Verifica-se aqui que a metrópole continua a ocupar o primeiro lugar como cliente da província, com uma percentagem de 41,54 por cento. Em relação ao ano findo, trocaram de posições a Índia e a União Sul-Africana, ascendendo aquela ao segundo lugar da escala. Também as outras províncias ultramarinas foram ultrapassadas pelos Estados Unidos da América, tendo a França que diminuiu consideràvelmente as suas importações de Moçambique, passando de 4,44 por cento para 2,22 por cento sido ultrapassada pelos Estados Unidos, Alemanha e Noruega. E também de notar o reaparecimento da Dinamarca como cliente da província. Finalizando o nosso relatório sobre o panorama do comércio externo de Moçambique, e a fim de que melhor se compreenda o «porquê» dos números apresentados nos quadros atrás, achamos aqui cabimento para uma breve análise do que se passa com a agricultura e a indústria da província.

Como já anteriormente demos a entender, embora de uma maneira sumária, a agricultura tem na vida económica de Moçambique uma importância superior à das indústrias transportadora, transformadora e mineira, que, aliás, salvo quanto à primeira, têm ainda horizontes relativamente modestos.

Nenhum produto agrícola tem na província maior reflexo na sua balança comercial e no volume das transacções com o indígena do que o algodão.

O desenvolvimento da cultura algodoeira em Moçambique iniciou-se em 1932, quando, pelo Decreto n.º 21 226, se instituiu na metrópole um prémio para o algodão das províncias ultramarinas. Até então a sua produção média anual em Moçambique não ia além de 15 00 t; mas logo nos anos seguintes as exportações do produto começaram a elevar-se, atingindo no sexénio 1933-1938 a média de 4804 t. Neste último ano, com a criação da Junta do Algodão, e por força de uma maior expansão da cultura, as exportações elevaram-se de novo, atingindo no quinquénio 1939-1943 a média anual de 9613 t. Em 1943 foi criado o Centro de investigação Científica Algodoeira e com o Decreto n.º 35 844 deu-se novo impulso à sua cultura. Em consequência, as exportações deram um novo pulo, atingindo rapidamente a média anual de 22 895 t no quinquénio 1944-1948; e nos anos posteriores não cessaram de se elevar, alcançando na campanha 1952-1953 uma produção da ordem das 40 000 t.

Em 1955, pelo Decreto n.º 40 405, foram alteradas certas disposições do regime de concessão das zonas algodoeiras nas províncias ultramarinas: estabeleceram-

-se novas obrigações para os concessionários dessas zonas e elevou-se o preço do algodão em 2f por quilograma, de forma a permitir a fixação de mais altos preços ao produtor nativo, sendo o contingente de algodão a fornecer pelas províncias ultramarinas à indústria metropolitana fixado em 46 000 t.

Na campanha algodoeira de 1956-1957 verificou-se, por sua vez, uma produção de algodão caroço de 108 000 t, a segunda melhor de sempre, pois a primeira teve lugar em 1952-1953, em que a produção atingiu as 125 000 t.

Em 1958 obtiveram-se 92 270 t, produção, como se vê, mais modesta do que a de 1957. Todavia, tal produção não deixa de merecer relevo, porquanto a de 1957, como acabámos de ver, foi verdadeiramente excepcional.

Do facto de estar assegurada a colocação quase total da produção da província no mercado metropolitano resultam perspectivas encora j adoras e de certa firmeza para este produto.

Outro produto básico na economia da província é o sisal, de grande valor e ocupando também uma vasta área de cultura em Moçambique.

Mas, ao invés do que sucede na cultura do algodão, onde a natureza nacional do circuito produção-consumo assegura grande estabilidade de preços, a produção de sisal, na sua quase totalidade escoada para mercados estrangeiros, está sempre sujeita às flutuações dos preços internacionais.

As suas cotações nas grandes bolsas de mercadorias do Mundo atingiram em 1947 níveis compensadores, e a partir de então e até 1952 os seus preços subiram, acompanhando a alta dos géneros chamados e coloniais», que dominaram posteriormente todos os mercados internacionais. Porém, foi o sisal uma das primeiras matérias-primas onde se verificou uma queda violenta de cotações: o excesso da produção sobre a procura, resultante de uma elevada produção de sisal brasileiro, deu lugar a uma queda vertical de pouco menos de 20 contos para uma média anual de 5 contos por tonelada em 1955 e para 4.990$ em 1956.

Todavia, como se disse, a produção tem aumentado: na sua quase totalidade, ao que parece, utilizaram os plantadores de Moçambique os elevados lucros dos passados anos das altas cotações para apetrecharem as suas fábricas, modernizarem os sistemas de transporte e levarem a cabo um vasto programa de edificações.

Sob a orientação da Associação dos Produtores de Sisal os plantadores têm mesmo coordenado a sua acção, contribuindo deste modo para uma eficaz defesa do sisal de Moçambique nos mercados externos.