De características económicas singulares, importando o que consome e exportando o que produz, a província de S. Tomé e Príncipe depende grandemente, como se disse já, das cotações do cacau, do café e das oleaginosas, nos mercados mundiais.

Completa o seu quadro agrícola, embora em segundo plano, a produção do milho, mandioca e bananas.

Em 1958 as colheitas foram anormalmente fracas, em consequência de factores meteorológicos desfavoráveis. Todavia, as perspectivas para 1959 são mais animadoras, calculando-se que as colheitas deste ano venham a compensar a escassez notada no ano anterior.

A economia da província vem sofrendo a concorrência dos países produtores dos mesmos géneros e as oscilações advindas da instabilidade das cotações, não deixando este facto de causar certas preocupações e incertezas quanto ao futuro.

No entanto, no seu conjunto, a vida económica de S. Tomé e Príncipe é satisfatória, mercê dos bons resultados obtidos pelas principais empresas de exploração agrícola.

Sucedem-se, felizmente, as medidas de protecção à agricultura: manutenção de salários, imposições sociais e fiscais, criação, pela Junta de Investigações do Ultramar, de brigadas de técnicos para o estudo dos problemas agrícolas da província, etc.

Assim, é, pois, de esperar que desta conjugação de esforços venha a esperar-se uma melhoria progressiva do quadro agrícola de S. Tomé e Príncipe, tanto mais que o problema da obtenção de mão-de-obra para a agricultura se apresenta agora, segundo informação da província, com menor acuidade, visto que o recrutamento do pessoal necessário tem vindo a fazer-se com certa facilidade nas províncias de Cabo Verde e de Moçambique.

São, todavia, poucos os géneros de que a província pode dispor para sustentar a sua população: frutas, carne e umas centenas de toneladas de milho. Tudo o mais que se consome, e é muito, vem de fora. Nestas condições, poder-se-ia pensar que ao comércio estaria reservado um papel de relevo na distribuição dos bens de consumo. Porém, tal não sucede. E tal não sucede porque em S. Tomé e Príncipe só existe praticamente a grande agricultura, feita quase exclusivamente por empresas ou colonos europeus dispondo de uma orgânica comercial especial. E através dessas organizações que se fazem as vendas e as compras com intervenção das suas delegações ou administrações de Lisboa. Portanto, o cliente do comércio da província é o próprio nativo. Ora este não trabalha, em regra, na agricultura; e assim, a prosperidade ou a crise comercial ficam na dependência do volume das obras públicas.

Todavia, a vida comercial de S. Tomé e Príncipe parece estar a libertar-se da prolongada crise que a ameaçou, sobretudo em 1955, com a paralisação das obras e das grandes baixas nas cotações do cacau e do café.

Desde 1957 que a recuperação se vem acentuando, podendo afirmar-se que no ano de 1958 se registou uma melhoria notável na posição do comércio da pro víncia.

A Portaria n.º 2240, de 17 de Dezembro de 1955, que determinou a extinção das cantinas existentes nas roças, veio contribuir fortemente para o desenvolvimento do comércio de retalho nos estabelecimentos comerciais. Todavia, o comércio continua a ressentir-se do facto de as principais empresas agrícolas continuarem a importar directamente, e em grande quantidade, os géneros alimentícios destinados ao consumo nas roças. No entanto, continua a fazer importações que superam as suas necessidades, talvez na esperança de que as empresas modifiquem, voluntária ou compulsivamente, o seu sistema de importação directa.

Dessa circunstância, e também da dificuldade de cobrança do que é vendido à classe média, resultam, por vezes, situações embaraçosas. Porém, segundo informações que temos da própria província, a situação do seu comércio melhorou durante o ano de 1958, sob este aspecto também, em vista do menor número tanto de pedidos para prorrogações de prazos de crédito, como de protestos de efeitos comerciais.

A produção industrial, por sua vez, não merece qualquer referência especial. A principal está estreitamente ligada à exploração agrícola, sendo exercida pelas próprias empresas de agricultura: trata-se da indústria do óleo de palma.

Todavia, a sua extracção é feita, mesmo nas grandes empresas, por processos primitivos, que implicam grandes desperdícios da gordura contida nas fibras, o que provoca a má qualidade do produto e o encarecimento da mão-de-obra.

Além desta indústria, apenas há que mencionar uma pequena fábrica de sabão de produção restrita, uma serração de madeira, uma moagem de milho, uma fábrica de cal e outra de refrigerantes. Os quadros a seguir mostram, respectivamente, a posição e a situação da tesouraria em 31 de Dezembro de cada um dos anos do triénio de 1956-1958: