tudo, impossível que nos consigamos libertar das suas consequências.

Perante o que se tem passado, restar-nos-iam três soluções: aderir ao Mercado Comum, entrar para a zona de comércio livre ou ficar isolado por mais ou menos tempo.

A referência, às características do nosso comércio externo será útil não só paro ajudar a descortinar o que melhor nus convém, mas, principalmente, para tomar consciência da nossa força de negociação.

Este assunto foi tratado com exaustão no relatório que precedeu a proposta da Lei de Meios para 1958. Limitamo-nos a repetir aqui algumas ideias gerais.

É notória a nossa dependência relativamente aos mercados estrangeiros.

As importações portuguesas concentram-se em países da Europa, revelando a sua natureza que é pouco possível comprimi-la. Estes mesmos países da Europa são os nossos principais compradores.

A estrutura das exportações portuguesas indica que os nossos produtos têm pouca diversificação, possuem baixo grau d e essencialidade, acusam o peso do sector primário, incorporam um valor diminuto de trabalho e dispersam-se por enorme variedade de tipos.

Embora a conquista de novos mercados para a exportação nacional, nomeadamente o americano, constitua, uma solução desejável, não isenta de dificuldades e riscos, a verdade é que, num critério realista, não poderemos esquecer que, em larga medida, continuaremos ligados à Europa.

Das estatísticas do comércio europeu, encarado globalmente ou em relação a cada um dos países, conclui-se, ainda assim, a insignificância da nossa presença, quer como abastecedores, quer como consumidores.

Tudo leva, em suma, a concluir que a nossa força de negociação no seio das associações económicas dos países europeus é fraca, não nos permitindo uma posição imprescindível ao sucesso da integração económica.

Esta fraqueza surge, porém, acompanhada de duas circunstâncias; que importa salientar: um grande mercado é um somatório de pequenos merca tratual, que atrás assinalámos, o exemplo do insucesso das diligências individuais empreendidas por outros países relativamente a uma entrada no Merendo Comum, as dificuldades de processo que tornaram inviável a extensão do Mercado Comum aos restantes membros da O. E. C. E., autorizam a formular tal conclusão. Por outro lado, a posição favorável que alcançámos na E. F. T. A. não será ultrapassada, segundo cremos, por qualquer dos "esquecidos" que venha a aderir. Convém salientar as vantagens teóricas que resultam de ser membro fundador de uma associação. O caso português evidencia compensações reais resultantes de orientações que a nossa, presença, desde a primeira hora, ajudou a decidir.

O juízo sobre as vantagens de adesão ao Mercado Comum ou de opção pela Associação de Comércio Livre sairá mais ilustrado com a análise de alguns números. É o que passamos a fazer, baseando-nos em elementos, gentilmente cedidos por intermédio da Comissão de Coordenação Económica. < p> A percentagem de comércio com os Sete e com os Seis, relativamente ao total do comércio português com o estrangeiro (1957-1958), é a seguinte:

Percentagem

O desequilíbrio da balança comercial com os Seis foi de 3 429 000 contos, e com os Sete de l 429 000 contos, sendo o coeficiente de cobertura das importações pelas exportações com os Seis de 36,1 por cento e com os Sete de 52,1 por cento.

A seguir indicamos essa discriminação das percentagens, por países, relativamente às importações e às exportações:

Percentagens

Se tivermos em conta os principais produtos da exportação portuguesa, concluiremos que as importâncias relativas às vendas para os mercados dos Seis e dos Sete nos permitem considerar as seguintes percenta-