A arborização de serras e dunas consumiu este ano maior verba e as dotações das obras de hidráulica agrícola foram muito reforçadas.
Dado o que se contém no plano de fomento de 1959-1964, a verba de fomento agrícola tem tendência para aumentar e é bom que assim seja.
A rubrica das comunicações seria consideravelmente aumentada se se lhe adicionasse a despesa do Fundo Especial de Transportes Terrestres, na parte, relativa aos subsídios reembolsáveis concedidos à empresa concessionária. Esta despesa é extraordinária, mas financiada por força de receitas ordinárias.
Quando se tem em conta o leitmotiv da industrialização que parece perpassar por todo o pensamento político nacional surpreende que na prática se continuem a fazer gastos de nível baixo.
Querer realizar industrialização sem inquéritos cuidadosos dos diversos factores que nela intervêm é dissipar investimentos. E o exemplo da política seguida em matéria de produção de energia constitui um elemento de interesse a mostrar os erros que se podem cometer, com desperdício, por falta, de exeme atento, de possibilidades económicas.
Quase todas as verbas inscritas são reembolsáveis. Teoricamente deveriam ser todas.
O empréstimo de renovação e apetrechamento à marinha mercante vence juros e as primeiras parcelas estão em regime de amortização. Também subsídios reembolsáveis concedidos no passado a algumas províncias ultramarinas satisfazem juros, noutras, como na de Cabo Verde, a metrópole tem substituído a província na satisfação dos encargos dos empréstimos ou concede-os sem juro. No parecer do ultramar será este assunto visto com mais pormenor.
A verba relativa ao caminho de ferro da Beira representa financiamento daquela via ferroviária, que é administrada por delegação do Ministério das Finanças. É também reembolsável.
Finalmente, este ano avulta a comparticipação do Estado em bancos e companhias. Noutro lugar se indica a carteira do títulos do Estado, produtora de dividendos ou juros.
Liquidação das despesas extraordinárias
Estas aplicações de empréstimos são reprodutivas e de grande interesse rural e nacional.
Excessos de receitas ordinárias sobre idênticas despesas
Já o ano passado estes excessos se elevaram a cerca de um milhão e meio de contos.
A não ser que as receitas ordinárias subam bastante, os excessos devem ser menores no futuro depois da reforma dos vencimentos que entrou em vigor em 1959.
A diferença entre as receitas e despesas extraordinárias foi de 1 789 742 contos, mas, como o saldo se elevou a 57 183 contos, utilizaram-se l 732 559 contos no pagamento de despesas extraordinárias.
Foi assim possível liquidar através delas muitas despesas que, nos termos constitucionais, caberiam no financiamento por empréstimos.
A seguir indicam-se os excessos de receitas ordinárias nos últimos anos.
É longo o caminho percorrido desde 1938. A partir de 1950 as verbas atingem cifras superiores a um milhão de contos. Será de interesse manter níveis de excessos cada vez mais altos, em prejuízo de despesas ordinárias que necessitam de ser reforçadas?
Utilização dos excessos de receitas ordinárias