campos que se avizinham, que participam mesmo do carácter de actividades culturais (quero referir-me à instituição das Corporações da Imprensa e Artes Gráficas e dos Espectáculos), S. Exa. o Sr. Ministro das Corporações e Previdência Social proferiu um importante discurso, ao qual talvez não tenha sido dado o necessário e merecido relevo. Foi o caso de certa imprensa - e até aquela que maiores responsabilidade tem -, que, não o transcrevendo na íntegra, omitiu precisamente aqueles pontos em que S. Exa., com inteiro espírito realista e com inegável coragem, apontou a existência de duas correntes extremistas a respeito da extensão dos legítimos poderes de acção e intervenção económica que, na sua justa medida, penso eu, têm de constituir necessário apanágio das corporações, para que elas se não transformem ou em perigosas e anti-sociais cidadelas de defesa de interesses particularistas ou, na inversa, em organizações vazias de conteúdo.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Soube S. Exa. denunciar, primorosa e magistralmente, os perigas que se acoitam de um e de outro lado dessas concepções, ambas contrárias ao espírito da nossa política e da nossa doutrina.

E é preciso realmente que todos compreendamos e sintamos o mal que pode resultar de atitudes extremas, embora sinceras e bem intencionadas, possivelmente e mesmo muitas vezes justificadas sob determinados aspectos de carácter restrito.

Esquece-se frequentemente que a procura e oferta simultâneas de real colaboração, que o uso da persuasão com a autoridade resultante da verdadeira competência e dedicação se substituem com vantagem aos iluminismos, autoritarismos ou pedantismos de ciência certa; que é bem fácil, com um pouco de maleabilidade e de ecletismo razoável e prudente, sem histerismos, desbravar caminhos, cortar arestas, facilitar soluções, adquirir mais e mais sinceros colaboradores, atingir os objectivos necessários e convenientes, sem bravatas e sem bravames, enfim, construir de facto, não talvez optimamente, mas o melhor possível!

E porque todos nunca seremos de mais para as tarefas que nos incumbem, nunca também me cansarei de repetir que se torna indispensável e urgente definir, clara e nitidamente, o meio termo justo em que todos nos possamos e devamos encontrar.

Mas, Sr. Presidente, eis porque também julgo ser impossível a coexistência de formas diferentes de encarar os grandes problemas de parte dos vários departamentos do Estado.

Um nosso ilustre colega, hoje chamado a funções de maior responsabilidade, pois é membro do Governo, o Deputado Dr. Dias Rosas, actualmente Digmo. Subsecretário de Estado do Comércio, falou aqui, na última sessão legislativa, da divergência de óptica dos Ministérios das Corporações e da Economia.

Se ela realmente existe - e todos nós sabemos que isso depende sempre e afinal mais do espírito e da actuação do funcionalismo do que dos próprios titulares das pastas -, urge fazê-la

Vozes: - Muito bem, muito bem!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: porque sinceramente convicto do que em tais problemas pode estar um calcanhar de Aquiles da nossa política, que não da nossa verdadeira doutrino, insisto nestes depoimentos de homem simples.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sarmento Rodrigues: - Sr. Presidente: no fundo de uma mina de carvão de Clydesdale, na vizinha União Sul-Africana, estão soterrados, talvez para sempre, 194 trabalhadores moçambicanos, vítimas d desmoronamento e obstrução que lhes impedem o caminho da saída. Nem porque a catástrofe teve lugar num país estrangeiro podemos nós alhear-nos de triste realidade de que se trata, da perda provável de 104 compatriotas nossos, que honestamente procuravar ganhar a sua vida, tendo afinal encontrado no seu caminho a morte. Moçambique está de luto, e com ele a Nação Portuguesa.