Foi muito baixo o saldo positivo das contas da província de Timor, o mais baixo nos últimos dez anos. A causa aparente na diminuição do saldo, que se arredondou apenas em 1022 contos, está na insuficiência das cobranças em relação às estimativas.

Esta diferença excede um pouco 300 000 patacas.

Embora haja explicação para tal facto - como a de serem sido optimistas certas estimativas -, a razão fundamental reside nas insuficiências derivadas de produções que não atingem o nível indispensável à cobrança, das receitas necessárias para liquidar despesas em progressão crescente.

Este problema de melhores e mais largas produções, já tratado em pareceres anteriores, é um dos mais prementes na economia da província.

A sua balança de pagamentos, equilibrada pela remessa de subsídios reembolsáveis da metrópole, precisa do ser reforçada com maior produto originado no província, e esse maior produto só pode derivar, nas actuais circunstâncias, de melhoria, acentuad a na exportação.

Tudo indica que Timor tem probabilidades de maiores produções, de natureza agrícola e industrial. As indústrias quase não existem, e, para. pôr algumas em movimento, será indispensável desviar uma parte da população agrícola para esse fim.

Julga-se que cerca de 95 por cento da população timorense vive da agricultura, o que é percentagem demasiadamente, alta. O estudo das possibilidades de indústrias, a preparação do pessoal que as há-de movimentar, o exame das probabilidades dos mercados vizinhos, a escolha do tipo de indústria e da sua dimensão, são outros tantos problemas que conviria ir analisando, com mira a melhores condições num próximo futuro.

Comércio externo O déficit da balança do comércio manteve-se. Atingiu 4 104 000 patacas.

O agravamento do saldo negativo, em cerca de 566 000 patacas, proveio integralmente do grande acréscimo nas importações, que atingiram o máximo registado até hoje, ou 12 439 000 patacas. Se não fora o surto muito apreciável nas exportações, que se elevaram a 8 335 000 patacas, mais 2 115 000 do que no ano anterior, o deficit da balança do comércio alcançaria cifras muito grandes, incomportáveis pela economia provincial.

Dadas as condições de resistência, expressas nos números da exportação, e os anseios da província para melhores níveis de vida, que decorrem do aumento nas importações, parece haver possibilidades de estabelecer planos no sentido de elevar a produtividade agrícola, enquanto não se produzirem os efeitos do estabelecimento de algumas indústrias que, ao menos, supram estas necessidades internas. A balança comercial nos últimos anos tomou a forma que segue.

(a) Não inclui a reexportação.

O agravamento do déficit depois das melhorias em 1956 e 1957 não deve ser motivo para desânimos, dado que em 1958 desceram as cotações de alguns produtos que pesam na actividade económica da província.

Um outro factor do equilíbrio, que circunstâncias políticas alienaram, ou pelo menos neutralizaram - o da forte percentagem de reexportações de zonas próximas -, pode bem tornar a influir na balança do comércio, na medida em que se forem apaziguando os entusiasmos nacionalistas que têm percorrido toda a Ásia na última década.

Uma economia interna sã será motivo para aproveitar o retorno de mais intensivas trocas com países vizinhos e assegurará vida mais suave e próspera à província.

Os saldos positivos da balança do comércio durante alguns anos provinham justamente, e em parte, das reexportações feitas através de Díli, que se evidenciam claramente nos números que seguem.