redo nas águas salgadas ou que não fosse entretecida com vozes e almas de marinheiros. Sempre o mar-caminho ou precipício, rota de ventara ou sulco de morte.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Essa vontade que os Portugueses plantaram lá muito na frente, nas ilhas que descobriram e povoaram, ergueu redutos, multiplicou-se; por isso não é de admirar que os portugueses das ilhas sintam o desejo de ir mais além, de levar sempre mais longe o seu coração, a sua alma, a sua fé, a sua bandeira.

Assim, foram e são obreiros de epopeias sem fim. Tanto lhes importa que os recantos do Mundo sejam os mais adoráveis ou os menos acessíveis. Cumprido o voto de tornar bem portuguesas as suas ilhas, os filhos da Madeira e dos Açores fizeram da emigração a grande cruzada das suas virtudes e ansiedades.

Não se fala já do mal que suportaram ou do bem que usufruíram; fala-se do monumento de esforço criador que ergueram nas sete partidas.

Todo o emigrante português participa nesta gloriosa verdade, mas, se os Açorianos e Madeirenses se lembraram de consagrar os seus emigrantes, a satisfação dessa lembrança não obsta a que um dia se levante o padrão maior ao emigrante português.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-As ideias não são incompatíveis: até se completam.

Nem sei como à beira desse largo Tejo, por onde o nosso sangue não cessa de correr para irrigar o Mundo, ainda está por erguer o monumento ao emigrante português...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... com pedras de todos os continentes, servindo de pedestal ao homem robusto, em posição de quem olha para os longes, com os braços dispostos a estreitá-los a si.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

necessidades relativas ao nível de vida ou da conveniência de obter mercados. A emigração é um facto. Tomamos lugar no seu conteúdo. Lugar honroso. Para qualquer lado que nos virarmos na indagação do que fomos, só encontramos provas e estímulos de dignidade no trabalho e na fiel obediência às supremas qualidades da nossa raça. Em todos os continentes, onde

quer que chegámos para viver, construímos à altura da nossa presença.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sobre estas verdades indiscutíveis não é preciso erguer justificações desnecessárias. Nem elos ficariam bem neste relance de comovida exaltação do valor dos nossos emigrantes com o fim de lhes dispensar, o melhor possível, o tributo dos nossas homenagens. O certo, Sr. Presidente, é que a ideia dessas homenagens, traduzida nos quatro padrões a erguer nas quatro cidades insulares, está em movimento, tendo um dos órgãos da imprensa local sugerido que a inauguração solene desses padrões se faça em 1960, ano dedicado à comemoração do v centenário da morte do infante D. Henrique.

Leio o alvitre, tal como se mostra redigido e fundamentado :

Mas, segundo se nos afigura, estamos em vésperas de uma altura considerada óptima para a inauguração solene desses padrões de homenagem ao emigrante insular. Queremo-nos referir ao ano de 1960 - ano em que em todo o Portugal se vai comemorar, com a maior solenidade, o v centenário da morte do infante D. Henrique. E consideramos essa altura óptima porque a emigração insular é um fenómeno social e económico de grande alcance nacional, que se identifica perfeitamente com a expansão portuguesa resultante da obra empreendida pelo mesmo infante D. Henrique.

Com efeito, a emigração madeirense e açoriana, se bem que se filie em razoes demográficas e económicas, tem igualmente raízes na vocação expansionista portuguesa, que vem dos tempos dos Descobrimentos e da colonização.

Deste lugar, e por minha vez, endereço a sugestão - que li para a transmitir com toda a fidelidade- à Comissão Executiva do v Centenário da Morte do Infante D. Henrique.

Quisera eu também erguer com as minhas palavras um digno padrão aos emigrantes da Madeira e dos Açores. Mas, Sr. Presidente, só consegui empenhar no desejo a riqueza da sinceridade. Em todo o caso, os padrões assim erguidos pela sinceridade foram sempre dignos do respeito e da atenção dos homens.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Saraiva: - Sr. Presidente: embarcaram há pouco, e vão a caminho da índia, 1500 soldados, que vão render, na terra sagrada de Goa, as forças que ali têm, numa contínua vigília, assegurado a defesa do solo e da honra de Portugal. É, certamente, um facto que significa só que o Exército continua, silenciosa e corajosamente, a cumprir o seu dever.

E, todavia, penso que não deverei, neste instante, deixar de erguer a minha voz para chamar a atenção para o que me parece ser o alto significado nacional desse render da guarda das nossas forças na índia: é a Nação inteira que continua atenta e vigilante na defesa de um património inviolável; é o Exército, que fiel ao seu destino histórico, que não é outro senão o de penhor da independência desta nação que foi obra de soldados - soldados que todos foram, desde o rei que durante séculos não se serviu de outro ceptro que não fosse a sua espada sempre erguida, desde os monges que