O Orador: -... manifestada nas suas atitudes desassombradas perante situações internacionais difíceis ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -... a sua admirável tenacidade em resistir a ameaças e pressões ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-... a sua infatigável actividade à testa de um departamento que é a verdadeira chave da política mundial; o sacrifício total da sua vida ao serviço da causa do seu pais e dos seus aliados - não podem deixar insensível seja quem for.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Nós podíamos admirá-lo ainda porque na sua mão se encontraram, em larga escala, os rumos da aliança atlântica a que pertencemos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Podíamos e devíamos, os que à sua firmeza e resolução teremos certamente de agradecer, em certa medida, os benefícios desta paz e desta liberdade em que vivemos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Mas não é esse o aspecto por que desejaria hoje lembrar o seu nome. Foster Dulles foi o estadista isento e honrado que, num dado momento, não teve receio de aceitar e compreender a definição portuguesa da unidade da nossa nação, tal como a Constituição a consigna e a realidade consagra.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- E fê-lo publicamente, respondendo a perguntas que lhe eram feitas. E no célebre comunicado conjunto, publicado em 2 de Dezembro de 1955, em Washington, assinado por ele e pelo nosso insigne Ministro dos Negócios Estrangeiros de então, o Prof. Paulo Cunha, o Governo dos Estados Unidos desassombradamente perfilhou a tese portuguesa da interdependência da África e do mundo ocidental e desaprovou as declarações que acabavam de ser feitas na União Indiana, pelos dirigentes soviéticos que visitavam aquele país, acerca das províncias portuguesas do Oriente.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Foi sem dúvida o eminente estadista português quem mais contribuiu para a perfeita compreensão da justiça que nos assistia. Mas nem por isso é menos de admirar e de apreciar a decidida atitude de Foster Dulles, não tendo receio de publicamente apoiar as nossas razões.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-E fê-lo arrostando com as críticas e ataques dos que em outros países estrangeiros porfiavam em desacreditar a nossa unidade, sofrendo as criticas e ataques dos que no seu próprio pais em tudo queriam cegamente ver manifestações de colonialismo. Fê-lo no preciso momento em que na própria União Indiana os dirigentes soviéticos se associavam a uma declaração tendenciosa contra a integridade de Portugal na índia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Eis porque sinceramente me associo ao desgosto da grande nação americana, amiga e aliada, ao ver afastado de um posto de combate, na primeira linha, um dos seus mais esforçados lutadores, que era ao mesmo tempo, não digo um amigo nosso, porque prefiro chamar-lhe um honrado e corajoso amigo da verdade e da razão.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: nada temos com a política interna da grande nação americana, mas, independentemente disso, nada nos impede de reconhecer em Foster Dulles, cuja figura, neste momento, se esbate nos horizontes da política internacional, uma das personalidades mais representativas da defesa da política do mundo e da civilização ocidentais, e, no aspecto dos interesses e da posição de Portugal, a compreensão da nossa razão e a coragem de assumir as responsabilidades de a afirmar.

A Câmara sentiu que nas palavras do Sr. Deputado Sarmento Rodrigues havia a interpretação do seu pensamento e do seu patriotismo reconhecido e, em nome dela, é-me grato associar-me a essas palavras de justiça.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: não é segredo para ninguém, e pode ser dito aqui nesta Assembleia, que a última campanha eleitoral, culminada com a estrondosa derrota do candidato de todas as oposições reunidas, em eleição seriamente fiscalizada, e hoje, por sua exclusiva determinação ou por conselho dos seus actuais correligionários, hospedado no edifício de uma embaixada de país amigo e irmão, vítima, talvez, de alucinação persecutória que os factos, sem sombra de dúvida, desmentem categoricamente, deixou no ambiente da Nação uma nova epidemia, transmitida por terrível micróbio, cujo nome científico se desconhece, mas que vulgarmente é designado pôr «boato», transmissível pela palavra escrita e falada, e com incrível rapidez, aos mais recônditos cantos do País.

O medicamento especifico dessa doença, que só é nova aparentemente, pois existiu sempre em estado latente e só agora adquiriu maior virulência, também já há muito tempo foi descoberto por um sábio c hamado Jesus Cristo, que o propiciou à humanidade, e chama-se a «verdade», que é necessário fornecer em larga escala, por mais caro