Assim, a balança de pagamentos voga ao sabor, por um lado, de um surto nas exportações, por outro lado, da movimentação de invisíveis, entre os quais começa a ter papel importante o turismo, que já em 1957 concorreu com 400 000 contos, embora o saldo diminuísse para 352 000 contos em 1958, e pode bem elevar o seu contributo para cifra muito maior, parecendo estar à vista a cifra de 1 milhão de contos no total da entrada bruta de cambiais, se for bem organizada a indústria.

Os números que seguem dão a discriminação da balança de pagamentos para 1958:

Transacções correntes:

Mercadorias: Milhares de contos

Invisíveis correntes: Metrópole:

Turismo ................. + 352

Rendimento de capitais... + 47

Transferências privadas.. +1 421

Saldos das transacções correntes. + 638

Operações de capital ............ + 357

Saldo geral da Balança........... + 1 180

Um ligeiro exame dos números mostra que o equilíbrio da balança de pagamentos resultou do reforço do produto dos invisíveis correntes, que este ano atingiram a soma de 3 232 000 coutos, e da diminuição do déficit da balança do comércio externo, que se reduziu de 3 708 000 contos em 1957 para 2 594 000 contos em 1958. O saldo das transacções correntes melhorou consideràvelmente, passando de negativo a positivo. Esta melhoria ofuscou a diminuição Mdo saldo de operações de capital, que se reduziu 357 000 contos, contra 682 000 contos em 1957.

Os invisíveis correntes desempenharam, pois, um papel muito importante nos pagamentos nacionais. Neutralizam o déficit do comércio externo e ainda, como em 1958, diminuem a influência da oscilação do saldo do movimento de capitais, que paradoxalmente se reduziu bastante.

O saldo do turismo aparece este ano com 352 000 contos, apesar de uma receita total da ordem dos 735 000 contos. O português viaja hoje muito mais e gastou nessas viagens em 1958 cerca de 383 000 contos, o que é considerável.

Esta febre de ir ao estrangeiro, que se desenvolveu bastante nos últimos anos, tem o seu reverso com a elevada conta de gastos apenas contrabalançada pelo maior incremento na vinda de turistas. Pode ser que a exposição de Bruxelas tivesse influenciado a elevada despesa dos turistas nacionais.

Nos invisíveis correntes continuam apenas favoravelmente as transferências privadas, que incluem as dos emigrantes. Ainda melhorou, embora ligeiramente, o saldo para 1 421 000 contos.

Outra verba de grande interesse é a que diz respeito ao ultramar, onde se incluem, em forte percentagem, as receitas dos serviços de transportes em Moçambique e, em muito menor escala, em Angola.

Os transportes e seguros continuam a ser deficitários e talvez não haja possibilidade, sobretudo no primeiro caso, de melhorar os respectivos saldos.

O País ainda paga por transportes ao estrangeiro 991 000 contos e recebe por serviços prestados na mesma rubrica 552 000 contos.

Quanto a seguros, a verba de 143 000 contos no débito, contrabalançada por 114 000 contos no crédito, parece ser elevada e susceptível de baixar. Pode oferecer-se a exame, como súmula do que acaba de se escrever, um quadro que mostra as diversas variáveis que influem na situação económico-financeira dos últimos anos.

Vê-se que a circulação fiduciária subiu de cerca de 625 000 contos e que a melhoria na balança de pagamentos atingiu 1 006 000 contos no último ano, produzindo o saldo positivo de 1 180 000 contos. Os preços, quando medidos pelo índice de 1948, mantiveram-se constantes, verificando-se uma ligeira baixa no nível, se for considerado o índice de 1927. As disponibilidades sob a forma de depósitos no banco emissor ainda aumentaram para 9 895 000 contos, mais cerca de 600 000 contos do que no ano anterior.