Tudo isto, Sr. Presidente, nos diz respeito, pois que diz respeito à nossa comunidade: uniu comunidade que não é de interesses, pois nela sobrelevam outros sentimentos mais nobres.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - «Carne da nossa carne, sangue do nosso sangue, vibrando connosco no influxo das mesmas emoções, nas horas de júbilo e pesar».

Repito assim, mais uma vez, as palavras inspiradas que o insigne Presidente Kubitcheck de Oliveira dirigiu a Portugal. Repito-as e devolvo-as, porque elas traduzem magistralmente os sentimentos que todos nós dedicamos ao seu grande Brasil.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É esta uma hora de pesar para o Brasil; é, portanto, uma hora de pesar para a Nação Portuguesa. Quero, pois, desta Casa, que representa o povo- português, dirigir uma expressão de viva e fraterna solidariedade ao povo irmão do Brasil, neste dia de tristeza e dor para a comunidade luso-brasileira.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: a Câmara ouviu com verdadeira emoção as palavras do Sr. Deputado Sarmento Rodrigues. É natural. Se há acontecimentos externos que tenham dentro de Portugal repercussão profunda, esses são os acontecimentos que se produzem no Brasil. Vibramos de alvoroço com as suas alegrias. Mas, sobretudo, sofremos com as suas desgraças, como se recaíssem sobre membros da nossa comunidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Assim, a catástrofe que atingiu centenas de milhares de lares brasileiros tocou a nossa sensibilidade. O País tem acompanhado com verdadeira angústia a marcha inexorável da imensa tragédia, que deixou tantos irmãos nossos sem lar, sem tecto e sem recursos.

Creio, assim, que a Câmara, intérprete dos sentimentos da Nação, quererá afirmar ao Brasil a sua solidariedade.

E, em nome da Assembleia, enviarei ao Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil a expressão da nossa solidariedade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Melo e Castro: - Sr. Presidente: desejava solicitar a atenção do Governo para a necessidade, que se torna cada vez mais instante, de ser resolvido o problema, que há muito se arrasta, da construção do porto de Sines.

Os dados do problema são conhecidíssimos das instâncias competentes, tantas e tantas vezes tem sido feitas tentativas para a sua resolução. Posso dispensar-me do os desenvolver.

Trata-se de um concelho com 80 por cento da sua actividade dependente da pesca, que, por não ter ainda conseguido o seu molhe de abrigo, todos os anos vê a maioria da população durante a invernia caída na miséria e no desânimo.

Trata-se de uma obra que a técnica aponta como simples e pouco onerosa, porque as condições naturais da baía são excepcionais. É só completar a obra da natureza.

Trata-se de uma necessidade evidente da segurança geral da navegação, porque na longa extensão de 200 km de costa, de Setúbal a Lagos, não há qualquer abrigo.

Trata-se de um muito expressivos, à necessidade e à facilidade desta obra.

Os Sinienses não perderam, nem querem perder, as esperanças de que esta necessidade há-de ser satisfeita por um Governo que já satisfez outras semelhantes de outros pontos do País. Esta é, agora, verdadeiramente clamorosa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Peço para ela a boa vontade do Governo.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Rocha Peixoto: - Sr. Presidente: se o assunto que hoje pretendo abordar tem para a sede do meu distrito, Vila Real, um interesso turístico, além de outros, não menos interessa o mesmo assunto ao País. ao seu património cultural, à sua herança histórica, cujo valor e expressão é grato e imperativo salvaguardar e amorosamente atender.

E quando se trata de documentação, que preenche e esclarece lacunas e obscuridades de um passado remoto; quando ela revela, exemplifica e ilustra aspectos da vida material e espiritual da nossa milenária, ascendência, constituindo lição rara, e por vezes única, de uma vivência extinta, então é crime de lesa-cultura, é roubo ao património nacional, é degradação de nós próprios, não legar aos vindouros intactas, se não valorizadas, as fontes onde mergulham as raízes da nossa formação histórica.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se não é menos grato o dever de salvar da ruína ou perda as florações de uma cultura que, no decurso de séculos, dia a dia vem sendo elaborada, cuja feição e pendor essas florações definem e atestam, só no estado e conhecimento daquelas fontes assenta a explicação da sua génese, do seu conteúdo e do seu peculiar desenvolvimento através das idades.