Vê-se no quadro anterior que a recessão foi principalmente localizada no sector dos Léus duradouros, porquanto as despesas totais de consumo têm resistido favoravelmente à recessão. Este facto foi devido, não só ao comportamento satisfatório do rendimento pessoal -derivado das altas de salários, apesar do clima de crise- como também aos subsídios de carácter social.

O ritmo de desinvestimento em stocks ao longo desta primeira fase da recessão, foi extraordinariamente acelerado. Do nível máximo de 91 300 milhões de dólares em Setembro de 1957, os stocks contraíram-se para 87700 milhões de dólares em Abril de 1908. Durante as duas flutuações conjunturais precedentes a liquidação das existências tinha sido consideravelmente mais atenuada.

Ë natural que a liquidação dos stocks não tenha sido ainda inteiramente realizada, embora se possa pensar que este desinvestimento não continua a processar-se ao ritmo anteriormente verificado. As r ecuperações observadas a partir de Maio permitem supor que, pelo menos em certos ramos, este processo terminou. Enquanto que nos primeiros meses de 1953 a quase totalidade dos índices de actividade económica estava orientada no sentido da baixa, tem-se notado ultimamente uma inversão em certo número dos mais importantes indicadores económicos, tais como: produção de aço, stocks de automóveis, construção, índice da produção industrial, desemprego, prolongamento da semana de trabalho, etc. A conjugarão dos recentes movimentos destes dados parece demonstrar que a primeira fase da recessão está ultrapassada. Uma segunda fase parece agora surgir, caracterizada- pela co-existência de factores contrários: uns desfavoráveis (contracção de investimentos), outros favoráveis (fim da liquidação de stocks, aumento das despesas militares e incremento da procura global).

Enquanto que a primeira fase deu lugar a uma queda rápida de produção, de lucros e de rendimentos, a segunda poderá saldar-se por uma lenta recuperação da actividade económica, se os factores favoráveis forem suficientemente activos para compensar os elementos negativos que afectam ainda a situarão presente. Uma terceira fase, aquela a que se poderá chamar de verdadeira expansão, só começará quando os empresários considerarem os progressos da procura suficientes para justificar uma política activa de investimentos.

Neste momento torna-se ainda difícil prever quando começará esta fase de verdadeira expansão, mas espera-se que ela venha n verificar-se em 1959, caracterizada por um ritmo acelerado da actividade económica. O presente ano parece ter começado favoravelmente para a actividade económica na Europa Oriental e na União Soviética. Segundo dados de que se dispõe sobre os resultados obtidos durante o 1.º trimestre, verifica-se que a produção industrial na União Soviética, na Bulgária, na Checoslováquia, na Alemanha Oriental e na Polónia tem registado uma taxa de expansão que ultrapassou as taxas atingidas no ano anterior.

Na Hungria as boas colheitas provenientes do ano anterior, o aprovisionamento satisfatório em combustíveis e energia e ainda o volume Considerável de importação de matérias-primas tornaram possível um aumento regular da produção, excepto nas indústrias de transformação de metais, onde as alterações levadas a cabo nos planos para a modificação da estrutura da produção têm suscitado dificuldades momentâneas.

Nu União Soviética a produção de bens de consumo continua a aumentar menos rapidamente que a produção industrial, considerada no seu conjunto. Em c ompensação, na Polónia as indústrias alimentares e o conjunto das indústrias ligeiras tom acusado uma sensível expansão (a produção, mais acentuada do que a verificada noutros sectores.

Com excepção da Bulgária, o desenvolvimento actual da produção industrial é mais devido a um acréscimo da produtividade do que a um aumento do volume de emprego. As modificações recentemente levadas a cabo nos métodos de organização e de gestão económica na Europa Oriental e na União Soviética tiveram principalmente por objectivo a melhoria do rendimento industrial em todas as suas formas - incluindo a produtividade da mão-de-obra.

Sob o ponto de vista agrícola, é demasiado cedo para ajuizar sobre o que será o ano de 1958. As condições atmosféricas têm sido, de um modo geral, bastante desfavoráveis para as sementeiras da Primavera, que, segundo se pensa, foram por este facto retardadas. No entanto, estas dificuldades e os prejuízos delas resultantes não são suficientemente graves p ara afectarem, por si «ó, a possibilidade de obtenção de uma produção favorável. Segundo as previsões, os rendimentos nominais e os rendimentos reais dos consumidores devem, no seu conjunto, conhecer uma relativa estabilidade em 1958.

Os planos adoptados na Hungria, na Polónia e na Alemanha Oriental implicarão, provavelmente, uma estabilização dos salários aos níveis verificados no fim de 1957. Contudo, na Polónia foi prometida uma certa melhoria a algumas categorias de trabalhadores que não beneficiaram das elevações de salários acordadas em 1950 e 1957, e cujos rendimentos reais sofreram uma diminuição em consequência da alta de preços verificada no ano precedente.

Em virtude da evolução, geralmente favorável, da produção dos produtos aumentares e de outros bens de consumo, as vendas a retalho têm mantido uma taxa de acréscimo superior à verificada no ano anterior. Em relação à Polónia e à Hungria, onde a procura dos bens de consumo foi mais acentuada em 1957 - conforme se referiu no relatório da Conta Geral do Estado daquele ano -, a estabilidade parece ter sido de novo alcançada e os dois países continuaram durante o 1.º trimestre de 1908 a constituir stocks importantes de mercadorias destinadas ao comércio de retalho.