factor desprestigiante para o departamento que tanto e tão acertadamente tem operado.

O facto concreto para que solicito, e desde já agradeço, os bons ofícios do Sr. Ministro das Obras Públicas não surgia hoje, produto repentino duma causa próxima. Remonta a um lapso de tempo já razoável; agora, porém, ganhou foros de acuidade impressionante que a todos deve ferir a atenção, tal como nos últimos dias me aconteceu ao percorrer de automóvel largas centenas de quilómetros.

As recentes chuvas vieram por mais em foco a necessidade inadiável de remendagem das covas abertas nas estradas nacionais, tanto nas alcatroadas como nas macadamizadas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Para o estado em que se encontram muitas delas só admito duas causas: falta de zelo dos dirigentes e pessoal encarregado da conservação ou exiguidade de verbas para as pequenas reparações de que carecem.

O Sr. Melo Machado: - Aí è que V. Ex.ª deve decalcar. Ai é que estão as cansas; há cada vez menos dinheiro e sem dinheiro não há mais trabalho.

continuam a indicar.

Contudo, julgo-me obrigado a não perder esta oportunidade - que se me antolha a tábua de salvação para obstar a um mal de graves e dispendiosos reflexos-, apelando para o Sr. Ministro das Obras Públicas no sentido de autorizar e ordenar imediatas pequenas reparações isoladas, aqui e ali, nos pavimentos deteriorados, mas que, vistas no conjunto, constituem tarefa a desenvolver no mais elevado escalão viável para já, estendendo-se o beneficio à quase totalidade das estradas.

O Sr. Melo Machado: - Apele paru o Sr. Ministro das Finanças quê apela melhor.

O Orador:- Eu apelo para os dois em conjunto. Tenho a convicção de que, não se aproveitando os dias e meses mais próximos para estes trabalhos, a chegada de outro Inverno aniquilará, impiedosamente, uma obra que levou anos a erguer-se...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- ... e consumiu volume considerável de receitas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na generalidade, as estradas alcatroadas reclamam betume e sarrisca, areão ou areia; as macadamizadas têm falta de brita e saibro.

Reconheço que a Junta Autónoma de Estradas tem na sua frente um vastíssimo programa: a auto-estrada Lisboa-Carregado, a construção de pontes -entre elas a da Arrábida, com os seus acessos-, o alargamento, bem como a abertura de novas estradas, a reperfilagem de outros, as supressões de curvas e passagens de nível, são realizações que carecem de grande soma de trabalho e absorvem capitais avultadíssimos. Apesar de tudo, ignorando o montante em que se cifrará o encargo com as reparações apontadas, mas prevendo-o vultoso, não fujo a garantir que tal dispêndio será diminuto, se for cotejado com a verba que uma grande reparação em todas essas estradas acarretará, mais ano, menos 'ano, desde que não sejam tomadas imediatas providências.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Insisto, pois, Sr. Presidente, junto do Sr. Ministro das Obras Públicas pelo deferimento rápido desta pretensão, permitindo-me lembrar que a boa economia, neste caso, manda que se gastem hoje 10 para que amanhã não sejamos coagidos a despender 100 ou 1000.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Saraiva: - Sr. Presidente: pedi a V. Ex.ª o uso da palavra para chamar a atenção do Governo para uma questão do maior interesse para o concelho do Fundão: a necessidade da criação de uma escola de ensino técnico na sede do concelho. Desde há muito que tal criação figura entre as mais vivas aspirações dos povos da Cova da Beira; e, na verdade, é pretensão de tão evidente justiça e do tal urgência que se pode dizer que todo o adiamento na sua satisfação constituiria imerecido agravo.

Trata-se de um concelho com população de aproximadamente 55 000 habitantes. Este número seria só por si suficiente para justificar a necessidade, visto que todos os outros concelhos com tão elevada expressão demográfica se encontram já dotados de, pelo menos, um estabelecimento oficial de estudos secundários.

Mas são, sobretudo, as condições de vida dessa população o que impõe a- urgente criação de uma escola técnica.

A área do concelho é de cerca de 680 km2. Na sua m aioria -a proporção é de dois para um- trata-se de solos inúteis para a agricultura: ásperas vertentes, cabeços rochosos, serranias onde o trabalho dos homens não encontra, ainda quando o busca, a indispensável retribuição. As leivas úberes da Cova da Beira e dos vales do Zêzere e das ribeiras do seu sistema são intensamente cultivadas. Mas a proporção entre a terra e os homens que nela vivem dá-nos um resultado absolutamente insuficiente para manutenção dos habitantes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É, todavia, da agricultura que a maior parte da população tem de viver. Os chefes de família e homens válidos que se mantêm pelo trabalho das jornas atingem cerca de 7000. Os cultivos tendem a trepar pelas encostas dos montes, onde vão surgindo em cada ano novas arroteias em solos magros, que absorvem o trabalho das famílias numa iníqua proporção entre o esforço que reclamam e o fruto que produzem.

A vida é por isso, na maior parte das freguesias, de uma extrema dureza, que o crescimento da população