encaminhe o sector agrícola, tidas as suas naturais limitações, no rumo de uma intensificação, não só em termos físicos, mas também para a obtenção de produções mais valiosas - isto é, de maior produto por unidade de superfície. A publicação na Estatística Agrícola dos quadros respeitantes à origem e formação do produto bruto agrícola torna possível evidenciar uma situação estrutural acentuadamente desvantajosa para o sector da

agricultura e uma evolução particularmente desfavorável nos últimos anos, mormente quando comparada com o crescimento notado nos outros sectores da economia nacional.

A partir dos quadros constantes dos volumes de Estatística Agrícola de 1957 e 1958 e dos dados provisórios fornecidos directamente pelo Instituto-Nacional de Estatística relativos a 1959 elaboraram-se os mapas n.ºs 7 e 8, que se publicam em anexo, e o quadro V, que a seguir se reproduz.

Produto nacional bruto ao custo dos factores Comparação de médias quadrienais

A preços correntes

A preços constantes de 1954

30. A análise do quadro acima mostra que no período dos últimos quatro anos (1956-1959) o produto bruto agrícola (originado na agricultura, pecuária, silvicultura e caça), calculado a preços constantes de 1954, teve apenas o aumento médio de 1,9 por cento em relação ao quadriénio anterior (1952-1955).

Este aumento, já de si reduzido em termos absolutos é, no entanto, marcadamente desfavorável se for comparado com o incremento obtido pelo produto nacional bruto, também a preços de 1954, o qual entre os dois períodos foi de 14 por cento.

Conclui-se, assim, que aquele incremento do produto agrícola bruto corresponde à taxa média anual de 0,5 por cento, sendo mesmo inferior ao verificado entre o período imediatamente anterior à guerra e o dos primeiros anos que se seguiram a 1950, o que leva a crer que se deva ter agravado o desequilíbrio que já antes se notava entre o produto agrícola e o originado nas restantes actividades quanto aos respectivos acréscimos médios.

A reduzida taxa de crescimento do produto agrícola veio, pois, como era óbvio, traduzir-se na diminuição da sua participação no produto nacional, passando a mesma de 27,9 por cento no período de 1952-1955 para apenas 24,9 por cento no período de 1956-1959. Mas, se do produto agrícola se excluir a silvicultura - actividade que tem conhecido um desenvolvimento apreciável-, a situação mostra-se ainda mais desfavorável, pois o incremento médio anual do rendimento

da agricultura e pecuária entre os dois períodos teria sido apenas de 0,4 por cento, enquanto que a participação relativa do produto gerado nestes dois sectores, no total do produto nacional bruto ao custo dos factores, ter-se-ia reduzido de 23,3 para 20,8 por cento relativamente às mesmas duas épocas.

Se se tomarem, os números a preços correntes, em vez de a preços constantes de 1954 - o que, tratando-se de produto agrícola, pode ter a sua justificação-, o panorama melhora naturalmente. Neste caso, a um incremento médio anual do produto nacional bruto de 4,6 por cento entre os dois períodos considerados terá correspondido um acréscimo médio anual do produto agrícola de 2,5 por cento (e seria também menos acentuada a queda relativa deste produto no produto nacional bruto).

A explicação destes factos parece dever residir na quase total estabilização das quantidades físicas produzidas pelo sector agrícola durante todo o período decorrido, isto é, desde 1952 a 1959.

Também não se registou qualquer alteração sensível na, quota-parte que os produtos de origem animal ocupam na composição do produto agrícola, a qual se manteve em cerca de 27 por cento da produção agro-pecuária. Pôde apenas verificar-se que o preço médio global dos produtos animais beneficiou de um aumento superior ao registado nos produtos vegetais, e daqui a razão por que, a preços correntes, os produtos animais subiram a sua participação de 24,4 por cento em 1952-1955 para 27,4 por cento em 1956-1959.