

Sr. Presidente: termino agradecendo ao Governo o início da construção do magnifico edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa.

Faço ardentes votos para que muito brevemente possa também agradecer a construção das novas instalações da Faculdade de Ciências de Lisboa e a promulgação da desejada reforma das Faculdades de Ciências.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: pedi a palavra para mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento

«Com o fim de me esclarecer, por forma a poder aquilatar da justeza de certas críticas que tenho ouvido fazer ao regime de panificação vigente entre nós, requeiro que, pelo Ministério da Economia, me sejam fornecidos, com a possível brevidade, os relatórios elaborados nos últimos cinco anos pela direcção do Instituto Nacional do Pão, referindo não só a estrutura interna deste organismo de coordenação económica, como ainda a sua actuação, e bem assim quaisquer outros elementos indispensáveis ao exacto conhecimento do mencionado regime de panificação».

O Sr. André Navarro: - Sr. Presidente: está ainda bem presente na nossa retina a admirável manifestação da tarde de 28 de Abril, manifestação de fé nos destinos de Portugal, e será também difícil esquecer, nessa memorável jornada patriótica, a fisionomia de plena confiança no futuro dessa multidão infinda - fisionomia do mais puro e devotado agradecimento ao grande construtor do Portugal contemporâneo.