adquiridas pelo Governo e distribuídas por alguns dos maiores centros produtores. O resultado obtido foi bastante satisfatório, pelo que o Governo continua esforçando-se por generalizar, tanto quanto possível, o uso de debulhadoras, poupando aos nativos inúmeros dias de penoso trabalho que poderão dedicar a outras fainas.

Dos três apontados géneros agrícolas de exportação, é, sem dúvida, o café o de maior relevo na vida económica de Timor. Das variedades de café cultivadas na província, só a Arábica e a Robusta têm importância, pois o café Libéria, introduzido na província pelas missões religiosas, tem, pelo menos por enquanto, uma produção muito diminuta: depois da guerra a maior exportação mal atingiu

A ocupação japonesa deixou as plantações de café em estado lastimoso: só as plantas que se encontravam no período de máximo vigor e que possuíam muito boas condições de robustez tinham podido resistir ao abandono a que haviam sido votadas durante quatro longos anos. Por isso a produção se ressentiu em quantitativo superior a 1000 t. E desde aí a exportação de café tem vindo oscilando sempre de ano para ano, ora subindo, ora descendo. As causas fundamentais desta oscilação de produção podem apontar-se como sendo, no dizer dos técnicos, as seguintes:

1.º Os violentos ataques da hemileia - doença endémica na província, que se acentua nos anos em que as condições climatéricas são favoráveis ao seu desenvolvimento, como parece ter sucedido, por exemplo, em 1953. As plantas atacadas enfraqueceram a tal ponto que as produções de 1954 e 1955 mal ultrapassaram metade das do último ano de boa produção. Verifica-se, todavia, que os cafèzeiros já estão refeitos e com aspecto tão bom que é de prever poderem já nos próximos anos voltar a produzir normalmente.

2.º A deficiente arborização nos cafezais pertença dos nativos e o desleixo no tratamento das plantas.

Há ainda a considerar, como causa fortuita, as irregularidades climatéricas.

Contra estas causas estão-se tomando na província medidas que, estamos certos, darão os resultados desejados.

A borracha, introduzida na província pela Sociedade Agrícola Pátria e Trabalho, Lda, é presentemente o segundo produto básico das exportações timorenses. Todavia, não está ainda em produção uma décima parte das plantações existentes. Os nativos, salvo raras excepções, não têm até agora mostrado qualquer interesse por esta cultura, que pode, num futuro próximo, ter na vida económica de Timor um relevo igual ao do café.

A produção de copra tem-se mantido, desde 1951, mais ou menos em redor de 1500 t. Mas como são muitos os terrenos adequados a esta cultura em Timor e o Governo impulsionou a sua expansão, é de esperar que, num futuro próximo, as exportações venham a elevar-se consideravelmente.

A existência pecuária de Timor ultrapassa meio milhão de cabeças. Bois, búfalos , cavalos e porcos são as espécies de maior relevo. A exportação de peles de búfalo chegou a alcançar as 150 t, mas hoje está reduzida a pouco menos de nada, devido às imposições sanitárias. A indústria de Timor mal ensaia os seus primeiros passos. O mercado interno muito restrito, ausência de capitais e de técnica limitam os seus horizontes a bem pouco.

Em Baucau e Díli existem duas pequenas instalações para extracção de óleo de copra. Pequenas fabriquetas de sabões satisfazem o mercado interno com um produto que, quanto a uma delas, tem boa apresentação e qualidade. Fabricam-se também refrigerantes em duas modestas unidades e manteiga e queijo de boa qualidade, mas em volume que não chega, para satisfazer as necessidades de consumo. A pesca, que poderia ser uma actividade prometedora, é uma indústria de restrito desenvolvimento: poucos são os indígenas que se dedicam a ela.

E nisto se resume a indústria de Timor.

Considerações especiais Pela verificação dos elementos que instruem as contas verificou-se que houve alguns casos de desrespeito às disposições legais, que é necessário salientar. Foi sobretudo na província de Angola que a gestão de certas dotações orçamentais decorreu com maior anormalidade.

Com efeito, verifica-se da «Relação, por capítulos, da despesa autorizada, liquidada e paga no exercício de 1957». que constitui as fls. 79 a 247 da separata das contas da gerência e do exercício da referida província, que, além de outros excessos já repostos, se liquidaram e pagaram despesas que não tinham cabimento nos respectivos créditos.

Estão neste caso as seguintes verbas: Capitulo 7.°, artigo 935.°, n.º 1) «Alimentação, vestuário, transportes c outras despesas com pessoal indígena da Repartirão Central dos Serviços de Veterinária e Indústria Animal»- Excedida em . ................. 55$06

n) Capitulo 7.º, artigo 1033.°, n.º 3), alínea a) «Remunerações a motoristas e serventes permanentes da Repartição Central dos Serviços de Geologia e Minas» - Excedida um ................................................ 2.782$86