Embora as contas da província de Timor apresentassem o saldo positivo de 669 615 patacas, ou 4185 contos, não parece terem melhorado sensivelmente, as condições já descritas em pareceres anteriores.

O desequilíbrio na balança do comércio acentuou-se, apesar de terem aumentado as exportações, e os efeitos dos investimentos dos últimos anos não puderam fazer valer a sua influência.

O problema de intensificar a produção interna é, sem dúvida, o mais premente, e a diversificação das culturas uma das condições de evitar futuros desenganos.

Ver-se-á adiante, ao estudar o emprego dos investimentos canalizados para a província através do Plano de Fomento, que eles se utilizaram sobretudo na construção civil. A guerra deixou algumas feridas, que foram já sanadas mas que necessitaram do emprego de fundos avultados.

Ora a resolução do problema de Timor requer o uso de meios que imponham melhoria acentuada na produção de géneros que possam ser exportados. Sem isso há-de ser sempre difícil a sua situação.

Comércio externo Há um facto que desvirtuou no passado a posição do comércio externo. A balança do comércio da província, quando consideradas as produções da ilha, foi sempre deficitária, embora nalguns anos, como o de 1952, e ainda nos de 1951 e 1953, fosse relativamente pequeno o déficit - em todo o caso, em 1952, da ordem dos 40 por cento do que conseguia exportar, como se pode ver nos inúmeros que seguem:

(a) Não inclui a reexportação.

A balança do comércio atingiu em 1955 um déficit que caminhava para igualdade com a exportação. Mas até este ano a província podia mostrar um saldo positivo na sua balança do comércio porque produtos de ilhas vizinhas se escoavam pelo porto de Díli e a reexportação por este motivo era substancial. Timor era, assim, um centro de comércio de zonas próximas, e podia dizer-se que, considerando a reexportação, a sua balança se tornara positiva.

Assim, os números do comércio externo mostravam a forma que segue:

Até 1954 a balança do comércio acusava um saldo positivo, mercê de condições derivadas da sua situação geográfica em relação a regiões vizinhas. Acontecimentos políticos, desviaram de Díli as reexportações e nos últimos três anos a balança do comércio piorou consideràvelmente, como mostram os números acima publicados. Timor precisa, pois, de melhorar as suas condições de produção e de fazer um esforço sério e duradouro no sentido de a aumentar.

A província importa produtos manufacturados, em escala que deriva da falta de indústrias e substâncias alimentícias, além de combustíveis ou matérias-primas diversas.

Em 1957, os tecidos de algodão ocuparam o primeiro lugar, como aliás em anos anteriores, mas houve aumento naquele ano.

Outros produtos que pesam muito na balança são o cimento, devido à actividade na construção, a gasolina e o petróleo, o ferro, as bebidas, os medicamentos e o tabaco. Quase todos estes produtos tiveram maior valor nas importações em 1957 do que em 1956.

A metrópole e as províncias ultramarinas comparticipam em muito pouco no abastecimento da província (cerca de 25 por cento).

Em 1957, de um total importado de 9 758 000 patacas, apenas 2 515 000 provieram da comunidade, cabendo à metrópole 2 026 200 patacas.

O resto veio do estrangeiro, e a Ásia predomina com 4 741 015 patacas.

Parece não ser possível alargar muito as importações de territórios nacionais, dadas as dificuldades na navegação.

Nas exportações é ainda o estrangeiro que consome a maior parte dos produtos, com cerca de 91 por cento em 1957.

A província exporta principalmente café em grão, copra e borracha. O resto tem muito pouca importância.