Vejamos agora, especificadamente, quais as principais mercadorias importadas, comparando no quadro seguinte os respectivos valores em coutos, obtidos em cada um dos anos do quadriénio de l954-1957:

Conforme se constata, desde 1954 e até 1956 houve uma considerável retracção na importação de óleos combustíveis para u navegação, retracção essa que desapareceu em 1957.

Além destes combustíveis e do carvão de pedra, merecem também referência na importarão os tecidos e as substâncias alimentícias. Mas da análise do quadro anterior se vê ainda quão confrangedoramente pequenos são estes números, que traduzem afinal a importação de consumo da província.

E o mesmo se pode também dizer da sua produção exportada, conforme os quadros que seguem: o primeiro segundo as classes da pauta aduaneira e o segundo especificando as variadas mercadorias constituintes principais dessas classes, para Cabo Verde:

Como se vê, aqui, isto é, na exportação, além dos combustíveis, nenhum produto, pelei seu valor, justifica uma referência especial. Todavia, podemos concluir da análise destes quadros que em l957 Cabo Verde exportou das principais mercadorias menos 2251 contos do que no ano anterior. Esta baixa foi provocada principalmente pela diminuição da quantidade de café vendido, pois, enquanto em l956 o seu total foi de 229 t, em l957, foi apenas de 106 t, o que, como se pode apreciar no quadro anterior, implicou uma diminuição de 3340 contos, ou seja de 49 por cento do valor atingido em 1956.

Das outras mercadorias, há que destacar a banana, que de ano para ano aumenta a sua exportação, o cloreto de sódio, com mais 403 contos que no ano anterior, e as oleaginosas, com o aumento de 243 contos.

De notar também é a quebra de 113 contos sofrida pela exportação de conserva de peixe.

Assim, pode concluir-se que não foi satisfatório o ano agrícola de 1957 em Cabo Verde. No grupo de Barlavento, ao que sabemos, a produção não desanimou os agricultores, mas no de Sotavento a* chuvas foram irregulares, não aproveitando a produção agrícola as grandes precipitações de Outubro.

Os principais géneros de exportação são o café, a purgueira e o rícino.

A produção de café concentra-se nas ilhas do Fogo, Santiago e Brava, ainda que tudo leve a crer que se poderá estender também, e com vantagem, a outras ilhas de arquipélago.

Na ilha de Santo Antão, onde foi outrora cultura primordial, pouco conta hoje, por força do esgotamento dos seus terrenos e das doenças da planta, nomeadamente a ferrugem.

As tentativas esboçadas para refazer as plantações não lograram, ao que parece, êxito, pelo menos até à data.

Por sua vez, a cultura da purgueira concentra-se nas ilhas de Sotavento; nas de Barlavento, apenas a ilha da Boa Vista produz alguma exportável, na sua maioria em terrenos do Governo, onde todos a podem apanhar.

Quanto ao rícino, só é cultivado também nas ilhas de Sotavento. Uma tentativa, em grande escala, levada a efeito em Santo Antão pela Companhia do Planalto do Norte, L.da, falhou.

Vejamos, por último, a exportação da banana. Como já se viu, ela vai aumentando de ano para ano e este incremento está sendo derivado de causas que interessa referir, por envolverem outros produtos ainda não cultivados na província, mas susceptíveis de o serem em larga escala, vindo assim a contribuir de maneira apreciável para n equilíbrio da balança comercial da província.

Em 1956, isto é, portanto, no ano anterior àquele a que nos estamos referindo, duas empresas da ilha da Madeira, foram à ilha de Santo Antão comprar bananas, tendo então os seus técnicos assegurado que a ilha dispõe de enormes possibilidades para fruticultura, pela aptidão do seu solo e do clima do arquipélago, o que levou à sugestão da criação de um organismo local de crédito agrícola a largo prazo, com recursos fornecidos pelo Estado, e à construção de um frigorífico, a tini de desenvolver não só a cultura da banana como também a de outros frutos tropicais de fácil colocação nos mercados metropolitanos e europeus, tais como abacates, anonas, ananases e citrinas.

Finalmente, e por acharmos que, para melhor compreensão daquilo que os números - expostos anteriormente nos diversos quadros - nos dizem, é necessário conhecerem-se as condições em que eles foram obtidos, vamos expor, em breve resumo, o que se passa na pro-