A produção de oleaginosas mantém também lugar destacado entre as actividades agrícolas da província: a cultura do coqueiro é, sem dúvida, a mais valiosa de todas as actividades agrícolas dos indígenas, com excepção dos géneros de consumo e das que praticam sob a orientação europeia. Dos 10 milhões de coqueiros que se presume existirem na província com um valor que anda à volta de 1 000 000 contos -, 4 milhões suo propriedade de grandes, empresas, 1 milhão de pequenos colonos e 5 milhões são de pertença de cerca de 300 000 indígenas.

A castanha de caju é, em regra, um produto colhido pelos indígenas nos cajueiros espontâneos e depois vendido ao comércio do mato, para ulterior exportação por intermédio das casas exportadoras indianas da província. Foi há anos constituída uma empresa para aproveitamento local da castanha de caju, mas a indústria encontrou, porém, grandes dificuldades na mecanização do descasque, de forma que está hoje a funcionar com base no descasque manual, o que tem como resultado um muito menor rendimento do que inicialmente se previa, tanto mais que tal processo dá ainda origem à depreciação do produto pelas alterações físicas e químicas que o mesmo sofre devido ao excessivo e prolongado aquecimento do bálsamo extraído da casca da castanha de caju. Durante o ano de 19-58 foram realizadas experiências de diversos sistemas mecânicos tendentes a solucionar o problema, mas, ao que parece, não se atingiu ainda a eficiência desejada.

Conforme se verifica nos mapas atrás, em 1958 manteve o caju uma apreciável posição no quadro das exportações da província, mas ainda longe, porém, das vastas possibilidades que uma intensiva e bem estruturada industrialização pode oferecer. Não obstante, em relação a 1907, exportaram-se em 1958 mais 27 062 t deste produto, no valor de 30 019 contos, o que se pode considerar de certo modo satisfatório.

Por sua vez, a cultura do chá, hoje também uma das de maior importância lia vida económica da província, ocupa uma área que ultrapassa os 12 000 ha, dos quais, porém, devido a circunstâncias várias, só 7500 ha se encontram em plena produção. Também este produto teve em 1958 reflexos agradáveis no volume das exportações moçambicanas, contribuindo com mais 1035 t, no valor de 27 417 contos, em relação a 1957.

A cultura da cana sacarina e a sua industrialização é também uma das mais importantes actividades económicas da província, quer pelo volume de capitais investidos e elevado número de trabalhadores que absorve, quer ainda pelo valor dos seus produtos: açúcar e álcool.

A produção de açúcar de 1958 excedeu a de 1957 em 10 066 t, no valor de 21 296 contos.

A cultura, do tabaco, por sua vez, beneficiou muito com a inauguração em 1955 do Proctor da Malena, embora os resultados obtidos até agora não sejam ainda os que parecia poder esperar-se desse melhoramento. Todavia, pela natureza e pelos vastos mercados que se poderiam abrir aos tabacos de M oçambique, esta cultura parece estar indicada para contribuir na intensificação da exportação de Moçambique.

De facto, o tabaco produz-se com relativa facilidade e, mesmo nos anos de colheita, inferior, os resultados são geralmente compensadores. O Grémio dos Produtores de Tabaco tem desenvolvido grandes esforços para satisfazer o escoamento do produto, tendo até, ao que se sabe, enviado a Lisboa uma sua delegação com o objectivo de contactar com os principais fabricantes metropolitanos. Assim, embora haja problemas relacionados com a sua colocação, pode dizer-se que foi em 1958 satisfatória a posição do tabaco na economia de Moçambique.

Das culturas de géneros de consumo indígena, além da mandioca e do amendoim, merecem referência especial a do arroz e o do milho:

A cultura do arroz faz-se dentro de um regime que se aproxima do que vigora para a do algodão. Por esse motivo, a orizicultura, embora antiga na província, só lá alcançou grande desenvolvimento depois que, por virtude daquele regime, se fizeram as demarcações das áreas de cultura onde o concessionário tem o exclusivo da compra para descasque do cereal.

Todavia, verifica-se em Moçambique um fenómeno semelhante ao que se deu na metrópole e na Guiné: a cultura do arroz não conheceu dificuldades até ao auto-abastecimento da província. Ultrapassadas que foram, porém, as forças da procura interna, logo se debateu com os problemas que resultam da existência de excedentes para os quais se não descortina comprador. Macau, o Estado da Índia e a União Sul-Africana eram mercados em potencial. Mas o comércio internacional de arroz tornou-se difícil, não sendo raros os produtores que, ao mais leve desequilíbrio entre a produção e o consumo, se mostram dispostos a fazer pesados sacrifícios para vender.

O exame retrospectivo do ano orizícola de 1958 permite-nos verificar que a produção foi superior à de 1957, mas que, devido à fraca produção de 1957, cresceram as exigências "de desenvolver-se, ampliando-se as exportações de ano para ano e a um ritmo animador, pois a sua campanha encerrou-se com um total de cerca de 120 000 caixas, equivalentes a cerca de 5 000 000 kg.

328. Sobre a pecuária podemos dizer em breves palavras que, embora de grande importância no distrito de Lourenço Marques e em Tete, não tem, todavia, na vida económica da província o relevo a que podia aspirar.

No Sul os criadores europeus, quase todos agrupados em cooperativas, abastecem a cidade de Lourenço Marques com o auxílio dos criadores indígenas, enquanto a cidade da Beira e os núcleos populacionais do centro da província são, por sua vez, abastecidos por Tete.

Os dois mais importantes centros industriais de Moçambique são as cidades de Lourenço Marques e da Beira.