Insisto: aos leigos no assunto poderá parecer que se trata de quatro tipos de máquinas sem importância; mas quem procurar informar-se nas repartições competentes - na Direcção-Geral dos Serviços Industriais, nas circunscrições industriais na Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios - verificará o contrário.

O Ministério da Economia pode informar das licenças de importação que a sua Repartição do Comércio Externo tem passado para a aquisição destas máquinas.

As entidades alfandegárias podem também fornecer sobre as máquinas destes quatro tipos, que neste próprio momento se encontram a despacho, dados que merecem ser conhecidos e meditados.

E é no sector pautai a que me venho reportando que se deve prever um movimento mais intenso, pois abrange as máquinas onde as conquistas da técnica são progressivamente mais frequentes, u que implica uma continuada renovação para a defesa das produções tecnicamente económicas e rentáveis. Acrescentando-se, o que é importantíssimo para o juízo que haja de fazer-se, que os contínuos de fiação, os torcedores, etc., de forma alguma podem ser fabricados em Portugal.

Com a impressionante expressão dos números, aqui ofereço alguns exemplos que marcam o abismo que se cavou entre a pauta, revogada e a pauta actual.

Exemplo de um retorcedor:

Exemplo para dois contínuos de fiar:

particular que pode enfrentar tamanha surpresa? Sobretudo quando não tem a apoiá-la, como é o caso, os financiamentos impessoais do Estado ou de outros organismos supercapitalistas afins, e em que o capital que gira é suor e trabalho do próprio industrial?

Desta ordem, só na Covilhã, em relação a encomendas firmadas, há pelo menos quatro firmas. E de uma outra

sabemos também que tem entre mãos, para decisão rápida, um plano de aquisição de máquinas de 10 000 contos. São muitos e muitos milhares de contos que estão em jogo!

Posso esclarecer a Câmara de que a indústria de lanifícios adquiriu, de 1945 a 1955, 302 000 contos de máquinas novas e tem em curso um plano de reapetrechamento, por substituição até fins de 1960, em que deve investir para cima de 240 000 contos.

Como vai reagir a indústria? Suspender as suas encomendas? Perder os adiantamentos já dados aos seu: fornecedores? Cancelar os seus largos planos de investimentos? Ou dispor-se a investir na aquisição de máquinas valores suicidas?

Pergunto ainda: se se criam dificuldades desta natureza a um indispensável e continuado apetrechamento fabril, como vai a indústria de lanifícios poder concorrer, na Zona Europeia de Comércio Livre dos Sete, por exemplo, com esse potentado têxtil que se chama Inglaterra?

O que acabamos de apontar é ale tal maneira chocante, envolvo aspectos tão contraditórios no domínio da superior governação pública, com propósitos anunciados o medidas efectivamente adoptadas, que só o podemos levar a conta de inadvertência.

Como explicar de outra forma o alheamento e desinteresse com que foram olhadas as situações de facto, incentivadas pelo Governo e decorrendo dentro da mais justa e razoável expectativa ?

É tão evidente a contradição entre o que se procurava atingir com o Decreto n.º 40 874 em vigor até fins de 1960 e o que agora se dispôs, que quase chega a parecer que o Estado dá dez com a mão direita para tirar vinte com a esquerda. O que evidentemente, não e bonito, nem cristão.

Andará nisto tudo um invisível poder maléfico que o desígnio dos homens não pode comandar? Não. Continuo convencido de que há lapso, unicamente lapso.

S. Ex.ª o Ministro das Finanças, governante dos mais ilustres, com assinalados serviços prestados à Nação e a quem nesta Assembleia reiteradamente têm sido dispensadas as homenagens do mais rasgado apreço e respeito, por certo encontrará a palavra de ordem que restabeleça de pronto a confiança e a tranquilidade na indústria têxtil, neste momento a braços com uma justificada inquietação.

É o que confiadamente esperamos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cid Proença: - Sr. Presidente: sem a necessidade de qualquer ajustamente de conveniência prática como há vinte anos, este ano da graça de 1900 será de dupla comemoração centenária.

Parece, porém, ter surgido no espírito de alguns, com desgosto não acomodado, a ideia de que uma fatal idade inexorável obrigaria a separar o que tanto a simples coincidência cronológica quanto a significação manifesta de certos passos da história haviam estreitamente aproximado.

O caso seria este. Como os nossos bons cuidados e esforços deveriam ficar mobilizados na justificadíssima exaltação do infante, forçoso seria por agora, muito a pesar nosso, sacrificar a de Nuno Alvares.

A razão, valha a verdade, por muito ponderosa e convincente que se afigurasse, dava magro consolo às expectativas desenganadas.

O Sr. Cortês Pinto: - Muito bem!