(...) de Turismo aos empréstimos da Caixa Nacional de Credito ou como caução dos empréstimos a conceder directamente pelo Fundo, nos termos do Decreto n.º 40 913.

Estão na Mesa as contas da Junta do Crédito Público relativas a 1958, as quais vão ser publicadas em suplemento ao Diário de hoje e baixam à Comissão de Coutas Públicas desta Assembleia.

Estão na Mesa os elementos fornecidos pelo Ministério da Marinha e que foram requeridos em sessão de 13 de Janeiro último pelo Sr. Deputado Munoz de Oliveira. Vão ser entregues a este Sr. Deputado.

Encontra-se na Mesa o parecer da Câmara Corporativa sobre reorganização do desporto, o qual vai baixar à comissão respectiva desta Assembleia e será dado proximamente para urdem dos trabalhos desta Câmara.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Desejo comunicar à Câmara que durante o interregno parlamentar faleceu o pai do Sr. Deputado Amaral Neto. A Câmara certamente desejará exprimir ao nosso ilustre colega o sen pesar por esse acontecimento. ,

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Está na Mesa um ofício do Ministério dos Negócios Estrangeiros transmitindo diversas informações sobre cada um dos Deputados que constituem o Grupo de Amizade Turco-Português.

Vai baixar à Comissão dos Negócios Estrangeiros.

O Sr. Presidente: - Está na Mesa um ofício da Embaixada do México, que vai ser lido.

(Assinatura ilegível).

Al Ex.mo Sr. Dr. Albino dos Beis, Presidente de la Asamblea Nacional. Palácio de San Bento, Lisboa.».

O Sr. Presidente: - Tenho o prazer de comunicar u Assembleia que durante o interregno parlamentar fomos visitados por uma comissão de parlamentares mexicanos, Senadores e Deputados, que visita a Europa numa missão de boa vontade. Deve notar-se que esta comissão de parlamentares teve a preocupação de por europeus, começar por Portugal a sua visita a diversos países

Congratulando-me com tal facto, formulo os melhores votos para que do labor desta comissão resulte uma maior aproximação entre o México e Portugal.

Pausa.

O Sr. Amaral Neto: - Sr. Presidente: pedi a palavra para agradecer a V. Ex.ª e à Assembleia os sentimentos que há pouco se dignaram manifestar-me.

O Sr. Presidente: - Como é do conhecimento da Câmara, faleceu há dias na sua casa do Belinho o grande poeta Correia de Oliveira. Correia de Oliveira foi sem dúvida, uma das mais geniais organizações poéticas, e nesse domínio a mais lídima expressão da sensibilidade do povo português e, uma glória esplendorosa da literatura nacional. Certamente a Câmara desejará desafogar o seu sentimento pelo infausto acontecimento, que representa uma grande perda nacional; e eu darei a palavra aos oradores que para esse fim a solicitarem.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cortês Pinto.

O Sr. Cortês Pinto: - Sr. Presidente: durante o período de suspensão dos trabalhos desta Assembleia Nacional entregou a sua alma a Deus alguém em cujo corpo se encarnava em génio e em graça a própria alma nacional.

Faleceu António Correia de Oliveira. Dentro da mesma hora de vigília em que nasceu o dia a alma do poeta amanhecia no Paraíso!

E nesta Assembleia, representativa de Portugal, em cujas sessões se hão-de assinalar os dias da nossa tristeza e os fastos da nossa grandeza, alguma voz haveria de levantar-se a marcar, com unia cruz de missal ou com uma estrela de ouro, a data desta efeméride no livro de horas do nosso florilégio nacional.

Permita-me a Assembleia que, como Deputado da Nação, seja em nome de todos nós que eu venha grafar junto do seu nome, a mínio e a ouro, u cruz e a estrela.

Outros o fariam e porventura o farão melhor do que eu. Mas este dever, tão grato ao meu coração, impõe-me ainda, e muito particularmente, a honra que me cabe de representar nesta Assembleia o distrito de Viseu, berço ancestral da Pátria Portucalense e madre primitiva daquela lusitanidade que em António Correia de Oliveira teve o seu poeta natural. Acresce ainda a circunstância de ser eu quem neste momento está dirigindo, por honrosa incumbência da respectiva comissão, a edição nacional das obras completas do altíssimo poeta.

Que a minha voz ao lembrá-lo possa ser, neste Capitólio da Pátria, a voz intérprete da alma colectiva da Nação.

Foi nas terras de Viriato, no mais remoto berço da nossa história, que os olhos do poeta se abriram para a luz dos céus, o seu coração para a Pátria Lusíada e a sua alma para a poesia do universo.

Àquela paisagem idílica e grave da Beira Alta ficaria sempre subjacente à inspiração do mais profundo da sua obra, quer na face campesina ou agreste do seu corpo de terra, em que as várzeas luminosas e humíferas alternam com penhascosos e hermínios cerros erguidos para a luz, quer na influição subterrânea misteriosa e pelásgica dos seus vales abruptos, dos seus maciços

ciclópicos, dos recôncavos sussurrantes e das suas sombras austeras.

Dir-se-ia que, por nado e criado mesmo no coração da primitiva Lusitânia, para sempre a Lusitânia ficaria a latejar e à vibrar em seu próprio coração. E para os seus versos transportaria o húmus, as raízes e a paisagem; e neles faria presentes em toda a sua obra as gentes do nosso tempo e as almas da nossa história.