um Portugal cada vez mais prestigiado no Mundo, que amou enternecidamente, trabalhando pelo seu engrandecimento e pela sua perene unidade, ruim imperativo a que todos nos encontramos fraternalmente ligados. Mas quero, sobretudo. Sr. Presidente, prestar homenagem ao homem que afastado da angústia em que viveu e dominado pela fé na sua ascensão ao infinito e no seu espírito, encontrou a bênção de Deus a acolhê-lo misericordiosamente no seu reino.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

um idealismo insubstancioso, com lógicos meridianos de cepticismo.

Nesse clima o interesse do espírito de Mendes Correia soube inclinar predominantemente, para além da estreita vida prática e rendosa, antes à cultura desinteressada.

A medicina preparou-o, com insatisfeito espírito de investigador, para a biologia; passou, como professor ilustre, daí à antropologia, nas suas variadas facetas, e por algumas delas a arqueologia, a etnografia, com seus pressupostos geográficos ascendeu à integração dos principais factores formativos da nacionalidade portuguesa, e, que o mesmo é dizer, depois conservadores dela.

Assim, publicou sucessivamente A Raça e a Nncionalidade, Povos Primitivos da Lusitânia e As Raízes de Portugal. Nesta ordem de deduções históricas, como português que era, portuense, legou-nos uma séria interpretação da importância do nosso burgo nas origens da nacionalidade.

Partido de outra formação universitária, a jurídica, encontramo-nos praticamente, em obra de administração construtiva, na Câmara Municipal do Porto, ele como seu presidente, eu como vereador. Destinou-me ele presidir, nessa qualidade, a sua principal iniciaram cultural camarária, como menina dos seus olhos - os Estudos Portugueses -, que foram e têm sido alargados pelos seus sucessores como viva saudade e renascida esperança da restaurada Faculdade de Letras.

E nesta qualidade de cidadão do Porto que principalmente o venho recordar aqui. Como geralmente sucede em toda a vida política, nem todas as horas lhe foram fastas. Mas sob tal aspecto não contribuiu pouco para desgostos inerentes à política a sua fundamental virtude de bondade e fidelidade aos amigos, com o seu reverso de medalha, de contemporiza coes discutíveis.

Orientando na última fase da vida o seu dinamismo pedagógico para o nosso ultramar, pôde o seu espirito porventura encontrar as satisfações de uma mais larga e compreensiva audiência, quer no patriotismo prático do seu magistério superior, quer na alta e merecida dignidade a que foi chamado: presidir à benemérita Sociedade de Geografia.

Sr. Presidente: assim, tirando a conclusão destas palavras e da sentida oração proferida pelo Dr. Urgel Horta e interpretando, estou certo, o sentir não só dos Srs. Deputados pelo meu distrito, mas o de toda a Assembleia, proponho um voto de profundo sentimento pelo falecimento do ilustre professor que foi o Dr. Mondes Correia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Interpretando o sentimento da Assembleia Nacional, defiro o pedido do Sr. Deputado Pinto de Mesquita para 4110 na acta da sessão de hoje fique consignado um voto de sentimento pelo falecimento do Sr. Prof. Mendes

Correia.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Castilho Noronha: - Sr. Presidente: com o mais vivo prazer cumpro o grato dever de dirigir deste lugar as minhas sinceras e entusiásticas saudações a S. Exa. o Ministro da Presidência, Dr. Pedro Teotónio Pereira, que desde o último sábado se encontra em Goa em visita oficial àquela província ultramarina.

Filho da índia Portuguesa, quero juntar a minha voz às vozes que nestes dias aí se erguem, num coro de vibrantes aclamações, em homenagem ao ilustre membro do Governo.

A distância a que me encontro não amortece o entusiasmo com que em espírito acompanho a triunfal jornada, que está a decorrer num ambiente de incomparável grandiosidade, de impressionante solenidade. Nem podia deixar de ser. A índia não podia manter-se indiferente, não podia ser insensível e honrosa visita de tão ilustre individualidade - ilustre pelas altas funções que exerce e mais ilustre ainda pela sua elevada categoria mental e moral, que lhe dá o direito de ser considerado como uma das figuras mais prestigiosas, como um dos maiores valores do Portugal de hoje.

Por isso não seria exagero afirmar que a índia revive nestes dias momentos mais felizes, mais gloriosos. da sua plurissecular história.

É o que inculcam e significam as apoteóticas manifestações que aí se multiplicam em honra do Sr. Dr. Teotónio Pereira. Essas manifestações proclamam bem alto a importância da visita, que é a primeira que o Sr. Dr. Teotónio Pereira, como Ministro da Presidência, faz às províncias ultramarinas.

Não me deterei a pôr em relevo o largo alcance político dessa memorável visita, que tão vincadamente assinala os dias que correm.

O Sr. Dr. Teotónio Pereira não encontrará, nas torras que está percorrendo, a índia do cravo e da pimenta. Não encontrará nelas a índia que, em tempos idos, deslumbrava pelo brilho do seu ouro, pelas cintilações dos seus rubis e diamantes. Nada disso. A índia na o atrai hoje pelas suas pedras preciosas, pelas suas especiarias. S. Exa. não verá aí nada que, no ponto de vista material, importe opulência, fausto, grandiosidade. Atravessará talvez com o coração angustiado as terras que, estendendo-se por uns escassos milhares de quilómetros quadrados, são tudo o que resta do vastíssimo império luso-oriental na Índia.