vendidas em quatro meses, para serem satisfeitos os desejos da lavoura, e praticamente adquiridas ao mesmo preço nesse lapso de tempo, que depende mais do seu valor intrínseco do que do resultante da sua procura pela indústria;

9.º A lã nacional é praticamente absorvida, na sua totalidade, pela indústria nacional, visto que a sua exportação é onerada por encargos fiscais, aduaneiros e outros e depende da relatividade do seu preço cora o das lãs estrangeiras;

10.º Como o próprio Ex.º Sr. Deputado reconhece, aos compradores costumam rondar solícitos a porta dos lavradores». Logo, se o não têm feito este ano, algumas razões existem, e são aquelas a que acima me refiro.

11.º É preciso não esquecer que é o comércio de lãs o grande auxiliar da lavoura.

Com efeito, se a produção lanar já foi avaliada em 246 000 contos, segundo diz S. Ex.º, e a warrantagem sobre as lãs prestada, pela Junta Nacional dos Produtos Pecuários anda à volta de uma dúzia de milhares de cont os, são os comerciantes que suprem a diferença.

12.º Não pode o comércio de lãs adquirir uma matéria-prima a preços superiores à estrangeira e impor o seu consumo à indústria nem se pode impedir esta de fazer a aquisição da matéria-prima de que necessitar aos melhores preços.

13.º Que a lavoura procure o financiamento que diz necessitar achamos justo, mas ele será dispensável se os preços pretendidos forem os reais, e não artificiais, pois o comércio adquire normalmente as lãs antes e durante os leilões.

14.º Não deve ser esquecido que a economia europeia tende para uma grande modificação e que as indústrias nacionais só poderão concorrer obtendo matérias-primas u preços idênticos aos pagos pelos outros países u que há mais interesse em explorar produtos acabados do que matérias-primas.

15.º As importações a que se refere S. Ex.ª resultaram certamente das necessidades crescentes da indústria e principalmente do facto de as lãs estrangeiras serem nessa ocasião mais baratas do que as nacionais.

16.º O comércio tem a consciência de ter cumprido o seu dever no âmbito dos interesses da economia nacional, mas não pode por si só resolver problemas partindo de enunciados errados.

Apresentando a V. Ex. os meus cumprimentos, subscrevo-me a bem da Nação.

Lisboa, 23 de Maio de 1959. - Grémio Nacional dos Comerciantes de Lãs, o Presidente da Comissão Directiva, Carlos Farinha.