A posição balança comercial apresenta, pois, um mal que deverá ser debelado, principalmente, pelo aumento de produção, não só para consumo interno como também para os mercados externos, designadamente para a Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Inglaterra, que, como adiante só verá, vendem à província mercadorias em elevadíssima cifra quando comparada com a dos produtos que nos compram.

É interessante o quadro que segue, pois nos elucida sobre a participação que no valor das mercadorias importadas e exportadas tiveram a metrópole, as outras províncias ultramarinas e o estrangeiro:

e este outro, que nos mostra a distribuição que houve dos saldos pelos diversos territórios fornecedores e compradores, dando-nos assim a posição da balança de mentos nos últimos quatro anos:

A percentagem diz aqui respeito às exportações sobre as importações. Existe, pois, um deficit e verifica-se que nos valores da sua balança comercial a província tem grande e árduo caminho a percorrer e não poderá presentemente, e por isso mesmo, alhear-se dessa sua importante necessidade.

A curva deficitária da balança comercial melhorou em 1957 com relação a 1956, mas, como se vê, veio a agravar-se em 1958 e mais ainda em 1959. (De notar, no entanto, a positividade do saldo havido em 1959 no intercâmbio comercial com a metrópole).

Há, pois, que reduzir a importação de artigos considerados sumptuários, porque dos outros não será muito aconselhável tal prática, pois visam o apetrechamento da província, quer na parte agrícola, quer na industrial; há que incentivar a produção de géneros alimentícios, o que, aliás, não deverá ser difícil, considerada a riqueza da província um espaço e condições climatéricas.

O incremento da produção exportável deverá estar na primeira linha de pensamento e constituir constante e dominante preocupação, pois de contrário cremos que a província terá, num dia não muito distante, de sofrer pesadamente as consequências de desequilíbrio da sua balança comercial, tanto mais que tal desequilíbrio já começa a ter reflexo na balança de pagamentos, onde, como se vê, o equilíbrio deixou de notar-se.

É certo que o desequilíbrio da balança comercial, acrescido dos capitais que a diversos títulos saem da província durante o ano, tem sido compensado nos últimos anos na balança de pagamentos pelas receitas de emigração e dos transportes, pelo turismo e pelos novos capitais que procuram fixar-se em Moçambique, mas não menos certo é que tal desequilíbrio começa já, como se disse, a reflectir-se prejudicialmente na balança de pagamentos.

Todavia, as outras de fomento já realizadas na 1.ª fase do Plano de Fomento e as que foram previstas para a 2.ª fase, designadamente a construção de portos e aeródromo s, o aumento de quilometragem das vias férreas e linhas de camionagem, atravessando regiões férteis que poderão produzir muitos dos produtos que a província presentemente importa, e que, dando aos territórios estrangeiros confinantes um maior poder de escoamento do excesso da respectiva produção e uma maior economia nas suas importações através dos nossos portos, incentivam a fixação da colonização europeia e apuramento das técnicas de produção em resultado da assistência- prestada, sobretudo aos nativos, e ainda os empreendimentos de iniciativa particular, tais como a formação de novos estabelecimentos fabris e industriais e melhoramentos de ampliações dos existentes, certamente muito virão a contribuir para o aumento da produção de bens de consumo e de exportação e melhoria do seu valor intrínseco, fazendo esperar uma melhoria da balança comercial e o consequente regresso da balança de pagamentos a uma posição de equilíbrio.

Seguem-se dois quadros que permitem uma análise, segundo as classes da pauta aduaneira, do movimento das importações e exportações da província, e consequente apreciação, sob outro aspecto, das tendências do comércio externo, uma vez, que os referidos quadros, além das mercadorias propriamente, ditas, incluem também ouro em barra, prata amoedada, notas bancárias; e valores selados.