A província, através da divisão de portos, caminhos de ferro e transportes, explora os caminhos de ferro de Luanda, com a linha do Bengo, que foi fechada à exploração em l de Junho de 1957, e os ramais de Calumbo, Doudo e Golungo Alto, e o caminho de ferro de Moçâmedes, com o ramal da Chibia o a linha do Leste.

O progresso do tráfego tem sido pequeno. Assim, o número de passageiros transportados pelo caminho de ferro de Luanda e seus ramais, que em 1950 subia a 438 208, desceu para 305 308. A tonelagem de mercadorias nesse caminho de ferro subiu pouco, pois passou de 216 659 t em 1950 para 271 5411 em 1957.

No caso do caminho de ferro de Moçâmedes, os passageiros aumentaram de 33 340 em 1950 para 52 720 em 1057 e as mercadorias de 48 739 t para 241 184 t.

Quer dizer: o progresso no caminho de ferro de Luanda foi muito pequeno, sobretudo quando se considera o valor agrícola da zona por ele servida.

No de Moçâmedes houve progresso acentuado no transporto de mercadorias, mas deve considerar-se neste caso o seu prolongamento e as obras do Gunene, que exigem o transporte de materiais de volume relativamente alto. Aliás, a cifra de 241 184 t é excepcional, se for comparada com 64 866 t, 58 623 t, 62 791 t e 80 388 t, respectivamente, em 1952, 1953, 1954 e 1955.

Isto mostra o lento progresso do tráfego e, possivelmente, os efeitos da camionagem, que, por outro lado, lhe rouba carga rica.

Deve haver por isso prudência no planeamento de caminhos de ferro. A sua construção, em especial em regiões como as de Angola, requer grandes investimentos, como, aliás, se verifica nos números publicados nos pareceres, e a sua conservação é dispendiosa. Em 1957, a despesa com a construção de novos caminhos de ferro foi de 223 318 contos, assim repartidos:

contos

Caminho de ferro de Moçâmedes a Serpa Pinto ........ 151 033

Estudos do caminho de ferro da baía dos Tigres ..... 3 529 Em portos gastaram-se, por força de despesas extraordinárias, 35 648 contos. Moçâmedes e Lobito foram os dois portos contemplados.

As verbas resumem-se assim:

contos

Os portos da província vão pouco a pouco atingindo a eficiência requerida. Luanda e Lobito têm já hoje um movimento importante, que aumentará com o desenvolvimento de reservas mineiras no Sul e talvez com a abertura de estradas e o caminho de ferro do Congo, no Norte.

Estradas Ao apreciar-se, nas despesas ordinárias, o problema das estradas em Angola, indicaram-se as verbas gastas em 1957 na construção, reparação e conservação das estradas.

Até há poucos anos a província estava mal servida. As estradas de penetração, de terra batida ou, na maior parte dos casos, sem ser batida, não correspondiam às necessidades imperiosas da província.

O plano de estradas de que já se deu nota pormenorizada está em andamento. Das receitas do Fundo de Fomento de Angola são distribuídos todos os anos 100 000 contos para novas estradas. Há diversas empreitadas em execução. As mais importantes são as que dizem respeito à ligação de Luanda, através dos Dembos, para norte e a que virá ligar a capital com Nova Lisboa e Silva Porto, pelo Dondo, através do planalto do Bié, passando relativamente perto do colonato da Cela.

O que está a ser feito representa uma pequena parcela do muito de que precisa a província. E, porém, um começo. Conviria que dos recursos financeiros disponíveis se desviasse para o plano rodoviário o mais possível de investimentos, pelo menos até se completar a execução da malha fundamental, que é, sem dúvida, a base do progresso de algumas regiões ricas. A carência de transportes e o seu custo dificultam o desenvolvimento de zonas do interior relativamente perto dos portos do Lobito e Luanda.

O sistema de empreitadas volumosas parece ter dado bons resultados, porque facilita o uso de métodos modernos de ataque, reduzindo o tempo e o custo. O processo usado de acompanhar a construção com assistência técnica, dada por laboratório, é uma necessidade em regiões de clima e solos como os de Angola.

Rega, enxugo e povoamento

90. Gastaram-se 30 751 contos na rega, enxugo e preparação de terrenos no vale do Cunene, sendo 14 390 contos na preparação de terrenos e povoamento. Estas somas foram financiadas pela conta de saldos de anos económicos findos e pelo imposto de sobrevalorizações.

O ano passado deu-se uma resenha desta obra, servida pelo caminho de ferro de Moçâmedes e destinada essencialmente à ocupação do Sul da província. A primeira fase deve completar-se este ano, mas já se encontram instalados colonos na área regada e de sequeiro. Julga--se que trará benefícios ao povoamento do Sul e fixação de população europeia.

Aproveitamentos hidroeléctricos

91. As verbas utilizadas em aproveitamentos hidroeléctricos foram as seguintes:

contos

Os financiamentos provieram de saldos de anos económicos findos (101 138 contos) e imposto de sobrevalorizações (11 534 contos).

O desenvolvimento da província, e em especial da zona de Luanda e Lobito, levará muito em breve à saturação das centrais do Biópio e das Mabubas.