mais pobres para o fundo da escala, sobressaindo no cimo o grupo Lisboa-Porto.

Com efeito, olhemos ao trabalho na vinha (nas especializações de plantação, enxertia, cava, poda, etc.). Enquanto no grupo Lisboa-Porto se paga uma média de salários médios que vai de 22$37 a 28$29, no grupo dos oito distritos mais pobres essa média vai apenas de 17$44 a 23$91, e no grupo dos restantes distritos de 20$29 a 24$03.

Na actividade ligada aos tubérculos e bolbos (especializações de cava, sementeira, sacha e arranque), no grupo Lisboa-Porto a média dos salários médios vai de 23$59 a 26$51; nos oito distritos mais débeis vai de 17$92 a 19$16, e nos restantes oito distritos de 20$68 a 21$88.

Na actividade ligada a olivais e árvores de fruto (especializações de plantação, limpeza, poda e varejo), a média nos salários médios no grupo Lisboa-Porto vai de 22$ a 24$18; no grupo dos oito distritos mais pobres de 17$92 a 20$68, e nos oito distritos intermédios de 20$23 a 22$88.

Por sua vez, nos trabalhos em pinhais, soutos e montados (nas especializações de desbaste, corte, limpeza e roça), a média dos salários médios vai de 22$53 a 24$07 no grupo Lisboa-Porto; de 18$44 a 20$12 nos oito distritos mais pobres, e de 20$94 a 22$97 nos restantes oito distritos.

Na actividade hortícola o salário médio é de 23$73 no grupo Lisboa-Porto; de 18$67 no grupo dos oito distritos mais débeis, e de 20$59 nos outros oito distritos intermédios.

Passando aos trabalhos ligados à agricultura de cereais e legumes (nas especializações de cava, sementeira, monda, sacha, rega, ceifa, etc.), a média dos salários médios vai de 22$60 a 26$06 no grupo Lisboa-Porto; de 17$37 a 24$79 nos oito distritos mais pobres, e de 19$65 a 23$19 nos restantes oito distritos. Ora, Sr. Presidente, se compulsarmos o magnifico relatório de 1958 do Banco de Portugal, acabado de distribuir, verificaremos que, segundo as contas dos seus serviços técnicos, os Índices ponderados dos salários rurais médios (homens) do continente (cálculos sobre elementos fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística) são:

1957 (média anual).......... 104

Por sua vez, os índices ponderados de salários industriais por profissões na cidade de Lisboa (calculados também pelo Banco de Portugal sobre elementos proporcionados pelo Instituto Nacional de Estatística) apresentam a seguinte expressão:

1956(média anual)........... 117,6

1957(média anual)........... 123,5

1958(Setembro).............. 124,6

Acontece ainda que a média simples dos salários médios rurais (homens) em 1948 era de 19$80 e a dos industriais na cidade de Lisboa era de 38$99. Isto é: na indústria (cidade de Lisboa) os salários já em 1948 tinham, em média, uma expressão dupla da dos salários rurais no continente, e de então para cá esses salários industriais elevaram-se em cerca de 25 por cento, enquanto os rurais não subiram sequer os 10 por cento.

Estes índices e o mais que ficou dito já são factores de uma forte tentação para os homens dos campos: a do abandono das suas terras, à procura de outras que mais elevados salários lhes paguem. E, quando não o consigam, sabe-se lá o que ficam a pensar das circunstâncias em que vivem!

É por isso, Sr. Presidente, que me parece acertado o pensamento superior que se vire - e julgo que algo se passa nesse sentido, felizmente - para uma distribuição regional adequada das forças industriais e comerciais do País. Até porque o próprio grupo dos oito distritos menos pobres fica a uma larga distancia do grupo Lisboa-Porto.

Umas coisas puxarão as outras, mostrando-se-nos do mais elevado interesse que o Governo da Nação - no espirito criador que tem demonstrado em fartas ocasiões e que a conjuntura económica internacional orientará para os rumos dessa distribuição regional adequada - forme, por modo intenso e extenso, as massas consumidoras (qualificadamente consumidoras) de que o País precisa.

E assim subirá o nível nacional, pela subida do nível regional, de norte a sul, de leste a oeste; e assim se ajudará na sua subida desejável o produto nacional, com todas as suas boas consequências.

Porque, em boa verdade, com a subida do produto nacional, tudo o mais subirá ou poderá subir. Bem sei que tudo isto não se apresenta fácil. Até como industrial que sou, conheço bastante as dificuldades que há na questão.

O acesso às matérias-primas, aos combustíveis, à energia eléctrica, pelas vias mais económicas; o concurso da mão-de-obra a um tempo boa e barata (ou a mais barata possível), assim como o dos demais factores da produção; o mais certeiro aproveitamento das vias de comunicação e dos transportes, com vista ao económico aprovisionamento das matérias-primas, dos combustíveis, etc., e ao também económico escoamento da produção acabada, no sentido dos mercados consumidores, internos e, porventura, externos; a proximidade de industrias acessórias ou complementares e tudo o mais que venha a promover ou proporcionar a colocação do produto nos mercados em tempo útil è oportuno e ao mais baixo preço de venda possível, na base fundamental do lucro na quantidade vendida (pouco se ganhando, embora, em cada unidade); a localização, enfim, subordinada sobretudo às fontes de matérias-primas, de combustíveis, etc., ou então no sentido dos mercados consumidores, ou ainda em ponto intermédio, quando não, preferentemente, em ponto a considerar segundo as relevâncias sociais ou políticas - tudo isso apresenta dificuldades enormes, ninguém o ignora.

Mas, se o País precisa de uma distribuição nova das suas forças económicas, não me parece que haja dificuldades insuperáveis, E ainda quando o pareçam, sei bem que na equipa ministerial da Economia está um