Todavia, o comércio continua a braços com as pesadas consequências dos seus males tradicionais: exagerado crédito ao consumidor e práticas de exagerada concorrência.

Ë, de facto, um lugar-comum atribuir a uma e outra destas causas as dificuldades comerciais de Moçambique, que tão claramente se observam nas duas grandes cidades da província: Lourenço Marques e Beira.

Também os males de Moçambique se atribuem por vezes ao apego com que os colonos e assimilados defendem um padrão de vida a que se acostumaram noutra época - que se assemelha ao que predomina nos territórios estrangeiros vizinhos - e ao qual não querem renunciar, mau grado o actual rendimento de Moçambique não justificar um tão elevado nível de vida.

Há indiscutivelmente algo de verdadeiro nesta dupla apreciação crítica à vida económica e social da província. Talvez esta lucrasse com uma reforma de hábitos comerciais: está fora de questão, porém, não a necessidade de manter o actual nível de vida das p opulações moçambicanas, mas de o melhorar.

Posto isto, apresentamos a seguir um quadro que nos mostra a posição da balança comercial no quadriénio 1054-1907. Relativamente a 1957 apresenta ela. um déficit de l 124 197 contos, o que quer dizer que o valor das exportações cobriu apenas 02,1 por cento do valor das importações.

Há, porem, que dar a este déficit, o seu verdadeiro significado: o de uma elevada porcentagem do seu montante resultar de aquisições para apetrechamento da província. Segue-se o quadro:

A posição da balança comercial apresenta, pois, um mal que deverá ser debelado, principalmente pelo aumento de produção, não só para consumo interno como também para os mercados externos - e para tanto não faltam à província magníficas condições. Em relação ao ano anterior o déficit da balança comercial diminuiu, como se vê, de 96 725 contos.

12 interessante o quadro que segue, que nos elucida sobre o valor das mercadorias importadas e exportadas e a participação que nesse valor tiveram a metrópole, as outras províncias ultramarinas e o estrangeiro:

o estoutro, que nos mostra a distribuição que houve dos saldos pelos diversos territórios compradores dando-nos assim a posição da balança de pagamentos nos últimos quatro anos:

A percentagem diz aqui respeito às exportações sobre as importações. Existe, pois um déficit, mas a balança de pagamentos não apresenta preocupações imediatas, tanto mais que. como se disse anteriormente, há que dar a este deficit o seu verdadeiro significado: as obras do Plano de Fomento vieram elevar enormemente o montante das importações e, consequentemente, o respectivo saldo negativo e percentagem resultante. Mas há notar que essas mesmas obras do Plano de Fomento, tais como aumentos de quilometragem das vias férreas e linhas de camionagem, melhoramento de técnicas de produção em resultado da assistência técnica prestada, e te., que ora desequilibram tanto a balança de pagamentos como a balança comercial, contribuirão, num futuro mais ou menos próximo, para o melhoramento daí posições dessa? mesmas balanças pelo incremento substancial da produção de consumo e de exportação e simultâneo decrescimento da importação.

Acresce ainda que o desnível dei balança comercia l - que, como se vê, decresceu em 1957, embora ainda atingindo mais de l 100 O0O contos, acrescido dos capitais que a diversos títulos saem da província durante o ano - é compensado na balança de pagamentos pelas receitas de emigração e dos transportes, pelo turismo e pêlos' novos capitais que procuram fixar-se em Moçambique.

O saldo de cambiais arrecadados no Fundo Cambial não cessa de crescer, demonstrando, deste modo, a acumulação de saldos positivos na balança de pagamentos da província.

328. Os dois quadros que seguem permitem uma análise, segundo as classes da pauta aduaneira, do movimento das importações e exportações da província, permitindo apreciar melhor as tendências do comércio externo.