Comércio externo e balança comercial Balança de pagamentos Pelo quadro a seguir elaborado se mostra que a balança comercial apresenta em 1958, tal como aconteceu nos três anos anteriores, um saldo negativo:

Embora neste quadro não figure o ano de 1954, devemos esclarecer que nesse ano ainda era positivo o saldo da balança comercial.

Portanto, nota-se que de 1954 para 1955 se deu um forte agravamento da referida balança, passando a mesma desde então a apresentar um saldo pronunciadamente negativo, saldo esse que em 1958 não só se manteve, como até se agravou.

A razão de tal desequilíbrio reside no facto de até fins de 1954 ter sido permitido aos Indonésios frequentarem livremente os portos da província, onde, em troca da copra que se lhes comprava e se reexportava depois, eles adquiriam grande quantidade de artigos de fácil colocação nos seus territórios.

E, a propósito do desaparecimento da reexportação de copra de origem indonésica, que era uma das fontes de relativo bem-estar da província, é interessante o relatório de 1956 do Conselho de Câmbios da província, de que transcrevemos a parte que queremos focar:

Os reflexos do desaparecimento da reexportação de copra de origem indonésica, reexportação que dava alma a um intenso movimento de trocas, a continuação de más colheitas-de café Arábica, tudo agravado pela alteração de dotações depressivas da borracha, ocasionaram em 1955 que decaísse sensivelmente o valor das exportações e mostram-nos em 1956 toda a extensão do recuo provocado.

Em 1955, porém, o crédito bancário, concedido a juro mais barato e facilidade de reformas, acordadas de 10 por cento de amortização, supriu a quebra de valor da exportação e a importação acusou por isso ainda subida de valor.

Mas em 1956, retraído o crédito pela limitação do desconto, sem que a exportação se levantasse, os stocks de mercadorias estagnaram, com todas as consequências na satisfação dos compromissos bancários, e a importação veio a situar-se em menos de 2 milhões do valor atingido no ano anterior.

É evidente que não houve regresso do nível de vida atingido, mas sem dúvida nenhuma que o poder de compra foi afectado.

Ora, não oferece dúvida que o ano de 1958 se integra sem descontinuidade na fase de reajustamento que se iniciou a seguir ao afrouxamento da conjuntura altista do café e da borracha, afrouxamento esse iludido até 1954 pela reexportação anómala da copra de origem indonésia.

Por outro lado, além de as cotações dos dois mais opulentos produtos da província terem mirrado continuamente nos últimos anos, a ponto de ao aumento de produção não ter correspondido um crescimento paralelo de valor, também a capacidade de consumo interno se manteve, em crescente progressão, tendendo para um nível legítimo em ritmo surpreendente.

Acresce ainda que o Governo da província - altamente interessado não só em guindar para o nosso tempo a população como também em promover o enriquecimento demográfico - não quis refrear a procura, antes a influiu e animou por meio da dilatação do crédito e de importantes investimentos em obras públicas.

Assim é que não só a procura no mercado interno vem sendo comandada por um certo sentido de escolha da qualidade dos artigos -sintoma evidente de uma ascensão do poder de compra médio da população e da consciência que a mesma vai tomando da possibilidade de nível material mais alto - como também, devido ao desenvolvimento dos meios de transporte e vias de comunicação, o enquadramento dos elementos civilizados com a população menos evoluída vai produzindo os seus benéficos efeitos derivados de permanentes contactos inter-regionais e dos microcentros urbanos do interior com a capital.

Por tudo isto, cresceu em 1958 o volume das importações em aceleração, que o surto da produção, apesar do incremento verificado nas exportações, não pôde acompanhar.

Daqui o novo agravamento da balança comercial da província em 1958.

Segue-se um quadro elucidativo das principais mercadorias importadas pela província em 1958 e variação dos respectivos valores em cada um dos três anos anteriores:

Conforme se constata, continuam os tecidos de algodão, tanto em peça como em obra, a merecer a primazia das importações da província.

De registar também, pelo seu significado, são as importações de alfaias e máquinas agrícolas e industriais (que pela primeira vez figuram no quadro das importações de Timor), o consequente aumento da de gasolina e a maior quantidade de ferro e aço para construções adquirida, tudo isto corroborando, aliás, quanto atrás dissemos a propósito da elevação do nível