Não melhoraram as condições económico-financeiras em que vive a província de Macau desde a publicação do último parecer. Elas continuam a ser caracterizadas por grande desequilíbrio da balança do comércio, que atingiu em 1958 cerca de 339 686 000 patacas. Embora este déficit fosse inferior ao de 1957, ele vem na linha de uma série que se acentuou nos últimos anos.

Macau é uma cidade essencialmente mercantil, com actividades dependentes do país vizinho em muitos dos seus aspectos. Restrições internacionais têm impedido o livre câmbio com a China, e as relações comerciais com este país tornaram-se mais frouxas.

A gravidade deste facto pode projectar-se no futuro. Além de ocasionar no presente momento dificuldades financeiras, pela sua influência na balança de pagamentos, pode provocar desvios nas correntes comerciais.

Têm-se feito esforços no sentido de melhorar a produção interna, que é baixa, e talvez pudesse ser aumentada, como foi, depois da guerra, no território vizinho de Hong-Kong. Mas as diligências realizadas em Macau neste sentido, embora meritórias, não alcançaram os objectivos desejados, talvez por efeito do tipo de vida económica que aqui prevalece há muitos anos.

As produções de Macau em 1958, com valores acima de l milhão de patacas, são poucas, predominando os artigos de vestuário, panchões, estampagens e tinturarias, pivetes, insecticidas, cigarros, vinho chinês, artigos de esmalte, fósforos e pouco mais. Ao tudo, a produção das principais indústrias não atingiu 29 milhões de patacas em 1958.

Quase todas estas produções são exportadas. A sua manufactura requer, porém, grandes importações.

Macau também serve de entreposto, embora em muito menor escala do que anteriormente, de artigos provenientes da China ou em trânsito para este país; haveria possibilidade de melhorar consideràvelmente o seu comércio com este país, em especial o comércio de metais nobres, se fosse encontrada solução satisfatória às circunstâncias actuais.

Balança do comércio A seguir publica-se um pequeno quadro que dá os números aproximados do comércio externo nos anos que decorreram desde 1950:

Os três anos em que mais se agravou o déficit foram os de 1955, 1956 e 1957. A crise que então se processou, atalhada um pouco com auxílios da metrópole, ainda não foi neutralizada, apesar da diminuição do déficit comercial neste ano e de ter sido possível equilibrar as receitas com as despesas. Ela só será atenuada depois de abolidas as restrições que pesam sobro os contratos de natureza comerciai com o país vizinho.

O comércio de Macau é feito na importação, por cerca de 98 por conto, com Hong-Kong (53,2 por cento) e a China (45,1 por cento). A província importa pequena quantidade do mercadorias de outras proveniências. A metrópole figura apenas com 1,1 por cento.

A seguir indicam-se as importações e exportações por territórios:

Como se nota, os dois principais fornecedores são Hong-Kong e a China, que também recebem grande parte das exportações. A China, contudo, aparece com menos de l 900 000 patacas nestas últimas.

As duas províncias de Angola e Moçambique, intensificaram as suas compras em Macau, a primeira com 5 418 344 patacas e a segunda com 8 421 816 patacas. O comércio exportador de Macau beneficiou destas compras das duas grandes províncias de África. Certo número de produtos pesam muito na importação e não há certamente possibilidades de reduzir alguns, como as substâncias alimentícias.

Entre as importações destacam-se o arroz (15 695 426 patacas), tecidos diversos (10 060 000 patacas), aves domésticas (9 539 721 patacas), medicamentos (5 908 911 patacas), madeira (5 485 751 patacas), além de papel, ovos, tabaco preparado, gado suíno, frutas, farinha, hortaliças, lenha, óleo de amendoim e outras.