Este quadro mostra que dos 1657 km de vias municipais classificadas ainda falta construir 66 por cento.

Ao pôr em relevo as elevadas percentagens do que falta executar na rede classificada para este distrito, tanto do programa rodoviário como da viação municipal, não esqueçamos a magnitude da obra realizada nos últimos anos. Sabemos qual era o estado de desolado abandono das nossas estradas e o panorama geral de carência que veio encontrar a Revolução Nacional.

Desde a criação da Junta Autónoma de Estradas, em 1927, até agora foram construídos no distrito cerca de 150 km de estradas nacionais e levadas a cabo obras de vulto na construção e reparação de pontes, de que há a referir a artística ponte de Chaves sobre o Tâmega, a linda ponte sobre o Tua; ligando o concelho de Alijó ao de Carrazeda, o alargamento notável das duas pontes sobre o Corgo, em Vila Real, a substituição do pavimento de madeira por betão na ponte do Pilhão sobre o Douro, a adaptação a estrada e alargamento por sistema de cangalhas da ponte de caminho de forro da Régua sobre o Douro, a construção em curso da ponte de Ribeira de Pena sobre o Tâmega, na estrada nacional n.° 312, Porto-Chaves, etc.

Relativamente à rede de vias municipais, foi muito útil ao seu desenvolvimento a obra realizada a partir da criação dos «Melhoramentos rurais», em 1931, medida de grande projecção que ficou a dever-se ao saudoso Dr. Antunes Guimarães, então Ministro do Comércio e Comunicações.

Durante o período em que os «Serviços de melhoramentos rurais» estiveram integrados na Junta Autónoma de Estradas, isto é, desde a sua criação até Dezembro de 1944, foi por eles levada a cabo em todo o País uma obra muito apreciável, feita com a comparticipação do listado e a melhor colaboração e interesse por parte das populações rurais; obra esta que, no aspecto orçamental dos projectos, é da ordem dos 300 000 contos, o que, se tivermos em consideração o valor aquisitivo da moeda nessa época, representa um investimento grandioso.

Em 1945 os «Melhoramentos rurais» passaram para a Direcção-Geral dos Serviços de Urbanização, através da qual já foram concedidos, até ao fim de 1957, 15 814 contos para as estradas e caminhos municipais do distrito, repartidos como se mostra no quadro III.

A obra realizada, embora, seja só uma parcela dos programas previstos, tanto no que respeita a estradas nacionais como a vias municipais, trouxe grandes benefícios a esta região do Pais, que é das mais necessitadas de obras públicas e de factores de progresso.

Mas o muito que ainda falta realizar no distrito para levar a cabo os planos previstos, planos cuja cadência de construção vai muito mais atrasada nesta região que no resto do Pais, mostra que para recuperar o atraso e podermos esperar a conclusão do plano traçado importa realizar muito mais e, sobretudo, muitíssimo mais depressa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Espera-se e deseja-se que a acção da Junta Autónoma de Estradas seja intensificada, por forma a reduzir grandes extensões que ainda falta construir na região mais desfavorecida, que é o Nordeste do País. Só assim é que essa admirável gente do campo, que vive nessas terras portuguesas desde o alvor da nacionalidade, sentirá que também chegou a sua hora.

O problema rodoviário, que parecia em bom caminho de solução com as possibilidades criadas pela Lei n.° 2068, ao estabelecer o plano de financiamento para quinze anos (1956 a 1970), na importância de 6 milhões de contos, voltou a agravar-se. A afectação destas verbas a obras extraordinárias, como tem sucedido, prejudica a execução dos programas da Junta Autónoma de Estradas.

No que respeita a viação rural, está prevista, no II Plano de Fomento, para este distrito a construção de cerca de 235 km de vias municipais e a reparação e beneficiação de 180 km, num total orçamento, de 57 000 contos.

Na execução dos programas do viação rural deve ser estimulada a cooperação das populações locais para as suas próprias obras, participando nelas com trabalho, transporte de materiais e fornecimento de alguns deles, de forma que os que têm sofrido continuamente o drama das comunicações vivam com entusiasmo essas obras como suas, para satisfação dos seus velhos e grandes anseios.

Não se atenuará o êxodo rural sem imprimir um vigoroso impulso para acelerar a evolução e melhoria das penosas condições de vida rural, criando maior ocupação e aumentando a produtividade de trabalho dessas populações, que não podem continuar esquecidas e sacrificadas, a carecer dos meios mais rudimentares, como sejam vias de comunicação, água salubre e suficiente, etc.

A tarefa é grande. Há por esse pais fora muitíssimo a fazer para melhorar as condições de vida e de trabalho dos rurais. A execução dessa tarefa monumental é um imperativo da nossa época!

Ninguém regateia ao actual Minist ro das Obras Públicas os maiores louvores pelas altas qualidades e devoção que põe ao serviço do sector que dirige. Cremos firmemente que o engenheiro Arantes e Oliveira é um homem à altura das necessidades do momento.

Só com uma forte ajuda às obras destinadas a construir uma infra-estrutura apropriada ao desenvolvimento das terras do interior se criará o alicerce indispensável ao progresso da sua agricultura e do seu comércio e à criação de alguma indústria integrada no ambiente rural e se tornará possível assegurar vida própria às populações do interior, criando aí actividades que concorram para absorver a mão-de-obra local e permitam à população agrícola desfrutar condições de vida e de trabalho que tenham alguma semelhança com aquelas que oferece o emprego na cidade.

Só assim e afrouxará o êxodo dos mais aptos de entre a população rural e se conseguirá fazer que Por-