A primeira nota de interesse que oferecem os números é o grande aumento das receitas das receitas (crédito).

O acréscimo tem sido progressivo e sempre ascendente.

Partindo de receitas no valor de 311 000 coutos em 1953 atingiram-se 735 000 contos em l958, um aumento de 424 000 contos em seis anos, ou a média de 84 800 contos por ano nos cinco anos. Não se podem usar, porém, médias neste tipo de indústria, que é essencialmente subjectiva e dependente, mais do que qualquer outra, de desejos, anseios ou até factores alheios à própria personalidade que lhe dá origem.

A oscilação nas variações das receitas é manifesta no quadro. Enquanto em 1954 o aumento, em relação a 1953, atingiu 134 000 contos, ele desceu para apenas 39 000 contos em 1958 em relação a 1957.

Quer isto significar afrouxamento na intensidade do interesse turístico por Portugal?

Não se pode chegar a esta conclusão, dado que em 1958 as receitas atingiram o máximo na série de seis anos, com 735 000 contos, o que é, na verdade, uma soma respeitável, se se comparar com os 311 000 contos de 1953. Como o aumento naquele ano, em relação a 1957, foi de 39 000 contos, o mais baixo na série de anos, parece poder concluir-se ter havido certa hesitação na progressão ascendente verificada nos últimos anos.

Este é um aspecto do problema que necessita de ser vigiado. Convém melhorar cada vez mais as condições de atracção turística, com o objectivo de elevar progressivamente a corrente de viajantes até às possibilidades oferecidas pelo País, que são bem maiores do que as indicadas pelo valor das receitas em 1958.-

E esta necessidade torna-se urgente quando se examinam as cifras do débito, porque o português viaja cada vez mais.

As suas despesas no estrangeiro elevaram-se a 205 000 contos em 1953 e subiram para 3S3 000 contos em 1958.

Há manifesta irregularidade nas despesas, porquanto de um máximo de aumento de 94 000 contos num ano (1954) se desceu nos anos seguintes para diminuições de certo relevo (menos 51 000 contos em 1956 e menos 8000 contos em 1957, em relação aos anos anteriores). Mas logo 1958 apresenta acréscimo volumoso (mais 87 000 contos). É bem verdade que neste ano teve lugar a exposição de Bruxelas e o acréscimo na despesa deve traduzir a corrente de viajantes portugueses que visitaram aquela cidade.

Em todo o caso as viagens de nacionais neste ano reduziram o saldo para quantia inferior à de 1957 em cerca de 48 000 contos. Assim, o aumento de receitas para 735 000 contos foi contrabalançado pelo aumento de despesas para 383 000 contos. Os saldos líquidos do turismo nos dois anos de 1957 e 1958 subiram, respectivamente, a 400 000 contos e 352 000 contos.

São estas as cifras que é preciso elevar para somas duas ou três vezes maiores, para cifras que se aproximem ou excedam l milhão de contos. Não é impossível atingir esta importância, que deve constituir o objectivo de uma política progressiva, com sentido económico e utilitário, mas para esse efeito, devem introduzir-se grandes melhorias nos instrumentos económicos promotores da indústria do turismo.

A importância das estradas no turismo As estradas desempenham uma- função de primeira grandeza na indústria do turismo e com o desenvolvimento do automóvel a sua importância tende a acentuar-se.

Ao aumento do número de entradas e saídas de automóveis pelas fronteiras portuguesas corresponde acréscimo nas receitas do turismo, tal como se indicou acima.

Um pequeno quadro mostrando o movimento das fronteiras indica o considerável desenvolvimento do tráfego por automóvel desde 1954.

Se forem comparadas estas cifras com as que se publicaram acima relativas às receitas do turismo verifica-se nestas um aumento de 445 000 contos em 1954 para 735 000 contos em 1958.

O progresso de entradas (e saídas) de veículos estrangeiros acentuou-se a partir de 1954, como mostram as saídas, que de 13 355 em 1954 passaram para 29 464 em 1958, bastante mais do dobro.

O movimento nas fronteiras atinge perto de 60 000 veículos, concentrados em poucos meses.

A evolução destas cifras em quatro anos indica a importância da estrada na indústria do turismo. O grau de saturação ainda não foi atingido, mas já há queixumes e reparos da parte de visitantes sobre o congestionamento de certas vias de penetração, como a que se dirige para o centro do País da principal estação fronteiriça, que é a de Vilar Formoso.

O problema de uma boa estrada que atravesse o País de Vilar Formoso à capital, com características que permita rápido escoamento do tráfego internacional, aparece assim como uma das mais instantes e urgentes necessidades nacionais.

Ela deverá naturalmente ser o complemento nacional da estrada europeia que, partindo de Estocolmo, atravessando toda a Europa, tem seu término em Lisboa.

O turismo moderno O turismo, pelo que respeita a comunicações terrestres, precisa de ser convenientemente planificado, em conjunção com unia cadeia eficiente de acomodação hoteleira. As estradas e os hotéis são hoje a sua base.

Ora não parece haver coordenação razoável entre estas duas poderosas alavancas de uma indústria que pode bem vir a ser a mais rendosa do agregado nacional.

A política seguida até há relativamente poucos anos insiste na valorização da capital, de Lisboa, e em menor escala de algumas zonas do litoral, especialmente em redor do Porto.

Talvez que a característica mais vincada do turismo moderno seja a do repouso, da variedade de cenários, de paisagens, de modos de ser e modos de viver.

O tipo do homem urbano de meados do século XX - e é das cidades industriais que sai grande parte dos turistas - procura esquecer algures, nos poucos dias ou