Nos nossos territórios de África a tranquilidade mantém-se inalterável e neles não é possível encontrar vestígio de agitarão interior, por mais que pese aos que, consciente ou irreflectidamente, ajudam a soprar os ventos ateadores de fogueiras que devoram, nessa gigantesca queimada que já nos ronda, o património civilizador que o bom senso aconselharia a preservar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nos territórios portugueses a sombra da nossa bandeira projecta-se como símbolo de paz, pela adesão serena das populações ao respeito e à defesa da soberania, de Portugal, que não pesa como fardo e, antes, se venera fumo bem próprio, que por nada se aceita discutir ou se admite perder.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Nesta posição, e com a energia que se torna necessária, estamos certos de que a nossa soberania sobreviverá, entendendo-se que sobreviver não significa, apenas durar um pouco mais do que outros.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Assistiremos, sem dúvida, ao desenvolvimento daquela estratégia agressiva que contra nós se dirige e só há vantagem em que disso todos tenhamos conhecimento, falando claro, para que a ninguém fiquem dúvidas sobre as horas de preocupação que teremos de atravessar. Novas calúnias veremos urdidas em breve, renovadas manobras contra nós se conduzirão e de fora das fronteiras devem procurar infiltrar-se elementos agitadores no intuito de apresentarem como nossos problemas que só podem surgir quando importados do exterior.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O Orador: - Temos o dever de denunciar claramente este plano, demonstrando com o passado recente e com o presente que vivemos a ausência de quaisquer conflitos internos, de modo que não sejam lícitas dúvidas quanto às causas e nem constitua surpresa a energia firme com que tenhamos de proteger as populações, de todas as raças, contra os agentes da desordem, que se apresentam, em verdade, como agressores estrangeiros.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Mantenho a mais fundada esperança em que o conhecimento da nossa posição, a verificação da ausência de ambiente favorável às manobras subversivas e o reconhecimento da honestidade dos nossos princípios nos protejam, de forma, eficaz, suscitando o respeito a que temos direito, mesmo por parte daqueles que não nos possam compreender. Para tanto, o primeiro passo estará em mantermos calmamente o nosso pacífico labor, continuando a fomentar o desenvolvimento dos nossos territórios africanos sem alarmes deslocados e sem demoras dispensáveis.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Evidenciaremos assim o propósito de permanecermos tal como somos, renovando o argumento, que a história nos recorda, de não ser fácil tirar da casa própria quem nela se disponha a ficar.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Pertence, sem dúvida, ao Estado a primordial missão de intensificar a estrutura básica impulsionadora do progresso, de acarinhar todas as iniciativas que ao ultramar se dirijam, de apoiar os investimentos, não cerceando a poupança privada de capitais como a mais útil fonte de desenvolvimento, e de adoptar as medidas de segurança que a todos transmitam a confiança indispensável.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Estou seguro de que o Governo não descurará estes aspectos na hora decisiva que vivemos, buscando mobilizar recursos em ritmo equilibrado com as necessidades, como estou certo de que nesse ambiente os portugueses de África saberão corresponder, para além de interesses momentâneos, à honrosa missão que se lhes atribui.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- A clareza, de visão dos problemas e a serena firmeza que existe por parte do Govêrno em tudo que aos problemas africanos se refere demonstram que não nos contagia a precipitação com que tantos dos que maior peso de responsabilidade naquele continente detém enjeitam deveres assumidos, mais parecendo mover-se como manobradores de política partidária - no jogo perigoso dos arranjos que comprometem - do que como estadistas ao serviço do propósitos nacionais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E assim se vão perdendo em África posições para a defesa da civilização ocidental, que noutras zonas os mesmos se afadigam em acautelar.

No nosso caso proclama-se, e não se esquece, que a Europa se pode perder em África. Daqui nos vem a certeza de que, mantendo sem alteração a firmeza governativa e sabendo afastar as divisões que pudessem enfraquecer-nos, para nós a África não se perderá na Europa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Os movimentos compreensíveis das populações civilizadas de África, que denunciam o intuito de se separarem dos laços que as prendem às metrópoles, para mais livremente, embora menos poderosamente, buscarem defender os seus direitos e a ameaçada paz de que beneficiam, não têm assim paralelo possível com o nosso caso. por mais que intencionalmente o propalem certos arautos cujos objectivos se descortinam.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Para os portugueses de África a sua independência é a independência de Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Todos juntos a haveremos de manter, em qualquer ponto do território português, porque todos a perderíamos se se perdesse a independência nacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como já em tempo o afirmei, Portugal tem em África vida própria, e não uma presença consentida por arranjos ou mantida por equilíbrios transitórios.

Somos ali os mesmos que na Europa, na Ásia ou na Oceânia e sentimo-nos tão ligados à vida e aos proble-