Conforme se verifica, em 1950 registaram-se aumentos substanciais nos óleos combustíveis fornecidos à navegação e no café, principalmente. Todavia, outros aumentos, embora menores, se produziram também dignos de registo: nas exportações de conservas de peixe (+ 528 contos), couros e peles (+ 158 contos), batatas (+24 contos) e bananas (+ 106 contos).

Houve, em contrapartida, quebra na exportação do purgueira (-751 contos), no cloreto de sódio (-14 coutos) e no rícino (-.10 contos).

Como se vê, o quantitativo exportado de bananas aumenta de ano para ano, apresentando-se progressiva e florescente a sua cultura nas ilhas de S. Vicente e Santo Antão, muito embora as dificuldades de comunicações levantem sérios problemas ao seu escoamento para a metrópole.

Este incremento da sua cultura está, todavia, sendo derivado de causas que, como dissemos já no nosso relatório referente às contas de gerência e exercício de 1958, interessam referir por envolverem outros produtos ainda não cultivados na província, mas susceptíveis de o serem em larga escala, vindo assim a contribuir de uma maneira apreciável para o equilíbrio da balança comercial da província.

Em 1956, isto é, há três anos, portanto, duas empresas da ilha da Madeira foram à de Santo António comprar bananas, tendo então os seus técnicos assegurado espontaneamente que esta última ilha dispunha de enormes possibilidades para a fruticultura, pela aptidão do seu solo e do clima do arquipélago, o que levou à sugestão da criação de um organismo local de crédito agrícola a largo prazo, com recursos fornecidos pelo Estado, e à construção de um frigorífico, a fim de desenvolver não só a cultura da banana como também e de outros frutos tropicais de fácil colocação nos mercados metropolitanos e europeus, tais como abacates, anonas, ananases e citrinas.

A cultura da purgueira concentra-se, por sua, vez, nas ilhas de Sotavento, e nas de Barlavento apenas a ilha da Boa Vista produz alguma exportável, na sua maioria em terrenos do Governo, onde todos a podem apanhar.

Pelas quantidades usualmente exportadas e pelo relativo desenvolvimento das respectivas cultura e indústria, cabe aqui citarmos também o café e o sal, respectivamente, embora em 1959 tenha diminuído um pouco a exportação deste último produto, como se viu.

Todavia, esta regressão não merece grande reparo, pois nem é avultada nem corresponde a qualquer fenómeno extraordinário: foi simplesmente devida a circunstâncias ocasionais.

No entanto, não se pode deixar de frisar que o sal, que teve outrora uma grande preponderância nu economia da ilha do mesmo nome, e consequentemente na da província, vê os seus mercados começarem a diminuir em virtude da concorrência.

Actualmente, isto é, em 1959, os principais compradores deste produto de Cabo Verde são a antiga África Equatorial Francesa e o Congo Belga. Porém, é de temer a perda desses mercados, em virtude do já se produzir sal em muitos pontos de África, nomeadamente em Angola.

Como complemento dos quadros atrás, eis seguidamente um outro resumindo a balança comercial da província em cada uni dos anos do biénio de 1958-1959 e segundo as chamadas zonas estatísticas de intercâmbio:

(a) Inclui os fornecimentos à navegação

Dele se constata que tanto na importação como na exportação continuam os territórios estrangeiros a marcar uma superior posição, posição essa que, na sua maior parte, é marcada pelos fornecimentos à navegação não portuguesa, que em grande número faz escala principalmente no Porto Grande de S. Vicente.

Apraz, no entanto, notar que de ano para ano, embora pouco, se vai activando o intercâmbio comercial entre Cabo Verde e os restantes territórios portugueses, incluindo a metrópole.

E, a terminar, deveremos acrescentar que um produto há que, quando for devidamente regulamentada e organizada e sua produção em escala industrial, com um apetrechamento conveniente das fábricas e adequada fiscalização, bem poderá, pelas suas altas qualidades, vir a conquistar faina mundial, com a consequente exportação compensadora: trata-se da cana sacarina.

Realmente, segundo estudos ultimamente feitos, a cana sacarina poderia ser cultivada em larga escala, a fim de dela se extraírem os produtos seus derivados, tais como açúcar, aguardente., etc.. o que, como dissemos, viria a ter uma grande importância na economia, da província, pois está mais que provado que a aguardente de Cabo Verde, quando bem preparada, é justamente apreciada no estrangeiro, ombreando até, no dizer dos mesmos, com o famoso rum da Jamaica.