O Orador: - Ás opiniões entretanto escritas sobre o assunto, com unanimidade impressionante, traduzem, a meu ver, uniu afirmação de consciência nacional, que constitui motivo de desvanecimento legítimo e de fundadas esperanças.

Nação Portuguesa não esqueceu o seu Nuno Alvares.

Vozes: - Muito bem!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tanto mais que não faltam a propósitos.

Assim, continua em aberto, Sr. Presidente, a dívida do monumento ao herói e será já sempre tardia a justiça que ele representa, sobretudo se nos dermos a recordar e a comparar ...

Creio que esta oportunidade única não a deixaremos fugir de mãos. Lembramos a todo o passo o dito famoso de Valverde; caiu-nos a nós agora a vez de proclamar que «é tempo», e bem tempo, de saldar tão velha conta.

O melhor do programa o faríamos depois, sem que fosse mister sobrecarregar em demasia o cerimonial e o orçamento, com a empresa benemérita de ao longo do ano ir prendendo a atenção e suscitando o entusiasmo da nossa juventude pelo herói generoso e puro que desde verdes anos combateu «defendendo justa causa» e sempre, ele também, «as graças deu a quem lhe deu vitória».

Dizia Carlyle, e tinha razão, que os homens superiores são de proveitosa companhia. Pois quando esta geração vê saírem-lhe a caminho os desvairados paladinos de todas as aberrações da inteligência e da vontade, b om é que o condestabre e o infante tenham vindo lambem e estejam e fiquem como modelos dignos de serem exaltados e vividos.

Estes não nos dividem, não nos apoucam, uno nos levam a transigir ou a renunciar.

Falam-nos da independência, da unidade e da missão de Portugal; convidam-nos à isenção e ao desinteresse pessoal, à fidelidade aos ideais jurados, no trabalho com persistência e sacrifício.

Só mais uma palavra, Sr. Presidente.

As homenagens que durante este ano jubilar hajam de ser prestadas ao nosso último grande capitão medieval em nada ensombrarão, evidentemente, a apoteose do ínclito descobridor dos segredos do mar oceano, que em si todos queremos expressiva e soleníssima e por parte do País será consciente e entusiástica.

E não prejudicarão, creio eu, novas e universais homenagens que ao próprio D. Nuno acaso venham a ser devidas nu hora, que Deus abrevie, do sumo reconhecimento das suas virtudes em nível heróico.

Até lá, porém, Sr. Presidente, só pode desejar-se que na devoção dos Portugueses, desta ou daquela sorte traduzida, apareçam lado a lado, como em Ceuta, o infante sonhador e pioneiro e o invicto e Santo Condestável. Merecem e obrigam-nos. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cortês Pinto: -Sr. Presidente, Srs. Deputados: pedi a palavra para antes da ordem do dia. E, em boa verdade, nunca assunto algum esteve mais relevantemente colocado antes de qualquer ordem do dia do que este, que representa um verdadeiro motivo de júbilo nacional, e que eu quisera ver bem posto, em toda a sua profundíssima evidência, perante a consciência de todos os portugueses.

Refiro-me ao triunfo económico e diplomático alcançado no seio da Organização Europeia de Coordenação Económica pela nação do Secretário de Estado do Comércio nas assembleias que reuniram em Paris, num elevado espírito de cooperação, defesa e auxílio, os representantes económicos de vinte países, dezoito europeus e dois americanos: Estados Unidos e Canadá.

Cabe a esta Assembleia, para bem corresponder ao alto significado do seu justo título de Assembleia Nacional, comover-se e palpitar com tudo o que representa uma vibração mais alta na constelação dos altos interesses nacionais, mormente quando eles se colocam no concerto das nações, e apontar ao reconhecimento público o nome de quem nos assegurou a posição que nos era devida na superestrutura económica do Ocidente, demonstrando aos estadistas da América e da Europa a autenticidade e alto valor da nossa armadura económica.

Este triunfo confirmou e coroou, dentro de um plano mais vasto, o êxito já obtido em Estocolmo, e do qual dependia a salvaguarda dos interesses de Portugal na difícil emergência económica motivada pela profunda revolução realizada no tradicional xadrez das relações comerciais entre as nações, quando se avizinha a formação de um novo mundo em moldes nunca dantes conhecidos.

É sobre este problema e sobre a solução referente a Portugal que me parece conveniente dizer algumas palavras de esclarecimento, expondo em traços muito largos os principais pontos dos convénios que interessam no ponto de vista nacional.

Que esta obra se não resume ao campo restrito da ordem económica, mas o transcende na ordem política, basta abarcar o panorama genérico da renovando da vida internacional para disso nos apercebermos.

Se a Organização Europeia de Coordenação Económica anunciava já uma necessidade de adaptação a novos condicionalismos da vida internacional, promovendo a formação de uma frente de interesses comuns que as nações de per si eram já insuficientes para salvaguardar, a primeira cristalização operada no seio da Organização Europeia pela formação do 1.º Mercado Comum conduziria naturalmente os outros estados da Europa a defenderem-se em face do grupo neo-formado e a reverem as suas orgânicas, anula estabelecidas em relação no passado, organizando-se rapidamente, para entrarem numa nova coligação preventivamente ordenada em relação ao futuro.

Na realidade, o 1.º Merendo Comum - constituído pela França, Benelux, Alemanha e Itália, organizado pelos estadistas daquelas nações, que a si próprias, e sem se preocuparem tom a existência de outros povos europeus, se atribuíram a representação de toda a Europa, designando-se impropriamente por Euromercado - representava alguma [...] de novo na sociedade dos povos europeus. O seu bloco, estabelecido sob