As circunstâncias internacionais, durante o ano de 1957, relacionadas com a vida comercial no Extremo Oriente, não foram de molde a auxiliar a posição financeira da província de Macau.

Embora as contas fechassem com um saldo positivo, este foi bem menor do que o de 1956, e o recurso a saldos de anos económicos findos, que desempenharam papel de relevo no financiamento de obras em exercícios anteriores, reduz-se pouco a pouco, por estar prestes a esgotar-se o fundo onde eles se contabilizavam.

Os saldos disponíveis em 1957 eram de 10 655 contos, que se comparam com 27 155 contos em fins de 1956.

A província vive em grande parte do comércio, dado que a sua produção industrial é relativamente pequena.

Há, assim, um tradicional déficit na balança do comércio, que é coberto com os invisíveis, que devem ser avultados e são difíceis de individualizar.

O déficit aparente, pelo menos, da balança do comércio, foi de 482 000 000 de patacas. Mostra a melhoria de 48 000 000 de patacas em relação a 1956, mas ainda assim é quase igual às importações totais, e quase nove vezes mais do que as exportações, como se indica no quadro a seguir, que dá a importação e exportação desde 1951 e mostra os deficits:

As dificuldades de origem a que a província está sujeita levaram a grande desequilíbrio, e não se vê bem como poderá ser modificado o actual regime. A influência da metrópole no comércio externo da província é pequena, e embora a das províncias ultramarinas seja um pouco maior, deve dizer-se que Hong-Kong e Saigão são os dois principais mercados de Macau, tanto nas importações como nas exportações. Moçambique, em 1957, exportou para Macau cerca de 833 400 patacas e importou 6 406 000, enquanto que os números para Hong-Kong foram, respectivamente, de 66 338 000 e 43 206 patacas.

A província importa matérias-primas e substâncias alimentícias. Nas primeiras está incluído o ouro fino, com o valor de 423 645 000 patacas em 1957. Exporta substâncias alimentícias e manufacturas diversas.

Na importação, além do ouro, predominam o arroz, aves domésticas, bebidas, cigarros, medicamentos, madeira e lenha, ovos, papel, peixe e açúcar.

Nas exportações têm relevo a seda, artigos de vestuário, bebidas, fósforos, medicamentos, mariscos, peixe fresco e salgado, pivetes e panchões. Estes últimos são os de maior relevo na exportação, com 7 500 000 patacas em 1957.

O grande desequilíbrio da balança comercial é causa de dificuldades na balança de pagamentos. Embora não seja possível determinar o seu saldo, pode contudo dizer-se que não é satisfatório.

Se for excluído o ouro fino, que avoluma as importações em cerca de 423 600 000 patacas, o déficit reduz-se para 58 759 000 patacas. As receitas totais da província subiram a 112 580 contos, equivalentes a 20 469 087 patacas. A receita foi, pois, bastante inferior à de 1956, que somara 30 338 000 patacas.

Pode exprimir-se a receita da província do modo que segue:

Para as receitas de 1957 poderem ser comparadas com as de 1956 devem subtrair-se a estas os saldos revalidados, assim como o saldo proveniente do encerramento dos resultados das contas de saldos de anos económicos findos, ou, respectivamente, 7 873 000 e 292 000 patacas.

Contudo, pode dizer-se que quanto a receitas ordinárias houve uma diferença pequena, apesar de se não incluírem 174 000 patacas, como em 1956, provenientes de saldos de exercícios findos. As receitas ordinárias somaram 100 403 contos, menos 1551 contos do que em 1956.

Mas como neste ano se haviam incluído 959 contos provenientes de saldos, as receitas ordinárias efectivamente arrecadadas em 1957 foram inferiores em 592 contos às de 1956.

Exceptuando dois anos - os de 1948 e 1949 -, os números mantiveram-se até atingir a casa dos 100 000 contos nos dois últimos exercícios.

A seguir indica-se a evolução das receitas desde 1938, com os respectivos índices.