O Orador: - ... se manifestam, demonstrativas da razão que assiste a muitos que sofrem uma vida de dificuldades insanáveis perante a sua carestia, igual para velhos e para novos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Confio inteiramente na acção governativa, que ao caso liga a importância que merece, aguardando momento oportuno para satisfazer queixumes dos seus antigos servidores.

Não tenho dúvidas de que o Sr. Ministro das Finanças, estadista como espírito dotado de extraordinárias qualidades e virtudes, que tem enfrentado corajosamente e vitoriosamente situações de extraordinário melindre, se empenhará na meritória tarefa de satisfazer reclamações tão eloquentemente justificadas.

É preciso fazer sacrifícios para se atingir semelhante desiderato?

Pois que esse sacrifício se realize, através de providências legais, são os meus votos, sacrifícios de que resulte a melhoria na vida de quantos aguardam solução satisfatória e justa para os seus problemas.

E acima de tudo é preciso atender à máxima afirmativa de salus populi suprema lex - bem aplicada ao problema que acabo de debater.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cardoso de Matos: - Sr. Presidente: ausente em Angola quando o Sr. Presidente do Conselho proferiu o seu notável discurso de análise ao momento político português e em que expôs alguns problemas de governo, só agora posso referir tão brilhantes palavras - mais uma lição do Chefe do Governo de tão elevado conteúdo patriótico e tão esclarecida apreciação e exposição da actualidade da vida portuguesa.

A demora desta minha referência não me preocupa quanto à sua oportunidade, porque oportunas são sempre as palavras de agradecimento e de admiração que aqui desejo fiquem consignadas ao insigne intérprete das maiores virtudes da nossa grei, a quem a Nação deve o ressurgimento que se vem operando há trinta anos e que tem imposto o nosso Portugal à admiração de todo o Mundo.

Sr. Presidenta: sou um português de Angola, com toda a sua vida ligada àquela província, e tudo o que se lhe refere tem o dom de ocupar toda a minha atenção, toca-me profundamente a impede-me de re frear os entusiasmos herdados de meus maiores, inteiramente dedicados à terra que ajudaram a criar e hoje chamo minha.

Assim é que senti com natural satisfação as palavras do Chefe do Governo, na sua análise à situação de Angola perante os factos ocorridos em territórios vizinhas, quando se ocupou das nossas províncias ultramarinas de África; e destaco aquela, sem esquecer as outras, onde os problemas são idênticos. E digo satisfação porque é altamente consolador verificar que a vizinhança de ocorrências tão perturbadoras não quebrou de qualquer forma sensível a calma e o sossego com que os portugueses do ultramar continuam a obra que lhes foi legada e de que tanto se orgulham, ordeiramente trabalhando pelo progresso do mundo português, ajudados pelo sangue novo que a Mãe-Pátria lhes envia e cada vez mais necessário é à consecução de tão grandiosa missão como o é o prosseguimento da nossa presença em África.

É uma, herança de que nos orgulhamos e saberemos conserva vigilantes, estaremos sempre u altura de inutilizar tais propósitos e anular qualquer perturbação que de contrário poderiam causar.

Estabelecido o Comando Naval de Angola, vai brevemente ser instalada a Força Aérea, decisão que mereceu encomiásticos elogios de todos os angolanos e metropolitanos, tendo sido entusiasticamente recebida em Angola a sua missão.

Estas forças têm um alto significado, sobretudo pelo que representam para a defesa da soberania das nossas extensas fronteiras, pelo que a sua instalação representa mais uma inteligente medida política, que só enaltece quem a pratica.

É-me grato registar que todo o Mundo admira a situação de calma que goza o nosso ultramar, tanto mais que os modernos e encapotados «colonialistas», sob diversos disfarces, não se cansam de atoardas quanto à acção dos dirigentes na África europeia.

Talvez por coincidência, registou Angola recentemente a visita do Sr. Embaixador dos Estados Unidos da América, a que se seguiu a dó Sr. Embaixador da Franca. Ainda bem que estes dois ilustres representantes de duas grandes nações puderam verificar o que se passa no nosso ultramar e certamente transmitirão aos respectivos Governos. Para já registamos parte das declarações feitas à imprensa em Luanda pelo primeiro destes embaixadores, que, em síntese, afirmou que o seu país considera que os problemas dos territórios africanos pertencentes a países europeus devem ser resolvidos por estes em exclusivo, embora considere igualmente que, interessando a África ao mundo livre, os Estados Unidos da América acham natural interessarem-se pelos seus problemas.

Também nós achamos natural que os países se interessem pela África, desde que procurem compreender os seus problemas tal como eles existem, e não pretendam, ignorando os reais, criar outros e de outra ordem, inexistentes até aqui. Fazemos votos para que as palavras do Sr. Embaixador encontrem eco no seu país e que não venham a verificar-se acções, embora de carácter particular, que contrariem tais propósitos e afirmações. E oxalá também que estas afirmações encontrem, no mundo livre a divulgação a que têm jus.

Transcritas na nossa imprensa de hoje, é-me ainda grato salientar as declarações ontem feitas em Luanda pelo Sr. Embaixador da França, em que manifestou a sua admiração pelo progresso e desenvolvimento de Angola.

Frisou as largas perspectivas que se abrem à economia angolana, o esforço enorme das nossas gentes, e entre outras realizações citou a admiração que lhe causara o