Ora são estes os produtos de relevo de maior preço unitário, e não parece fácil reduzir o seu consumo, dado o estado de desenvolvimento da província.

Olhando os outros produtos importados, não parece fácil ajustar uma redução apreciável nas importações, mormente se for considerado o alto valor específico de algumas. Até no caso de se desenvolver a manufactura de tecidos a influência não seria de molde a perturbar apreciavelmente a natural evolução do comércio externo da província neste aspecto.

Podem, contudo, estabelecer-se indústrias e algumas já estão em vias de instalação, no sentido de reduzir a importação de manufacturas diversas que poderiam aliviar apreciavelmente o peso deste capítulo, que se elevou em 1958, como se viu, a 777 000 contos. O aumento de 209 500 t na exportação é um sintoma agradável das possibilidades de Angola. E não se pode dizer terem sido excepcionalmente boas as condições de produção agrícola no ano de 1958, nem o facto de ter aumentado muito a produção de minérios de ferro e a exportação de milho invalida a realidade de um aumento substancial no produto exportado.

A província está procurando melhorar a sua posição e ainda são de esperar progressos nos anos próximos.

No último quinquénio, as exportações em peso e valor foram como segue:

Observa-se a ascensão no peso todos os anos, a partir de 1955, que foi muito acentuada em 1958.

Infelizmente o preço unitário das matérias-primas tem vindo a reduzir-se, e assim os valores não acompanham, como seria necessário, o volume.

Entre 1954 e 1958 a redução no preço unitário foi cerca de 2000 angolares, o que é muito num valor que desceu de 6000 angolares para pouco mais de 4000.

Os minérios têm concorrido bastante para o aumento da tonelagem. Eles aparecem pela primeira vez em volume apreciável em 1957, com 92 674 t, que logo subiu para 222 982 t no ano seguinte.

Talvez se tenha melhor ideia da evolução de algumas das exportações em peso com as cifras seguintes, em militares de toneladas: O que surpreende nalguns números da exportação é a sua irregularidade. Fazem notável excepção os relativos ao café e sisal, que parece dependerem apenas das condições climáticas.

No primeiro destes produtos o aumento tem sido quase contínuo. Houve o surto excepcional de 1956, proveniente de boas colheitas, mas nos seis anos examinados pode dizer-se que se acentuou o progresso ascensional, que deverá continuar com as novas plantações, que entrarão em produção nos anos próximos.

No sisal, que tem lutado com a depressão de preços e dificuldades na exploração, o progresso, apesar de vicissitudes várias, também se tem acentuado, culminando com a exportação máxima em 1958, em que se atingiu a cifra das 52 000 t. Aliás, presume-se que a cultura deste produto deverá sofrer grandes modificações na próxima década.

Outro tanto já não acontece com o açúcar e o algodão. No primeiro caso, embora a província tenha antigas tradições na cultura da cana, notam-se oscil ações sérias. Em 1958, a exportação de 34 000 t é insuficiente e não condiz com as vastas possibilidades de Angola.

No caso da fibra algodoeira, as produções mantém-se baixas, ainda longe das possibilidades, sem grande influência na economia da província. Com efeito, as últimas têm andado à, roda de 5000 t a 6000 t de algodão em rama, com valores que nos anos considerados no quadro, só em 1957 ultrapassaram os 100 000 contos.

Parece haver, tanto em Angola como em Moçambique, qualquer areia na engrenagem da produção algodoeira, porque, segundo indicações, há nas duas províncias áreas propícias a melhores valores unitários e em mais larga escala do que actualmente. Tudo indica que a zona do escudo pode dispensar a importação de algodão, com uma ou outra falha nos tipos de fibra longa. Ponto é organizar convenientemente a sua cultura.

Seria vantajoso estudar de novo o regime em vigor, a fim de se lhe introduzirem as modificações que forem julgadas necessárias para a obtenção de maiores produções. A safra nos minérios de ferro acentuou-se muito em 1958. A produção nos últimos dois anos foi de 393 000 t, repartidas por 106 000 t em 1957 e 287 000 t em 1958.

Prospecções e reconhecimentos têm revelado jazigos importantes nas diversas regiões de Angola. Por agora já são conhecidos em certa extensão alguns depósitos na região do Cuíma, não longe de Nova Lisboa, a 60 km do caminho de ferro de Benguela, em Cassinga, na zona do caminho de ferro do Moçâmedes, no planalto de Malanje, donde se exportaram por Luanda cerca de 80 000 t. e, finalmente, perto de Zenza do Itombe, não longe do caminho de ferro de Luanda, que poderá produzir para exportação, ou até para siderurgia, grandes quantidades de minérios de ferro. A zona do Zenza pode ser de grande interesse no futuro, dada a existência de formações betuminosas e asfálticas. já referidas neste e em outros pareceres, e as proximidades do Cuanza - grande produtor de energia e de (...)