Os acontecimentos que se desenrolaram durante o ano de 1958 não foram propícios ao normal desenvolvimento de Angola.

A província fez um esforço no sentido de neutralizar, ou pelo menos de atenuar, as forças adversas que entravam a sua economia interna, mas a gradual queda nos preços dos produtos que formam a base da sua exportação não auxiliou os reforços em volume de mercadorias, acrescidas em seu benefício, mas que, apesar de tudo, ainda suavizaram o desequilíbrio no comércio externo.

A característica fundamental que nos deixa o exame dos números da produção angolana em 1958 é, sem dúvida, a do aparecimento de novas possibilidades de recuperação, que permitam o estabelecimento de indústrias e a consolidação de algumas já existentes.

Pela primeira vez figura na lista dos produtos exportados um largo volume de minérios de ferro, que, parece, ainda foi limitado por dificuldades de transporte das minas até aos portos de embarque. Em tonelagem, a indústria mineira passou deste modo a ser a primeira actividade da província, com grandes possibilidades de desenvolvimento; e, adicionando aos dos minérios de ferro os valores dos de manganês, cobre, diamantes e óleos minerais, a indústria extractiva está em caminho seguro para se transformar na primeira actividade económica do território.

Contando apenas os produtos exportados, as indústrias extractivas enviaram para o estrangeiro cerca de 236 000 t, no valor de 652 000 contos, apesar da descida na exportação de minérios de ferro-manganés, devida à baixa nas cotações e à carência nos transportes.

Começam agora a notar-se os resultados de prospecção mais sistemática. O exame estrutural das formações geológicas e os indícios já conhecidos podem deixar prever o alargamento desta indústria, que, na sua produção em 1958, conta, além dos diamantes, no total de 1 001 236 ql, uma gama de minérios que pode ser alargada e intensificada.

Toneladas

Minérios:

Mica e resíduos .................... 347

A produção de mais de 500 000 t de produtos minerais e de mais de 1 milhão de quilates de diamantes, além das reservas mineiras já conhecidas, principalmente de ferro, leva a prever um futuro de progressos acentuados nas indústrias extractivas.

A província atingiu, neste aspecto da sua vida económica, uma posição que necessita de ser ponderada e considerada no seu conjunto.

Segundo as melhores indicações, os prospectos que se apresentaram com maiores possibilidades de exploração imediata, em bases que aparentam ser remuneradoras, são a intensificação da exploração dos minérios de ferro, em especial no Cuíma, em Cassinga, na região de Malanje e em Zenza do Itombe, as duas primeiras tributárias dos portos de Lobito e Moçâmedes e as duas últimas na zona de influência de Luanda.

Não será exagero afirmar que a produção de minério de ferro nestas zonas, e, possivelmente, em outras no Sul, no Baixo Cunene, se pode elevar a volume que ultrapasse o peso de 2 milhões de toneladas.

As indústrias extractivas, até no caso de as do petróleo não terem o desenvolvimento que todos almejam, poderão atingir o primeiro lugar nas produções, apesar o baixo valor unitário dos minérios de ferro. Se, além disso, se considerarem as possibilidades oferecidas pelos vastos depósitos de grés betuminoso, calcários asfálticos e libolites, com as grandes vantagens de poderem produzir coque útil para a fusão de minérios, não se poderão pôr de parte possibilidades de uma indústria siderúrgica remuneradora, com a utilização da energia obtida das quedas do Cuanza. As perspectivas da produção de energia neste rio, que no estudo preliminar feito no apêndice ao parecer das contas de 1954 se computaram em 7 biliões de unidades, estão hoje consideràvelmente ultrapassadas com o melhor conhecimento do seu regime hidrológico e estudos de pormenor nos perfis transversais e longitudinais do rio e de seus afluentes, não sendo exagero computar a produção energética na bacia hidrográfica do rio em valores superiores a 15 biliões de unidades. Em grande parte, e em especial a que pode ser produzida no próprio Cuanza , no troço de 100 km a montante do Doudo, o preço de custo da energia é de (...)