acima de tudo, não podemos perder o imenso esforço realizado, não podemos voltar a ter más estradas, o que seria negarmo-nos a nós próprios.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Ao Sr. Ministro das Obras Públicas, incansável trabalhador que se desdobra em notável esforço através das múltiplas e ciclópicas atribuições do seu operoso Ministério, as minhas respeitosas saudações.

Mas porque de verba se trata, a solução só pode vir de S. Exa. o Sr. Ministro das Finanças, embora, pela grandeza e excepcional importância do assunto, tocando fundo a economia da Nação, seja em verdade um problema do Governo.

Tenho já muitas vezes chamado aqui a atenção do Governo para este assunto: ainda no princípio desta sessão afirmei aqui nesta tribuna: «Deus permita que outro Inverno rigoroso não venha confirmar amargamente, com clamorosa evidência, as afirmações deste velho Deputado, que nunca hesitou em cumprir o seu dever».

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Muito bem!

O Orador: - O Inverno foi dos mais rigorosos que temos tido ultimamente e as consequências estão à vista.

Não faço mais que interpretar o sentimento de toda a Nação.

É indispensável, mas absolutamente indispensável, dólar convenientemente a Junta Autónoma de Estradas, para que se não percam calamitosamente as nossas estradas.

Se a minha fraca voz não conseguiu até aqui fazer-se ouvir, ela é agora o eco de um clamor geral, e este tenho a certeza de que o nosso Governo a ouvirá.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Cerveira Pinto: - Sr. Presidente: regueiro a generalização do debate.

O Sr. Presidente: - Concedo a generalização do debate.

O Sr. Cerveira Pinto: - Peço a palavra!

O Sr. Presidente: - V. Exa. deseja inscrever-se para falar deste assunto?

O Sr. Cerveira Pinto: - Exactamente, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem V. Exa. a palavra.

O Sr. Cerveira Pinto: - Sr. Presidente: todos os que aqui nos encontramos estamos bem lembrados (uns porque são desse tempo e outros porque leram ou ouviram dizer) do estado miserável em que se achavam as estradas deste país antes da Revolução Nacional do 28 de Maio.

De entre tantos escândalos e desmandos da demagogia imperante foi o lamentável estado das vias de comunicação, que de estradas apenas tinham o nome, um dos factores que não contribuíram para o completo descrédito e consequente queda do regime que então desgovernava o País.

E todos nos lembramos também de que, não obstante as hesitações iniciais próprias de um regime incipiente que procura o seu próprio rumo, o primeiro grande crédito conquistado pela situação política saída do 28 de Maio e que tão fundo tocou a alma da Nação consistiu precisamente em ter atacado e resolvido, por forma brilhante para a época, o problema rodoviário nacional.

Dentro de pouco tempo a situação política podia afirmar, com orgulho, que dos chavascais herdados havia feito estradas excelentes.

Rodaram os tempos e com eles surgiu e desenvolveu-se e realizou-se uma obra de valorização económica do País como outra maior não existiu em qualquer período anterior da história pátria.

O Sr. Melo Machado: - Muito bem!

O Orador: - E tudo se fez e está a fazer sem o dinheiro das corporações religiosas, sem técnicos estrangeiros, sem recurso ao crédito externo e até sem incomportáveis cargas fiscais.

A obra prodigiosa que se realizou continua e não conhecerá fim, porque as necessidades humanas, que é necessário satisfazer, se multiplicam constantemente, é devida apenas à política clarividente implantada neste país por quem sempre soube e sabe o que quer e para onde vai.

Vozes: - Muito bem!

percurso entre as duas maiores cidades do País.

É forçoso confessar que ainda há troços, geralmente pequenos, de estradas magníficas. São as excepções.

Há distritos cujas rodovias ainda podem merecer a qualificação de boas estradas; mas em alguns outros elas não apresentam um mínimo, digamos, de decência.

O que se passa, por exemplo, com as estradas do norte são distrito de Viseu é simplesmente vergonhoso.

É este o qualificativo exacto.

O Sr. José Sarmento: - Confirmo plenamente as palavras de V. Exa., porque conheço bem essas estradas; algumas nunca estiveram pior.

O Orador: - Ainda nas férias do Natal parei uns minutos em Castro Daire e, em conversa com uns amigos, disse-lhes que ia a Viseu; mas fui logo prevenido de que me não metesse em tal, porque corria o risco de ficar bloqueado pela lama, da qual me não safaria facilmente.

Se queria ir a Viseu, fosse dar a volta por S. Pedro do Sul, por uma estrada péssima, aliás, mas que, ainda assim, é muito melhor do que a outra.