cujas indústrias, servidas por mão-de-obra barata, concorrem vitoriosamente com os mercados nacionais. Além disso, o preço dos fretes, calculado em função das distâncias, é muito mais baixo partindo as mercadorias de qualquer dos pontos indicados, quer da Europa ou mesmo da África e índia portuguesas. Quanto à exportação, eis um quadro elucidativo da sua variação durante os últimos quatro ano

e outro ainda mostrando o destino dos produtos exportados pela província:

Conforme se constata no primeiro destes dois quadros, a exportação ultrapassou em 1957 os números de 1956. Apenas a cera baixou o quantitativo da sua exportação, enquanto a exportação de peles e ai-manas foi praticamente nula.

O estrangeiro continua, como no segundo quadro se vê, a ser o melhor cliente da província, embora em 1957 a sua percentagem nas exportações tenha diminuído ligeiramente em relação à de 1956, em benefício da metrópole e das outras províncias ultramarinas. Vejamos agora a posição da balança de pagamentos.

Para isso elaborámos o quadro seguinte, demonstrativo da oscilação da mesma nos últimos quatro anos.

Como se vê, a balança de pagamentos apresenta em 1957 um saldo positivo de $ 309.799,51. Conhecido este saldo e sabendo-se que em Timor não há praticamente operações de «invisíveis», tal valor positivo fará, sem dúvida, espécie ao compararem-se os elementos estatísticos respeitantes à importação e à exportação do mesmo ano.

Na realidade, como já se viu, a exportação não acompanhou o rumo da importação na sua curva ascendente em relação ao ano anterior, pois que, embora não retrogradasse na mesma relação, acentuou-se, contudo, o desnível da balança comercial. Ora, ao examinarmos a composição das importações, vimos que os grupos de mercadorias responsáveis por esse desnível eram principalmente os constituídos por matérias-primas, máquinas e utensílios. Assim, no cálculo da balança de pagamentos pesaram não só justamente as entregas do Estado, mercê dos investimentos que fez em maquinarias e obras públicas, mas também a cedência de cerca de 200 000 patacas pelo Banco Nacional Ultramarino e o facto interessante de o comércio ter recebido do exterior mercadorias no valor de 9 milhões de patacas e ter pedido à província apenas 7 milhões para efectuar esse pagamento, pagando, portanto, os restantes 3 milhões com cambiais próprios depositados no exterior.

Tal facto, aliás, não é de estranhar, uma vez que o comércio importador só é obrigado a entregar ao Fundo Cambial 80 por cento do preço dos produtos que vende ao estrangeiro, pelo que pode aforar e gastar para si 20 por cento dos valores cambiais das exportações que lhe ficam livres.

Posto isto, à semelhança do que fizemos para as outras províncias ultramarinas o obedecendo ao critério, já enunciado, de que os números, só por si, pouco dizem, vamos fazer uma breve resenha da agricultura e indústria de Timor, analisando-as sob o ponto de vista objectivo.

Para começar, diremos que Timor se encontra numa fase de desenvolvimento económico assente num mais intenso aproveitamento dos seus recursos agrícolas.

A longa distância a que se encontra da metrópole e a sua relativa pequenez física e demográfica têm contribuído para que o seu progresso seja lento. Mas as prospecções de petróleo, recentemente iniciadas e que só afiguram dever ser coroadas de êxito, representam uma esperança de que a situação ora existente se modificará nos anos vindouros.

A agricultura timorense orienta-se para uma cultura paralela de géneros básicos de alimentação dos povos nativos e produtos para a exportação: é a situação clássica de todos os países novos, com o restrito mercado interno, quer no que respeita a sua capacidade, quer no que se refere à sua diversidade.

O milho e o arroz são os géneros básicos da alimentação timorense, a que sucedem, num plano m ais modesto, o feijão, a mandioca e as batatas. Os principais géneros de exportação, como se viu no primeiro dos três últimos quadros, são o café, a copra e a borracha.

O milho e o arroz deixaram de se importar, o que dá liem uma ideia da extensão e importância da sua cultura, já que por falta de dados estatísticos não podemos apresentar números que a eles se refiram, o mesmo sucedendo quanto ao feijão, à batata, à mandioca, juntamente com outros de menor importância, que tornam a província auto-suficiente no respeitante ao seu consumo. Obvio é dizer que esta auto-suficiência não exclui a hipótese de nos anos maus se importar este ou aquele género cuja carência seja mais acentuada, da mesma forma que não exclui a possibilidade de exportar os que excedem as necessidades do consumo, como algumas vezes parece ter sucedido.

Todos estes géneros, chamados pobres, são produzidos pêlos nativos em trabalho manual. Apenas na debulha do arroz começaram, em 1955, a empregar máquinas,