tamento no troço internacional do rio Douro veio testemunhar a exemplaridade de uma política de perfeito entendimento e real fraternidade das duas nações peninsulares, sempre patente no decurso das obras do Douro internacional e em outras ocasiões e latitudes e que esperamos continue a ser a pedra angular da política de sincera e recíproca amizade entre os dois Estados, com ampla colheita de frutos para todos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O aproveitamento a fio de água do Picote foi estudado e executado durante o I Plano de Fomento e a sua central, é, das que foram construídas até hoje em Portugal, a de maior potência instalada e a de maior capacidade de produção em ano de pluviosidade normal.

Embora a inauguração solene se tenha feito só agora, já há mais de um ano que a central do Picote contribui para o abastecimento da rede nacional, tendo em Janeiro de 1958 fornecido mais de 6 milhões de kWh, o que nessa altura permitiu reduzir o apoio térmico que estava a ser dado à rede nacional. Durante o passado ano de 1958 produziu 477 milhões de kWh, produção essa que, comparado com os nossos consumos totais de electricidade antes de lançadas as bases do plano de electrificação, representa mais do que foi o consumo anual do País até ao fim de 1945.

Este fornecimento proporcionou em 1958 maior elasticidade a exploração das centrais de albufeira e se não fosse ele teria havido apreciável redução nos abastecimentos à electroquímica.

Desde que se iniciou a electrificação do País dispôs-se pela primeira vez no ano transacto de meios de produção que permitiram encarar, sem qualquer preocupação, a total satisfação dos nossos consumos permanentes e temporários.

O aparecimento em 1958 deste período de tranquilidade, que marca uma nova era na política de produção de electricidade, resultou do acabamento da barragem de Paradela, no Cávado, com uma capacidade de armazenamento energético das maiores dos País, e da entrada em serviço do Picote, primeiro escalão do Douro internacional, que, conjugado com as grandes albufeiras da rede primaria, permite atingir elevados níveis de disponibilidades hidroeléctricas em anos normais.

A entrada em serviço do Picote, pelo seu grande peso, completa a garantia dos consumos durante o triénio 1958-1960, sem necessidade de nenhum outro escalão.

A sua capacidade de produção, que é da ordem dos 1060 milhões de kWh em ano normal e atinge os 1310 milhões de kWh em ano muito húmido, excede em ano médio a capacidade de produção de todo o sistema do Zêzere ou de todo o actual sistema do Cávado e Rabagão; mas para a atingir é preciso que haja, bem entendido, possibilidades de encaixe desta produção no diagrama de cargas da rede nacional.

A obra do Picote, por todas estas razões, fica aos olhos de todos como padrão glorioso desta época e símbolo do engrandecimento nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: o rio Douro e os seus afluentes representam o nosso maior manancial de energia. Dos aproveitamentos do rio Douro poderá ser obtida em ano médio a produção de mais de 5000 milhões de kWh, repartidos pelos diversos escalões, como mostra o quadro que segue.

Isto para o curso principal do rio, porque o inventário sobre os possíveis aproveitamentos nos afluentes e subafluentes do Douro mostra a possibilidade de produzir só neles cerca de 4000 milhões de kWh, o que prova que a bacia hidrográfica do Douro, onde se concentra mais de metade das disponibilidades potenciais hidroeléctricas da metrópole, está em condições de prestar grande e valiosa contribuição para a exploração compensada de toda a rede nacional.

Através da rede de transporte e de uma vasta rede de distribuição, deveremos dar às dispendiosas obras de produção as condições de marcha que lhes permitam a mais perfeita utilização das suas importantes disponibilidades de energia, que num país de modestos recursos, como o nosso, tem de ser económica e tanto quanto possível totalmente aproveitada.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: o equipamento do Picote e das outras centrais do Douro internacional, situadas no extremo nordeste trasmontano, obrigou, pelo volume de energia a transportar e pela distância que a separa dos centros de consumo, a antecipar a construção de uma rede de 220 kV que até agora tem injectado na subestação de Pereiros, a 3 km de Coimbra, a energia do Douro na rede de transporte e interligação a 150 kV.

Está a trabalhar-se na interligação da rede portuguesa e espanhola, que se espera fique feita dentro de meio ano, à tensão de 220 kV, a partir do Pocinho. Esta interligação vai integrar a rede portuguesa na rede europeia, assegurando apoio e socorro em caso de necessidade e alguma compensação. Disporemos, assim, muito em breve do circuito físico que nos possibilitará