(Ver quadro na imagem) Talvez haja conveniência em resumir este quadro num outro que sintetiza, por grandes agrupamentos, as despesas extraordinárias:

(Ver tabela na imagem) Na defesa nacional há ligeiro decréscimo em relação a 1956. Neste ano a verba subiu a 701 852 contos. Ainda pesam bastante os gastos das forças expedicionárias, com mais de 300 000 contos, se forem incluídas as forças expedicionárias de marinha, Ë possível que com a melhoria nas relações internacionais seja possível reduzir esta verba. Nas comunicações continua a sentir-se a despesa de portos, com perto de 130 000 contos em 1957. Esta questão dos portos arrasta-se com .pesadas verbas há muitos anos. Embora elas sejam, pelo menos teoricamente, reembolsáveis, haveria vantagem em estudar de novo um problema que tem importância na vida económica. Possivelmente, com o desenvolvimento industrial chegar-se-á à conclusão- da necessidade de apetrechar melhor mau um porto que sirva de base à descentralização das indústrias.

A verba maior nas comunicações refere-se a estradas. Aumentará sensivelmente nos próximos anos, e é bom que assim seja, porque as estradas desempenham um papel muito importante no desenvolvimento do País, havendo vantagem em completar o plano rodoviário. O assunto foi tratado noutro capítulo deste parecer. No fomento rural avulta a hidráulica agrícola, com ]22681 contos. Diz respeito esta verba, em grande parte, os obras do Sorraia e do enxugo de sapais no Algarve, como se indicou na respectiva secção do capítulo das despesas ordinárias. Também já se estudaram alguns aspectos da aplicação desta soma. Outras verbas de interesso são as de arborização de serras e dunas e dos melhoramentos rurais. Uma e outra têm grande projecção na vida nacional, tanto nos seus aspectos políticos como económicos e sociais. Nos respectivos capítulos das despesas ordinárias se cuidou deste assunto. A verba de fomento industrial é muito reduzida, e não se compreende porquê num país que pretende industrializar-se. São tão necessários estudos e ensaios, que surpreende a timidez nos gastos. Deste facto resulta que se não conhecem as reservas mineiras, por exemplo as de Moncorvo, se não fez ainda o inquérito industrial, está longe de se completar o inventário dos recursos hidráulicos e ainda pouco se realizou quanto a estudos de matérias-primas.

A verba terá de ser muito reforçada se se pretender imprimir à actividade industrial portuguesa o coeficiente de produtividade que necessita para poder concorrer nos mercados interno e externo. Em compensação, as despesas extraordinárias na construção de edifícios continuam a atingir cifras bastante altas, pois ultrapassaram os 250 000 contos em 1957, se se juntarem algumas despesas destinadas a obras incluídas em aplicações diversas. As verbas, que mais pesam dizem respeito a escolas rimarias e técnicas, aos hospitais escolares e às Cidades Universitárias de Lisboa e Coimbra. Talvez haja. vantagem em rever o problema do financiamento e construção das escolas primárias, sobretudo nas relações com os corpos administrativos.