Não parece ter havido melhoria sensível nas condições económicas e financeiras de Gabo Verde. As receitas ordinárias diminuíram, assim como as extraordinárias, e o movimento do comércio externo foi inferior ao de 1957, tanto na importação como na exportação.

Não há elementos que permitam verificar os efeitos das obras realizadas ultimamente, e, embora seja ainda cedo para essas obras se projectarem em termos definitivos na economia da província, parece que algumas já devem ter concorrido para aliviar a crise nos abastecimentos em certos anos.

Nota-se baixa sensível, considerada a relatividade do meio, nas importações para consumo interno, e adiante se apontará onde se deu a descida.

As somas gastas até hoje em obra» de fomento, obtidas através do orçamento da metrópole sob a forma de empréstimos e subsídios reembolsáveis ou não, já atingem uma soma elevada. Procurar-se-á dar adiante ideia geral da sua utilização. No entanto, parece que o futuro da província t ambém está ligado à instalação de indústrias adequadas ao meio e algumas podem talvez ser postas em marcha em período relativamente curto, como, por exemplo, a do aproveitamento dos recursos do mar, que parece serem abundantes e susceptíveis de utilização remuneradora.

Seja como for, é indispensável investigar tão minuciosamente quanto possível todas as possibilidades de recuperação, de modo a permitir vida mais desafogada, nos seus aspectos económicos e sociais.

Comércio externo O comércio externo da província, durante o ano de 1958, assumiu a forma, seguinte, em milhares de contos:

A descida no movimento total foi bastante grande - cerca de 54 500 contos - ocorreu principalmente nas exportações, que desceram de 45 100 contos. O déficit nu balança comercial atingiu a cifra de 67 200 contos e foi superior ao dobro do do ano passado, era que se arredondou em 31 600 contos.

Parece, assim, ter havido agravamento na situação.

Os números que acabam de ser mencionados referem-se ao comércio total, incluindo as importações e exportações de óleos combustíveis no Porto Grande de S. Vicente.

A importação costuma ser volumosa e é quase integralmente usada no abastecimento de navios que procuram aquele porto. Em 1958 Cabo Verde importou 249 003 contos de óleos combustíveis e exportou 278 811 contos. Para conhecer com aproximação o comércio externo das ilhas sem influência do movimento dos portos, terá de ser excluído este do comércio total.

No quadro a seguir faz-se a discriminação:

Os números agora apresentam pior aspecto e dão para o comércio das ilhas o saldo negativo de 97 000 contos: a importação foi de 119 900 contos e a exportação não passou de 22 900 contos, ligeiramente inferior à de 1957.

Nem sempre a balança do comércio foi negativa. Cabo Verde já conseguiu equilibrar a importação com a exportação e ainda em 1953 se produziu saldo positivo. Ultimamente, porém, os deficits avolumaram-se, e o de 1958 é o maior verificado até agora.

A influência dos combustíveis na importação e exortação é muito grande. O porto de S. Vicente serve de entreposto nesta matéria e quase todo o seu movimento se deve às facilidades de abastecimento.

Nos últimos anos o movimento em toneladas, na importação e exportação, foi como segue:

Em 1958 a importação de óleos combustíveis para a navegação subiu a 249 000 contos e a exportação a 278 800 contos, com um déficit de 29 800 contos, que não tem grande significado, visto as óleos importados a mais ficarem armazenados para fornecimentos, no futuro.

Aliás, o quadro acima publicado dá ideia das variações nos stocks do porto.

3. A província apresenta deficits no comércio especial desde 1954. Nalguns anos, como no de 1958, o déficit foi muito sensível. A seguir indica-se o movimento do comércio externo nos últimos anos.